No calor do imbróglio jurídico que quase culminou em sua
soltura no último domingo (8), o ex-presidente Lula viu o nível de apoio à sua
candidatura atingir o maior patamar em um mês. Segundo pesquisa feita
pelo Ipespe entre 9 e 11 de julho, o líder petista tem 30% das intenções
de voto na única simulação de primeiro turno que considera sua candidatura,
alta de 2 pontos percentuais em relação ao levantamento da semana anterior
SÃO PAULO - No calor do imbróglio jurídico que quase culminou
em sua soltura no último domingo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva viu
o nível de apoio à sua candidatura atingir o maior patamar em um mês. Segundo
pesquisa feita pelo Ipespe (Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e
Econômicas) entre 9 e 11 de julho, a oitava por encomenda da XP Investimentos,
o líder petista tem 30% das intenções de voto na única simulação de primeiro
turno que considera sua candidatura. Condenado em segunda instância pelos
crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro e preso há mais de três
meses, Lula corre risco de ver sua candidatura barrada pela Lei da Ficha Limpa.
O desempenho de
Lula representa uma oscilação positiva de 2 pontos percentuais em relação ao levantamento
da semana anterior, dentro da margem de erro máxima de 3,2 pontos percentuais
para cima ou para baixo da pesquisa. Foi a terceira vez que Lula atingiu 30%,
sua máxima na série XP/Ipespe, iniciada em maio. Logo atrás neste cenário,
aparece o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL), com 20% das intenções de voto,
mesmo patamar da semana anterior. A ex-senadora Marina Silva (Rede) tem
10%, ao passo que os ex-governadores de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e do
Ceará, Ciro Gomes (PDT), aparecem com 7% cada. Brancos, nulos e indecisos somam
15%.
Como o
movimento de Lula se deu dentro da margem de erro, é necessário monitorar o
desempenho do petista nas próximas pesquisas para saber se, de fato, ele
cresceu. Mesmo que sua candidatura seja avaliada como improvável no meio
político, o desempenho do ex-presidente pode ser importante indicativo de seu
poder de transferência de votos na disputa.
Bolsonaro
lidera em todos os demais cenários de primeiro turno testados, com vantagem
entre 9 e 10 pontos percentuais em relação ao segundo colocado. Com os
resultados, se a eleição fosse hoje, não seria possível cravar quem seria seu
adversário. No cenário mais indefinido e que possivelmente melhor projeta
a largada da corrida presidencial, quatro candidatos aparecem tecnicamente
empatados: Marina Silva, Ciro Gomes, Geraldo Alckmin e Fernando Haddad (PT),
mediante apoio de Lula. O ex-prefeito de São Paulo salta do patamar de 2% das
intenções de voto para 12% com a simples inclusão da informação de que seria o
nome apoiado por Lula, em um exercício que testa o poder de transferência de
votos do ex-presidente. O desempenho mostra uma oscilação de 1 ponto percentual
para cima em relação à semana anterior. Outras oscilações apresentadas estão
dentro da margem de erro quando comparadas aos resultados das últimas quatro
semanas.
Nas
simulações sem Lula, o grupo dos "não voto" chega ao patamar de 35%.
Tal desempenho reforça o grau de indefinição desta eleição a menos de três
meses do primeiro turno. A pesquisa XP/Ipespe também mostrou que, na última
eleição presidencial, quando o cenário era bem menos nebuloso do lado das
candidaturas apresentadas, 51% dos entrevistados definiram voto para presidente
após o início do período de campanhas no rádio e na televisão. Somente 39% dos
eleitores dizem ter escolhido candidato antes desta etapa. As expectativas são
de que o comportamento se repita neste pleito, o que tende a indicar maiores
flutuações nos próximos meses.
Corrobora
com tal avaliação o fato de, na pesquisa espontânea, quando não são
apresentados nomes de candidatos aos entrevistados, brancos, nulos e indecisos
somarem 64% do eleitorado. Neste cenário, Bolsonaro aparece com 15% das
intenções de voto, tecnicamente empatado com Lula, que tem 13%. Ciro Gomes e
Geraldo Alckmin figuram com 2% cada, ao passo que outros candidatos não superam
o patamar de 1%.
Para
ter acesso à estratificação dos votos dos principais candidatos em cada um dos
cenários testados, clique aqui.
Segundo turno
Como
nas edições anteriores da pesquisa, foram testadas seis situações de segundo
turno. Em eventual disputa entre Alckmin e Haddad, o tucano venceria por 30% a
20%, com 44% de brancos, nulos e indecisos. Na terceira semana de maio, eles
chegaram a aparecer tecnicamente empatados, mas a diferença começou a crescer
nos levantamentos seguintes.
Em uma
simulação de disputa entre Lula e Bolsonaro, o petista agora aparece à frente,
por 40% a 33%, acima do limite máximo de margem de erro, e com 27% de
brancos, nulos e indecisos. Uma semana atrás, a vantagem era de 6 pontos, o que
configurava empate técnico. No início da série histórica, o deputado aparecia 2
pontos à frente, também em situação de empate técnico.
Caso
Bolsonaro e Alckmin se enfrentassem, a situação seria de empate técnico, com o
deputado numericamente à frente por placar de 34% a 32%. Brancos, nulos e
indecisos somam 35%. O resultado é o mesmo de uma semana atrás. A diferença
entre os candidatos chegou a ser de 7 pontos percentuais na quarta semana de
maio. Em nenhum momento até aqui o tucano liderou a disputa.
Em
eventual disputa entre Marina Silva e Bolsonaro, o cenário também é de empate
técnico, com a ex-senadora numericamente à frente por 37% a 33%. Brancos, nulos
e indecisos somam 29%. O deputado esteve numericamente à frente nos dois
primeiros levantamentos da série, realizados na terceira e quarta semanas de
maio, quando a diferença chegou a ser de 6 pontos percentuais a favor do
parlamentar, também dentro do limite da soma das margens de erro de ambos os
candidatos.
Empate
técnico também é observado na simulação de disputa entre Alckmin e Ciro, com o
tucano numericamente à frente por 32% a 30%, mesma diferença registrada uma
semana antes. Brancos, nulos e indecisos somam 38%. Na última semana de junho,
os dois apareciam com 32% das intenções de voto cada.
Caso
Bolsonaro e Ciro se enfrentassem, o cenário também seria de empate técnico
(como nas últimas cinco semanas), com o parlamentar numericamente à frente, com
33% das intenções de voto contra 31%. Brancos, nulos e indecisos somam 36%. Nos
dois primeiros levantamentos, o deputado vencia a disputa com diferença
superior à soma da margem de erro dos candidatos.
Rejeição aos candidatos
A
pesquisa também perguntou aos entrevistados sobre os candidatos em que não
votariam sob nenhuma hipótese. O líder em rejeição continua sendo Lula, agora
com taxa de 62%, mas tecnicamente empatado com quatro outros possíveis
candidatos: Ciro Gomes (59%), Geraldo Alckmin (59%), Marina Silva (58%) e
Fernando Haddad (57%). A trajetória dos principais nomes está na tabela
abaixo:
Eleitor ainda não despertou
Nem
mesmo a saída da seleção brasileira da Copa do Mundo uma semana antes do fim da
competição, com a derrota para a Bélgica, foi capaz de provocar um crescimento
no interesse dos entrevistados pelas eleições que se aproximam. A menos de
três meses do primeira turno, 36% dizem não estar interessados no processo, ao
passo que 19% afirmam estar um pouco interessados. Apenas 25% responderam estar
mais atentos ao pleito. Quase todas as variações apresentadas ao longo dos
oito levantamentos já realizados estão dentro do limite máximo da margem de
erro de 3,2 pontos percentuais para cima ou para baixo.
"Bolão" eleitoral
A
pesquisa também questionou os eleitores sobre quem eles acreditam que será
eleito presidente em outubro. Na bolsa das apostas, Bolsonaro manteve a
liderança, com 28% das indicações. Na semana passada, o deputado era o nome
apontado por 30% dos entrevistados, quatro pontos percentuais abaixo de sua
máxima, registrada na quarta semana de maio. Já Lula viu suas indicações
oscilarem de 24% para 27%, no limite da margem de erro. Este é o maior patamar
do ex-presidente na série histórica do "bolão eleitoral" avaliado
pela pesquisa.
Para
acessar a íntegra desta e de todas as outras pesquisas, clique aqui
Metodologia
A
pesquisa XP/Ipespe foi feita por telefone, entre os dias 2 e 4 de julho, e
ouviu 1.000 entrevistados em todas as regiões do país. Os questionários foram
aplicados "ao vivo" por entrevistadores (com aleatoriedade na leitura
dos nomes dos candidatos nas perguntas estimuladas) e submetidos a fiscalização
posterior em 20% dos casos para verificação das respostas. A amostra representa
a totalidade dos eleitores brasileiros com acesso à rede telefônica fixa (na
residência ou trabalho) e a telefone celular, sob critérios de estratificação
por sexo, idade, nível de escolaridade, renda familiar etc.
O
intervalo de confiança é de 95,45%, o que significa que, se o questionário
fosse aplicado mais de uma vez no mesmo período e sob mesmas condições, esta
seria a chance de o resultado se repetir dentro da margem de erro máxima,
estabelecida em 3,2 pontos percentuais. O levantamento está registrado no TSE
(Tribunal Superior Eleitoral) pelo código BR-09898/2018 e teve custo de R$
30.000,00.
O
Ipespe realiza pesquisas telefônicas desde 1993 e foi o primeiro instituto
no Brasil a realizar tracking telefônico em campanhas eleitorais. O
instituto tem como presidente do conselho científico o sociólogo Antonio
Lavareda e na diretoria executiva, Marcela Montenegro.