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No
primeiro trimestre deste ano, 45% dos postos de trabalho criados em Maringá
foram ocupados por quem tem ensino superior (Imagem/Empresa Brasil de
Comunicação)
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É comum ouvir em
tom de conselho de pessoas mais velhas “estude para ser alguém na vida” e, ao
mesmo tempo, um conhecido comentar que não fez faculdade e que ganha “mais do
que muita gente por aí com diploma”. Será que existe um lado certo nesse
paradoxo?
Sem
a pretensão de apontar um dos lados como sendo o mais vantajoso, o Maringá
Post resolveu colocar uma pitada de pimenta no debate e mostrar quanto custa um
diploma de curso superior nas faculdades da cidade e quanto tempo de trabalho
na área seria necessário para repor o investimento.
Para
fazer o cálculo, não foram considerados os custos com matrícula, livros,
materiais, moradia, viagens e futuros reajustes nos preços das mensalidades.
Foram usados apenas os preços das mensalidades de dez cursos superiores de
algumas instituições
particulares.
1
– Administração
O curso
de Administração tem duração de quatro anos. Na Unicesumar a mensalidade é de
R$ 799 e, para se formar, até o final do curso deve ser gasto R$ 38.352 com
mensalidade. Na Faculdade Maringá, a mensalidade é de R$ 798 e o custo total de
R$ 38.304.
Já na
Pontifícia Universidade Católica o preço médio da mensalidade é de R$ 746,31
e concluir a graduação em reprovação fica em R$ 35.822,88. Na Uningá, a
mensalidade custa R$ 530 e os quatro anos custa R$ 25.440.
Para
descobrir em quanto tempo esse investimento seria recuperado, a base de cálculo
utilizada foi o salário inicial no concurso da Prefeitura de Maringá para o
cargo de Auditor de Controle Interno, de R$ 4.415. A função exige o diploma em
Administração. Nesse caso, o investimento de R$ 38.352 seria recuperado em nove
meses.
2 – Agronomia
A
graduação em Agronomia tem duração de cinco anos e na Unicesumar a mensalidade
custa R$ 1.850. Para obter o diploma na instituição é necessário desembolsar R$
111 mil. Na Uningá, as mensalidades variam entre R$ 1.040 e R$ 1.500.
Considerando o preço médio de R$ 1.270, o diploma sairia por R$ 76.200.
O salário inicial
para engenheiro agrônomo no concurso da Prefeitura de Maringá é de R$ 8.790,44.
Se todo o salário fosse destinado a repor o investimento, o diploma de R$ 111
mil seria pago em 13 meses de trabalho.
3 – Arquitetura e
Urbanismo
A
mensalidade do curso de Arquitetura e Urbanismo na Unicesumar, com duração de
cinco anos, é de R$ 1.850. Para concluir o curso, o custo seria de R$ 111 mil.
Na Faculdade de Engenharias e Arquitetura (Feitep), a mensalidade varia de R$
1.270, no período matutino a R$ 1.470, no noturno. O mínimo que será gasto para
se formar é R$ 76.200.
Na
Uningá, a mensalidade varia entre R$ 1.040 e R$ 1.500. Considerando a média de
R$ 1.270, o diploma da graduação custaria em torno de R$ 76.200.
Segundo
o Sindicato dos Arquitetos e Urbanistas no Estado do Paraná, um profissional da
área que trabalhe 8 horas por dia deve receber no mínimo R$ 8.109. Para pagar o
diploma de R$ 111 mil seriam necessários um ano e dois meses de trabalho.
4 – Direito
O curso
de Direito tem duração de cinco anos e a mensalidade na Unicesumar é de R$
1.329. Assim o curso todo custaria R$ 79.740. Na PUC, a mensalidade média é de
R$ 1.518,13 e o custo total R$ 91.087.
Na
Faculdade Maringá a mensalidade varia entre R$ 1.224 e R$ 1.317. Na média de R$
1.270, o diploma custaria R$ 76.200. Já nna Uningá a mensalidade é R$ 1.200 e
cinco anos ficariam em R$ 72 mil.
O piso da
categoria no Estado, de acordo com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), é de
R$ 3.567,74. O diploma de R$ 79.740, por exemplo, seria pago com os salários de
23 meses.
5 – Engenharia
Civil
A
mensalidade do curso de Engenharia Civil, com duração de cinco anos na
Unicesumar, custa R$ 1.850. Para concluir a graduação seriam gastos até R$ 111
mil. Na Feitep, a mensalidade vai de R$ 1.270, no período matutino, a R$ 1.470
no noturno. O curso todo, à noite, custaria R$ 76.200.
A
mensalidade na Uningá varia entre R$ 1.040 e R$ 1.050. Considerando a média de
R$ 1.270, o diploma custaria R$ 76.200.
No
concurso da Prefeitura de Maringá, o cargo de engenheiro civil tem salário
inicial de R$ 8.790,44. Então, para repor os R$ 111 mil, seriam
necessários 13 meses de trabalho.
6 – Farmácia
O curso
de farmácia tem duração de quatro anos e na Unicesumar a mensalidade é de R$
1.270. Para concluir o curso, o estudante terá que desembolsar no mínimo R$
60.960. Na Uningá, a mensalidade é de R$ 800 e o curso todo ficaria em R$
38.400.
Para o
cargo de farmacêutico, o salário inicial previsto no concurso da Prefeitura de
Maringá é de R$ 4.542,10. Para repor o valor gasto com as mensalidades até a
graduação, na Unicesuar, seriam necessários 14 meses de salários. E, na Uningá,
bastariam 8 meses e 15 dias.
7 – Medicina
A
mensalidade do curso de Medicina, que é em período integral, custa R$ 8.447 na
Unicesumar. A duração é de seis anos. Para se formar, o desembolso seria de R$
608.184.
Na Uningá a mensalidade
é R$ 8.390,40 e para se formar, o estudante terá que desembolsar R$ 604.108.
Nos cálculos não foram considerados gastos com residência médica e
especializações.
Considerando
o salário inicial de R$ 14.134,58, definido pela Federação Nacional dos Médicos,
seria necessário três anos e oito meses de salários para recuperar o
investimento feito com mensalidade na Unicesuar. E o médico formado na Uningá
precisaria trabalhar três anos e meio.
8 – Odontologia
O curso
de Odontologia, também em período integral e duração de quatro anos, tem
mensalidade de R$ 2.560 na Unicesumar. Para se formar são necessários R$
122.880. Na Uningá a mensalidade do curso integral é R$ 2 mil e do noturno 2,4
mil.
Os
vencimentos de um odontólogo no concurso da Prefeitura de Maringá é de R$
4.558,65. Para repor o investimento de R$ 122.880 na graduação, seriam
necessários dois anos e três meses de salários.
9 – Engenharia de
Sotfware
A
graduação em Engenharia de Software tem duração de quatro anos. Na Unicesumar a
mensalidade é de R$ 1.270 e o custo final de R$ 60.960.
De
acordo com o Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná, o piso de oito
horas de trabalho da categoria é de R$ 8.586. O custo de um diploma, de R$
60.960, seria pago em oito meses de trabalho.
10 – Psicologia
A
mensalidade do curso de Psicologia, com duração de cinco anos na Unicesumar,
custa R$ 1.376 e o custo total R$ 82.560. Na PUC a mensalidade média é de R$
1.263,99 e para se formar o estudante deverá desembolsar até R$ 75.839.
A
mensalidade do curso na Uningá varia entre R$ 800 e R$ 1,2 mil. Considerando
valor médio de R$ 1 mil, até o final do curso seriam gastos em média R$ 60 mil
com mensalidade.
Para o cargo de
psicólogo, o salário no concurso da Prefeitura de Maringá é de R$ 4.542,10.
Considerando que todo o salário seria destinado para repor o investimento de R$
82.560, o diploma seria pago 19 meses de salários.
Especialistas
dizem se vale a pena o investimento
Para o
mestre em Ciências Sociais e coordenador do Curso de Recursos Humanos, Luciano
Santana, o ensino superior se tornou “praticamente obrigatório” no mercado de
trabalho atual. Porém, ele afirma que outros tipos de conhecimentos e
habilidades são necessários para atender as expectativas do mercado.
“A
pessoa que está fazendo uma graduação deve aproveitar o momento para fazer
contato com o mercado de trabalho. É muito comum as pessoas investirem em
graduação, pós-graduação e não conseguirem trabalho. A empregabilidade é uma
junção de várias coisas”, explica.
De
acordo com Santana, o diploma de ensino superior proporciona mais chances de um
salário melhor no mercado de trabalho.“O mercado está muito seletivo, no
sentido de ter muitas pessoas disponíveis. A empresa, na hora de contratar,
acaba cobrando mais coisas para cargos menores. De acordo com pesquisas, quem
tem ensino superior ganha no mínimo duas vezes ou mais ou, pelo menos, tem
chances de mais oportunidades.”
O
embate entre experiência adquirida sem formação e a graduação no ambiente
acadêmico ainda continua no mercado de trabalho. Apesar disso, não existe lado
certo nessa discussão.
“Ter só
estudo não significa que você vai sempre melhor e ter mais oportunidades do que
quem não tem. O fato é que as empresas tem buscado como um dos requisitos a
formação formal, mas é claro que haverão atividades mais operacionais que o
saber fazer é mais valorizado que a formação acadêmica”, diz Luciano Santana.
O
diretor-executivo da Agência Brasileira de Emprego e Estágio (Abre) de Maringá,
Fernando Linschoten, concorda que o diploma de ensino superior ligado à
experiência na área são os principais requisitos das empresas no momento da
contratação.
“Excluindo os
cargos operacionais, todos os outros dão preferência ao candidato com curso
superior”, afirma. Porém, diz que o diploma do curso superior não está
ligado a um salário mais alto.
“Estamos
em um mercado de retração, o salário não tem aumentado. De forma geral, hoje as
vagas são oferecidas com um salário dentro de uma média e são aproveitadas
pelos candidatos”, observa Linschoten.
As
vagas na Abre de Maringá são voltadas para estudantes e recém-formados entre 16
e 30 anos. Para Fernando Linschoten, com o mercado altamente competitivo e as
chances escassas, o nível de seletividade das empresas é bem maior e vai além
do curso superior.
“Tem
que ser uma pessoa pro-ativa, que atenda todas as funções empresariais. A
empresa também tem que sentir que aquele candidato tem compromisso com a
empresa e a vaga que está tentando.”
Levantamento
do Conselho de Desenvolvimento Econômico (Codem), divulgado em abril, revela
que dos 1.674 postos de trabalho criados em Maringá no primeiro trimestre deste
ano, 45% foram ocupados por quem tem ensino superior.
Fonte:
Maringá Post