Alheio à retratação do Vaticano, o jornalista Ricardo Boechat
partiu para a baixaria contra o 247 nesta quarta-feira, 13; "Tem um site
que é um 248, 249, uma besteirada qualquer, [dizendo] 'religioso é impedido de
entregar terço abençoado pelo Papa a Lula'. (...) Esse site e outros da mesma
linha blá, blá, bla, 'depois de Lula, agora a imprensa brasileira censura o
Papa', são uns malucos completos", disse ele em comentário na Band News;
além da linguagem chula e preconceituosa, Boechat baseou seu ataque em uma nota
do Vaticano que pouco tempo depois foi deletada e substituída por outra, que
confirma que o advogado Juan Grabois veio trazer a Lula um terço abençoado
pelo pontífice assim como as palavras do Papa
247 - O jornalista
Ricardo Boechat recorreu novamente à baixaria e atacou o 247 nesta
quarta-feira, 13. Alheio à retratação do Vaticano, o colunista da Band News,
criticou a divulgação de que o advogado Juan Grabois veio ao Brasil trazer um
terço abençoado pelo Papa e foi impedido pela Polícia Federal de entregar o
entrega-lo ao ex-presidente.
"Aqui
no Brasil divulgaram há poucos dias muitos sites ligados ao campo da esquerda,
tem um que é um 248, 249, uma besteirada qualquer, [dizendo] 'religioso é
impedido de entregar terço abençoado pelo Papa a Lua, que o Papa mandou para
Lula, não deixaram o emissário do Papa entregar o terço benzido pelo Papa a
Lula, que maldade'. Aí ontem o Vaticano disse 'não tem esse negócio de
emissário do Papa entregando nada para o Lula não", disse Boechat em
comentário na Band
News.
Além da
linguagem chula e preconceituosa ao se referir ao Brasil
247, o maior veículo progressista na internet, e aos demais
veículos da mídia independente, Ricardo Boechat demostrou estar mal informado.
Ele baseou seu ataque em uma nota do Vaticano que pouco tempo depois foi
deletada.
"O
Papa abençoa ou benze tantos terços quanto levarem para ele, recomenda em geral
que sejam dados a prisioneiros no mundo, independentemente da situação
específica de cada prisioneiro. Não houve nesta visita deste cavalheiro nenhuma
missão específica do Papa. Aí esse site e outros da mesma linha blá, blá, bla,
'depois de Lula, agora a imprensa brasileira censura o Papa', são uns malucos
completos", disse o jornalista.
Se tivesse
se dado ao trabalho de entrar na página do Vaticano, Boeacht teria visto que a
informação que ele se baseou para atacar o 247 não
existe mais. Ele teria lido a correção que o Vatican News fez, que confirma a
notícia divulgada pelo 247, de que o advogado Juan Grabois veio trazer a Lula
um terço abençoado pelo pontífice assim como palavras do Papa Francisco.
"Grabois definiu inexplicável a rejeição de não ter podido se encontrar
com Lula a quem queria levar um Terço abençoado pelo Papa, as palavras do Santo
Padre e as suas reflexões com os movimentos sociais e discutir assuntos
espirituais com o ex-chefe de Estado", diz o texto (leia a íntegra
abaixo).
É o
segundo episódio de disenteria verbal de Ricardo Boechat contra o campo da
esquerda em menos de dois meses. Em abril, ele partiu para misoginia ao
insinuar que a presidente deposta Dilma Rousseff faria uma “visita íntima
a Lula”, o que foi motivo de revolta nas redes sociais (leia aqui).
Leia
reportagem do 247 sobre
a polêmica envolvendo o Papa Francisco:
O
Vaticano, que, como qualquer estado, enfrenta disputas internas entre setores
progressistas e conservadores, foi alvo, nesta terça-feira 12, de uma
gigantesca polêmica no Brasil, que poderá levar à censura ou à asfixia
econômica de meios de comunicação independentes. Isso porque uma nota divulgada
precipitadamente pelo Vatican News, posteriormente deletada, foi usada por
agências de checagem de dados, como Lupa e Aos Fatos, para atacar sites independentes
como Brasil 247, Diário do Centro do Mundo e Revista Fórum, em razão da visita frustrada
do advogado Juan Grabois, que é próximo ao Papa Francisco, ao ex-presidente
Lula.
Grabois
veio trazer a Lula um terço abençoado pelo pontífice assim como palavras do
Papa Francisco, como atesta a nota oficial do Vaticano que foi
publicada na noite de ontem. "Grabois definiu inexplicável a rejeição de
não ter podido se encontrar com Lula a quem queria levar um Terço abençoado
pelo Papa, as palavras do Santo Padre e as suas reflexões com os movimentos
sociais e discutir assuntos espirituais com o ex-chefe de Estado", diz o
texto.
Esta
nota representa uma guinada de 180 graus nas manifestações anteriores do
Vaticano, já devidamente deletadas, que antes se referiam a Grabois como
"ex-consultor" e também como alguém que agia "em caráter
pessoal". Na nota que foi apagada pelo Vaticano, também sumiu o trecho,
fartamente usado por veículos conservadores no Brasil, que afirmava que 'terços
como esse são levados, como o Santo Padre deseja, a tantos prisioneiros do
mundo sem entrar no mérito de realidades particulares'.
Portanto,
a posição oficial do Vaticano neste momento, pode ser resumida da seguinte
forma: Grabois é consultor do pontífice e veio ao Brasil com a missão de trazer
a Lula um terço abençoado e também AS PALAVRAS do Santo Padre – o que evidencia
o caráter institucional – e não meramente pessoal – da sua visita. O fato de
comunicados anteriores terem sido apagados também sugere que o próprio comando
do Vaticano pode ter determinado a revisão dos procedimentos antes adotados
pela comunicação da Santa Sé.
O 'combate a fake news' como arma na guerra política
Recentemente,
o Facebook contratou agências de checagem de dados para monitorar a
disseminação de notícias falsas, com o pretenso objetivo de evitar que o debate
político seja contaminado por manipulações. Duas das agências contratadas pelo
Facebook foram exatamente a Lupa e a Aos Fatos.
A Lupa
tem como investidora a Editora Alvinegra, que pertence a João Moreira Salles,
um dos herdeiros do Itaú Unibanco, e é parceira do Uol, da família Frias, que
edita a Folha de S. Paulo, jornal que, em editoriais, apoiou a deposição da
presidente Dilma Rousseff e a prisão do ex-presidente Lula – dois processos
amplamente questionados por intelectuais, acadêmicos e juristas do Brasil e do
mundo.
No dia
de ontem, tanto a Lupa como a Aos Fatos publicaram posts agressivos contra 247,
DCM e Fórum, a partir da nota já deletada pelo Vaticano. Tais posts foram
usados pelo Facebook para advertir os três sites do campo progressista sobre a
disseminação de notícias falsas, alertando ainda sobre a possibilidade de
redução drástica do alcance de suas publicações.
De
maneira geral, o Facebook responde por grande parte do tráfego de notícias dos
sites de informação – e, portanto, também da sua geração de receita
publicitária. Portanto, qualquer medida que instrumentalize o necessário debate
sobre o combate a notícias falsas, que está presente na mídia corporativa
brasileira em larga escala, e o coloque a serviço de interesses privados, será
levado aos foros adequados, tanto na esfera política quanto jurídica.
Embora
o Vaticano tenha deletado suas postagens anteriores e publicado uma nova versão
oficial sobre o caso Juan Grabois, atestando que ele é consultor do Papa e veio
a Lula trazer não apenas um terço abençoado como também as palavras do Santo
Padre, as agências Lupa e Aos Fatos não revisaram adequadamente suas notas, nem
se desculparam diante de seus leitores por terem atacado veículos do campo
progressista, que já foram advertidos pelo Facebook. Tais agências também serão
alvo de ações judiciais, caso não se retratem e revisem suas posições,
comunicando seu contratante – o Facebook – sobre a notícia falsa que
espalharam.
Recentemente,
o jornalista Luis Nassif, editor do GGN e um dos profissionais
mais respeitados do Brasil, criou a Agência
Xeque e também se colocou à disposição do Facebook para
participar do esforço de combate a fake news. Segundo ele, o combate às fake
news, quando instrumentalizado por grupos econômicos, se converte numa nova
forma de censura, a "censura 2.0". Para o deputado Paulo Pimenta
(PT-RS), que é jornalista e líder do Partido dos Trabalhadores na Câmara, esse
debate será levado ao parlamento para evitar que novos mecanismos de censura
sejam usados para coibir a liberdade de expressão no Brasil.
Corrigindo
um nosso serviço precedente sobre o caso Grabois-Lula, devemos ressaltar que
havia imprecisões na tradução e nas transcrições que induziram a alguns erros.
Abaixo apresentamos a notícia correta.
O
advogado argentino Juan Gabrois é Consultor do ex-Pontifício Conselho Justiça e
Paz, que passou a fazer parte do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento
Humano Integral, e é o coordenador do encontro mundial dos movimentos sociais
em diálogo com o Papa Francisco.
Grabois
concedeu uma entrevista (https://youtu.be/A7F-C1Bi5Q0)
depois de ter sido impedido de visitar o ex-presidente Lula no Cárcere de
Curitiba, onde está detido há mais de dois meses. Grabois definiu inexplicável
a rejeição de não ter podido se encontrar com Lula a quem queria levar um Terço
abençoado pelo Papa, as palavras do Santo Padre e as suas reflexões com os
movimentos sociais e discutir assuntos espirituais com o ex-chefe de Estado.
Grabois
disse que está muito preocupado com a situação política no Brasil e em vários
países da América Latina. Enfim, disse estar muito triste pela proibição de
realizar esta visita, mas que o importante é ter conseguido levar a Lula o
Terço.
Leia um post precipitado, publicado em redes sociais do Vaticano,
que foi posteriormente deletado:
"Em
mérito às notícias circuladas sobre o suposto envio de um Terço pelo Papa
Francisco ao ex-presidente Lula, esclarecemos que o advogado argentino Juan
Grabois, fundador do Movimento dos trabalhadores excluídos e ex-consultor do
Pontifício Conselho Justiça e Paz, tentou fazer uma visita - a título PESSOAL -
ao ex-presidente, tendo após a tentativa infrutífera, concedido uma entrevista
diante do prédio da Polícia Federal em Curitiba. Na entrevista - e nos ativemos
a ela - EM NENHUM MOMENTO Grabois afirmou que o Terço foi enviado pelo Santo
Padre, mas apenas "ABENÇOADO" pelo Papa"
Leia ainda a nota publicada pelo serviço Vatican News,
posteriormente deletada, e que foi usada pelas agências Lupa e Aos Fatos contra
a mídia independente:
“O
advogado argentino Juan Gabrois, fundador do Movimento dos trabalhadores
excluídos e ex-consultor do Pontifício Conselho Justiça e Paz, deu uma
entrevista em sua tentativa de visitar o ex-presidente Lula na prisão de
Curitiba, onde está detido há mais de dois meses. Grabois disse que a visita
era pessoal e não em nome do Santo Padre. Ele não teve a permissão para se
encontrar com Lula”
Na
entrevista, ele nunca declarou que foi o Papa a enviar o terço, mas
simplesmente que se tratava de um terço que tinha sido ‘abençoado’ pelo Papa.
Terços como esse são levados, como o Santo Padre deseja, a tantos prisioneiros
do mundo sem entrar no mérito de realidades particulares”.
Portanto,
fica claro que cabe uma retratação das agências contratadas pelo Facebook para
monitorar a disseminação de notícias falsas.