terça-feira, 12 de junho de 2018

PT disputa PSB com Ciro


O PT está em uma queda de braço com Ciro Gomes para conquistar o PSB; Gleisi Hoffmann acredita que com a composição dos palanques regionais e das chapas proporcionais o PT pode costurar acordos que levariam o PSB a apoiar o candidatura do partido à Presidência: "A prioridade do PSB é eleger governadores e fazer uma boa bancada federal. O PT tem mais a lhes ajudar nisso que o PDT"
247 - O PT está em uma queda de braço com Ciro Gomes para conquistar o PSB para as eleições deste ano. A presidente do partido, senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) acredita que com a composição dos palanques regionais e das chapas proporcionais o PT pode costurar  acordos que levariam o PSB a apoiar o candidatura do partido à Presidência: "A prioridade do PSB é eleger governadores e fazer uma boa bancada federal. O PT tem mais a lhes ajudar nisso que o PDT".
A maior concessão que o PT tem a fazer ao PSB é a retirada da pré-candidatura de Marília Arraes ao governo de Pernambuco. A vereadora do PT, prima do governador Eduardo Campos, falecido em 2014, e neta de Miguel Arraes, encosta no governador Paulo Câmara nas pesquisas no Estado. O governador, o principal que o PSB elegeu como cabeça de chapa (Márcio França, de São Paulo, foi eleito vice), comanda o núcleo com o maior número de votos no diretório nacional do PSB.
Os repórteres Maria Cristina Fernandes, Ricardo Mendonça e Cristiane Agostine do Valor Econômico relatam que Gleisi elogia Marília Arraes, mas sinaliza com a retirada de sua pré-candidatura ao governo pernambucano como parte do acordo: "A aliança nacional é a prioridade para o PT". A dirigente petista diz ter avaliado como positivas declarações recentes do presidente do PSB, Carlos Siqueira, por entender que ele "admite" a hipótese de acordo nacional com o PT.
O PT também oferece apoio ao PSB na Paraíba, no Amazonas e no Amapá, praças em que o partido é competitivo na disputa majoritária. Em Minas, os petistas trabalham para convencer o ex-prefeito de Belo Horizonte Marcio Lacerda (PSB) a desistir de sua pré-candidatura ao governo do Estado e disputar o Senado na chapa do governador Fernando Pimentel, que tenta a reeleição. Desde o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, Pimentel ocupa o principal cargo Executivo em poder do partido.
"A presidenta foi para Minas para ajudar", diz Gleisi, em relação à transferência do registro eleitoral de Dilma para Minas Gerais. A pré-candidatura da ex-presidente ao Senado deu início a uma guerra aberta entre Pimentel e seus aliados do MDB, que querem as duas vagas do Senado da chapa para o partido.
A despeito de sugerir que Dilma não será empecilho aos planos do PT no Estado, Gleisi descarta uma candidatura da ex-presidente à Câmara dos Deputados. Sugere que uma chapa ao Senado que reúna Lacerda e Dilma fortaleceria a adesão do PSB ao projeto de Pimentel e o ajudaria a ganhar autonomia em relação ao MDB mineiro. O governador, no entanto, enfrenta uma difícil campanha à reeleição no Estado, onde enfrentará o senador e ex-governador Antonio Anastasia (PSDB).
Como parte da negociação pelo apoio nacional do PSB, o PT mantém em aberto a vaga de vice na chapa presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva, que poderia ser indicada pelo partido aliado. A participação como vice na chapa também é negociada com o PCdoB, que poderia retirar a pré-candidatura presidencial da deputada Manuela d'Ávila.
Ao falar sobre a articulação de Ciro Gomes para tentar atrair o PSB, Gleisi diz que as alianças estaduais entre PT e PSB são mais fáceis e cita dois Estados em que o PDT disputa com o aliado: Amazonas e Amapá.
A dirigente petista diz ainda que acredita em um acordo com Ciro Gomes no segundo turno. "Estaremos todos juntos".


Petroleiros preparam nova greve contra desmonte da Petrobras


Os petroleiros avisam que podem retomar a greve, desta vez por tempo indeterminado, que havia sido decretada durante a paralisação nacional dos caminhoneiros e que foi suspensa por determinação do TST; segundo a FUP, a greve – que já foi aprovada em assembleias – tem potencial para repetir o movimento registrado em 1995, que durou cerca de um mês e paralisou o país
247 - Os petroleiros avisam que podem retomar a greve, desta vez por tempo indeterminado, que havia sido decretada durante a paralisação nacional dos caminhoneiros e que foi suspensa por determinação do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que julgou a greve da categoria abusiva. A Federação Única dos Petroleiros (FUP) anunciou, nesta terça-feira (12), que a greve – que já foi aprovada em assembleias – tem potencial para repetir o movimento registrado em 1995, que durou cerca de um mês.
Segundo a FUP, a greve prevista para este ano tem como objetivo impedir o desmonte da Petrobras que prevê desinvestimentos da ordem de US$ 21 bilhões, por meio da venda de ativos que incluem quatro refinarias.


Depois de viagens internacionais, Moro alega ‘excesso de trabalho´ e não julga tucanos


O juiz Sergio Moro alegou excesso de trabalho para se retirar do processo que envolve fraudes de tucanos no Paraná; assim, a chamada 48ª fase da “lava jato” — que fez buscas na sede do governo estadual e resultou na prisão de seis pessoas em fevereiro deste ano, mesmo sem ligação com denúncias na Petrobras —, deve passar agora para outra vara criminal de Curitiba, ainda indefinida
Do site do Conjur - Depois de declarar que “não faria sentido” dispersar provas envolvendo operadores já investigados na operação “lava jato”, o juiz federal Sergio Moro voltou atrás nesta segunda-feira (11/6) e abriu mão de julgar processos sobre suposto esquema de propinas envolvendo uma rodovia do Paraná. Ele alegou excesso de trabalho e baseou-se em voto derrotado no Tribunal Regional Federal da 4ª Região.
Assim, a chamada 48ª fase da “lava jato” — que fez buscas na sede do governo estadual e resultou na prisão de seis pessoas em fevereiro deste ano, mesmo sem ligação com denúncias na Petrobras —, deve passar agora para outra vara criminal de Curitiba, ainda indefinida.
O caso envolve a suspeita de que uma concessionária tenha superfaturado despesas e simulado contratos para esconder repasses de vantagem indevida, o que teria inclusive aumentado as tarifas de pedágio de forma artificial. A investigação chegou primeiro à Vara Federal de Jacarezinho (PR), mas o juízo preferiu encaminhar os autos a uma das varas especializadas em lavagem de dinheiro.
Sergio Moro havia considerado óbvia a conexão de processos, mas agora preferiu redistribuir autos a outro juiz.
Moro quis assumir os processos em novembro de 2017, pois disse ter encontrado “pontos de conexões probatórias óbvios” no uso de atividades dos operadores Adir Assad e Rodrigo Tacla Duran.
O juiz reconheceu na época que atividades em outros estados poderiam ser distribuídas a outros juízos pelo país, porém considerou insensato impedi-lo de analisar os indícios de crimes em Curitiba, com entregas de dinheiro por lá e em benefício de agentes públicos da própria cidade.
O advogado José Carlos Cal Garcia Filho, que representa um dos acusados, questionou no TRF-4 a competência de Moro, assim como a defesa de outro envolvido, representado por Rodrigo Muniz Santos. A maioria da 8ª Turma analisou os argumentos em maio deste ano, porém considerou inadequada a via eleita — pedido de Habeas Corpus, em vez de exceção de incompetência.
O relator, desembargador federal João Pedro Gebran Neto, ficou vencido ao reconhecer que o inquérito originário não apresenta qualquer relação com a Petrobras.
Quase um mês depois do julgamento, foi Sergio Moro quem reconsiderou o próprio entendimento. Na decisão desta segunda, ele disse que já está sobrecarregado com “as persistentes apurações de crimes relacionados a contratos da Petrobras e ao Setor de Operações Estruturadas do Grupo Odebrecht”.
Embora esteja desde 2015 sem receber outros processos, o titular da 13ª Vara Federal de Curitiba disse que cuida de casos com muita complexidade, “gerando natural dificuldades para processamento em tempo razoável”. Afirmou ainda que, conforme “juízos de conveniência e oportunidade”, é mais recomendável acompanhar o voto do relator no TRF-4, apesar de vencido.
A medida, afirma, também encerrará qualquer novo questionamento das defesas sobre a prevenção. O julgador determinou a redistribuição de uma ação penal e processos conexos entre as varas criminais de Curitiba, excluindo-se a própria. Moro, entretanto, manteve válidos os atos processuais já praticados.
As defesas queriam que fossem derrubadas as decisões anteriores, mas ele disse que cabe ao próximo juízo decidir o que fazer com os atos antigos.


Mauro: ala direita do Vaticano tenta abafar visita de assessor do Papa


"O serviço brasileiro de informação é controlado pela ala conservadora da igreja, e o órgão repetiu a mesma atitude com o assassinato de Marielle Franco. Logo após o Papa Francisco telefonar para a família da vereadora, o vaticano desmentiu que tivesse ocorrido qualquer telefonema por parte do Papa", explica o jornalista Mauro Lopes; assista
TV 247 -  O jornalista Mauro Lopes participou do programa "Giro das 11" desta segunda-feira (12), comentando a visita negada pela Polícia Federal ao assessor do Papa, Juan Grabois, e as tentativas da ala da direita do Vaticano em negar que o assessor tenha relação com o pontificado.  
Mauro Lopes explica a origem de Juan. "O assessor do Papa, Juan Grabois, é argentino é tem tido um protagonismo no pontificado, pois é um dos organizadores dos encontros mundiais de movimentos populares com o Papa e tem grande intimidade com o pontifício", explica. 
Ele condena os reflexos do Estado de Exceção. "Negar visita ao Lula é típico da mesquinhez das ditaduras. Ver as arbitrariedades em Curitiba é como se sentir nos anos 70, avalia. 
Mauro contra argumenta a informação divulgada pelo Vaticano dizendo que a visita foi pessoal, não representando o Vaticano. "Há uma luta violenta dentro do Vaticano entre setores progressistas ligados ao Papa e os segmentos conservadores da direita", ressalta.
Ele relembra um episódio ocorrido onde ocorreu a interferência do Vaticano. "O serviço brasileiro de informação é controlado pela ala conservadora da igreja, e o órgão repetiu a mesma atitude com o assassinato de Marielle Franco. Logo após o Papa Francisco telefonar para a família da vereadora, o vaticano desmentiu que tivesse ocorrido qualquer telefonema por parte do Papa", relata. 


STF aceita denúncia e Agripino vira réu em ação penal

Jefferson Rudy/Agência Senado

A Segunda Turma do STF decidiu aceitar denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o senador José Agripino Maia (DEM-RN); com a decisão, o senador se torna réu no processo por corrupção, lavagem de dinheiro e uso de documento falso; ele é acusado de receber aproximadamente R$ 1 milhão em contrato de inspeção veicular entre uma empresa privada e o governo do estado, em 2010 
André Richter, repórter da Agência Brasil - A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu hoje (12) aceitar denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o senador José Agripino Maia (DEM-RN). Com a decisão, o senador se torna réu no processo por corrupção, lavagem de dinheiro e uso de documento falso.
De acordo com a PGR, Agripino foi citado em um depoimento de delação premiada de um empresário do Rio Grande do Norte, que o acusou de receber aproximadamente R$ 1 milhão em contrato de inspeção veicular entre uma empresa privada e o governo do estado, em 2010, durante a gestão da ex-governadora Rosalba Ciarlini, cuja denúncia foi arquivada.
O julgamento foi retomado nesta tarde após registrar um empate na votação, durante a sessão da semana passada. Ao decidir a questão, o ministro Celso de Mello entendeu que há indícios mínimos para abertura do processo criminal, como depósitos de valores em espécie na conta do parlamentar.
Na semana passada, os ministros Edson Fachin e Ricardo Lewandowski votaram pelo recebimento da denúncia. Dias Toffoli discordou em parte do relator por entender que a delação premiada deveria ter sido assinada pelo ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e não por auxiliares indicados por ele. Gilmar Mendes votou pelo arquivamento da denúncia
No processo, a defesa do senador Agripino negou a prática dos crimes e afirmou que "décadas de vida pública sempre gozou de reputação ilibada, sendo leviana a denúncia apresentada".


Cristiane Brasil é alvo de operação da PF por esquema criminoso em Ministério


A PF cumpre mandados de busca e apreensão no Rio e em Brasília envolvendo a deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ); ela é suspeita de participação em esquema criminoso dentro do Ministério do Trabalho para a concessão de registros sindicais; na fase anterior dessa investigação foram cumpridos mandados contra os deputados Paulinho da Força (SD-SP), Jovair Arantes (PTB-GO) e Wilson Filho (PTB-PB)
(Reuters) - A Polícia Federal cumpre nesta terça-feira três mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro e em Brasília envolvendo uma parlamentar investigada por suspeita de participação em esquema criminoso dentro do Ministério do Trabalho para a concessão fraudulenta de registros sindicais, na segunda fase de operação deflagrada inicialmente no fim de maio, informou a PF.
A PF, como de costume, não identificou de imediato a parlamentar alvo da ação, que foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). De acordo com a Globonews, a deputada investigada é Cristiane Brasil (PTB-RJ).
Na primeira fase, a chamada operação Registro Espúrio cumpriu mandados contra outros três deputados: Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (SD-SP), Jovair Arantes (PTB-GO) e Wilson Filho (PTB-PB). De acordo com a Polícia Federal, além dos mandados de busca a serem cumpridos nesta terça, serão impostas medidas cautelares a pedido da PF e da Procuradoria-Geral da República (PGR), como a proibição de frequentar o Ministério do Trabalho e de manter contato com os demais investigados ou servidores do ministério. Segundo as investigações, uma organização composta por políticos, partidos, centrais sindicais e servidores é suspeita de atuar na concessão irregular de registros sindicais junto ao Ministério do Trabalho através do pagamento de propina.
Apenas pela liberação irregular de um único registro sindical houve pagamentos que envolviam valores que chegaram a 4 milhões de reais, de acordo com os investigadores.
Quando da primeira fase da operação, o presidente nacional do PTB, o ex-deputado Roberto Jefferson, que é pai de Cristiane Brasil, disse que a legenda “jamais participou de quaisquer negociações espúrias no Ministério do Trabalho”.
Cristiane Brasil chegou a ser indicada no início do ano pelo presidente Michel Temer para ser ministra do Trabalho, mas não tomou posse porque a Justiça barrou seu nome sob alegação de que ela não tinha condições de assumir o cargo por ter sido condenada em processo trabalhista.


Depois de Lula, agora a imprensa brasileira censura o Papa


O Papa é o maior líder mundial e Lula é o maior líder político do Brasil; ontem, Francisco enviou a Curitiba um assessor, uma mensagem e um presente a Lula, aprisionado há mais de dois meses, e o regime de exceção vetou a visita; a mídia conservadora decidiu que os brasileiros não podiam saber disso; Globo, Folha, Valor, Estado e outros, que censuram Lula há anos, agora censuram também o Papa
247 - O Papa Francisco é o maior líder mundial da atualidade. Lula é o maior líder político brasileiro da história, rivalizando com Getúlio Vargas. Ontem (11), o maior líder mundial enviou a Curitiba um assessor, uma mensagem e um presente (um terço) ao maior líder brasileiro, aprisionado há mais de dois meses. E o regime de exceção vetou a visita. O fato seria notícia em qualquer lugar do planeta. Mas a mídia conservadora brasileira decidiu que não. Globo, Folha, Valor, Estado e outros de menor expressão, que censuram Lula há anos, agora censuram também o Papa. Nenhuma linha nos jornais, nem um segundo no Jornal Nacional. Nada. 
O Papa Francisco enviou ontem a Lula um terço, um bilhete pessoal e um dos seus principais assessores, o argentino Juan Grabois (aqui),. Num gesto típico das ditaduras, vexaminoso para o país, o enviado do Papa foi barrado, impedido de ver Lula e entregar o bilhete e o terço (aqui). Diante da sede da PF, Grabois protestou: "Estou muito preocupado com a situação, considerando que estamos diante de um claro caso de perseguição política, onde há uma deterioração da democracia no Brasil. Esta inexplicável negativa a permitir uma visita que estava programada de antemão é parte também de um processo de degradação das instituições não somente no Brasil, mas nos países da América Latina".
Quem lê os jornais da mídia conservadora ou assiste o Jornal Nacional não teve acesso a nada disso. O motivo da censura é claro: Francisco está solidário a Lula, condena o golpe no Brasil e o governo Temer -a ponto de não ter vindo ao Brasil no ano passado, quando foram celebrados os 300 anos de aparição da imagem de Nossa Senhora Aparecida, de quem Francisco é devoto. O Papa não quis pisar no país golpeado por Temer e sua quadrilha. Mas quis estender a mão a Lula. E isso, para os Marinho, os Frias, os Mesquita e outras famílias de milionários que controlam alguns dos principais meios de comunicação do país, é pecado mortal. Lula e o Papa estão em pecado mortal para estas famílias. E no inferno deles há duas fogueiras: os ataques violentos sem direito a defesa e a censura.
Na manhã desta terça, o serviço brasileiro de informações do Vaticano, controlado por segmentos conservadores da Igreja Católica, divulgou uma nota em sua página no Facebook procurando desmentir que Juan Grabois tivesse ido a Curitiba como enviado do Papa. Foi o mesmo recurso usado quando do telefonema do Papa Francisco à mãe de Marielle Franco, assassinada em 14 de abril. Depois que, da Argentina, foi divulgado o telefonema, o serviço brasileiro do Vaticano apressou-se em desmentir de maneira canhestra, dizendo ser "impossível" confirmar o telefonema por se tratar de um gesto pessoal do Papa. A seguir, o telefonema foi confirmado pela família e outras fontes do Vaticano. Como agora, a mídia vaticana corre em apoio à mídia conservadora brasileira. O caso deverá ser esclarecido nas próximas horas. 


Sem coragem para decidir, Fachin pede opinião de Dodge sobre liberdade de Lula


Como de costume, o acovardado STF (Superior Tribunal Federal) produz suas variantes internas de insegurança; o ministro Edson Fachin é uma dessas variantes; sem coragem para decidir, ele pediu a ‘opinião’ da procuradora-geral Raquel Dodge sobre a suspensão da prisão de Lula
247 – Como de costume, o acovardado STF (Superior Tribunal Federal) produz suas variantes internas de insegurança. O ministro Edson Fachin é uma dessas variantes. Sem coragem para decidir, ele pediu a ‘opinião’ da procuradora-geral Raquel Dodge sobre a suspensão da prisão de Lula.
“O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu ouvir primeiramente a Procuradoria-Geral da República (PGR) antes de decidir sobre o pedido da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de suspender a prisão. A defesa do ex-presidente, preso há mais de dois meses, entrou no início deste mês com um novo pedido de liberdade no STF e Superior Tribunal de Justiça (STJ). A petição é para que as Cortes suspendam os efeitos da condenação no caso do triplex no Guarujá até que julguem no mérito os recursos extraordinário (analisado no STF) e especial (do STJ).
“Diante da relevância do tema, faz-se mister que se ouça a Procuradoria-Geral da República previamente. Destarte, abra-se vista à PGR. Publique-se. Intime-se”, determinou Fachin, em decisão assinada nesta segunda-feira. Os recursos, contra a condenação que resultou na prisão de Lula, ainda precisam ser admitidos pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), que já rejeitou a concessão de efeito suspensivo no caso.
Leia mais aqui.


Biógrafo de Lula, Fernando Morais discute com Moro durante depoimento


Durante depoimento como testemunha de Lula na ação na ação sobre o sítio de Atibaia, o jornalista e escritor Fernando Morais reagiu a reprimenda do juiz Sérgio Moro; Fernando Morais contou ter ouvido de Bono Vox, cantor do U2, que Lula é uma espécie de Nelson Mandela, pois tem o poder de unir todas as raças; "Aqui não é lugar para propaganda", disse Moro; "Não faço propaganda, faço jornalismo dos meus biografados", rebateu, indignado, Morais
Do Nocaute - Na manhã desta segunda-feira, 11, o jornalista e escritor Fernando Morais, editor do Nocaute, prestou depoimento ao juiz Sergio Moro, na condição de testemunha de defesa do ex-presidente Lula.
Minutos antes, na mesma condição, depusera o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ambos os depoimentos foram realizados sob a forma de videoconferência entre São Paulo e Curitiba.
Em pelo menos dois momentos o juiz obstruiu o direito à palavra do jornalista.
No primeiro ao declarar que a testemunha estava fazendo "propaganda" de Lula.
Morais foi impedido de retrucar, e mal pôde responder: "Não faço propaganda, faço jornalismo..."
Na segunda oportunidade Moro foi mais explícito.
Morais indagou, respeitosamente: "O meritíssimo permite que eu faça uso da palavra?". Moro nem pestanejou: "Não!".
Uma particularidade menos relevante chamava a atenção: apenas um, no caso, uma jornalista circulava pelo corredor (na foto, a repórter quando entrevistava o ex-presidente Fernando Henrique, em frente à sala de videoconferência): a representante da Globo. Os coleguinhas dos demais veículos tomavam sol na moleira, na calçada do prédio.
Veja o vídeo e a transcrição do depoimento, gravado pela Justiça, e a indicação de links sobre o assunto.
Sergio Moro: Nesta ação penal 50236532, depoimento do senhor Fernando Gomes de Morais.
Senhor Fernando, o senhor foi chamado como testemunha neste processo e na condição de testemunha o senhor tem um compromisso com a justiça em responder a verdade e às perguntas que lhe forem feitas, certo?
Fernando Morais: Certo.
Moro: Eu vou adverti-lo, senhor Fernando, que se o senhor faltar com a verdade o senhor fica sujeito a um processo criminal, certo?
FM: Sim.
Moro: Dito isso eu passo a palavra para a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para perguntas.
Zanin: Senhor Fernando, bom dia.
FM: Bom dia.
Zanin: Senhor Fernando, o senhor poderia ainda que brevemente nos relatar sua trajetória pessoal e profissional?
FM: Eu sou jornalista desde os 14 anos, comecei um Belo Horizonte, me mudei para São Paulo em 1965, quando os Mesquita criaram o Jornal da Tarde. Trabalhei dez anos no Jornal da Tarde, trabalhei na Revista Veja, trabalhei na Folha de São Paulo, trabalhei na TV Cultura e depois passei a me dedicar a publicar meus trabalhos jornalísticos em livros, seja sob a forma de biografias, seja sob a forma de relatos de episódios brasileiros e estrangeiros. E tive uma breve passagem pessoal pela política. Fui deputado em dois mandatos, fui Secretário de Cultura do Estado de São Paulo e depois Secretário da Educação do Estado de São Paulo, sem ter abandonado a minha atividade profissional original, de jornalista.
Zanin: Pois não. Em relação ao ex-presidente Lula, existe alguma situação pessoal ou profissional que tenha colocado o senhor em maior contato com ele? Notadamente após ele ter deixado o cargo de Presidente da República?
FM: Sim, eu na verdade conheço o ex-presidente Lula há 44 anos, quando ele era um operário, sindicalista, e eu era deputado, me aproximei sem intimidades com ele. Testemunhei a primeira prisão dele. Por uma dessas curiosidades do destino, acabei testemunhando as duas prisões dele.
Não entrei para o PT quando a maioria dos meus colegas foram para o PT eu continuei no MDB. Depois eu abandonei a política e no período em que o presidente exerceu a Presidência da República, eu praticamente perdi o contato com ele, talvez por não ser muito afeito a palácios. Nos oito anos dele como presidente, eu estive três vezes no Palácio do Planalto.
Uma vez para uma entrevista profissional com ele, uma vez, que era Dia Internacional da Mulher, e a Dona Marisa, falecida Dona Marisa, organizou uma exibição do filme "Olga", que é baseado em um livro meu, para as mulheres que trabalhavam no Palácio e estive em uma terceira ocasião, que não me lembro qual é, mas sem contatos maiores.
Depois que ele deixou a Presidência da república eu fui contratado por duas editoras, uma brasileira e uma norte-americana, Companhia da Letras no Brasil, e a Penguin, nos EUA, para escrever um livro, que não é uma biografia.
O projeto original, o contrato original que eu fiz com a Penguin e com a Companhia, era de escrever a partir da prisão dele em 1980 até o fim do mandato dele em 2010. O livro terminaria aí.
No entanto, como eu grudei no calcanhar dele, se o senhor me permite a expressão vulgar, nos últimos sete anos, eu achei que seria um desperdício profissional eu ter tido o privilégio de conviver com ele durante toda essa crise que estamos vivendo até hoje, desde o golpe contra a presidente Dilma Rousseff até agora, então propus as meus editores que eu fizesse o livro em dois tomos.
O primeiro tomo, tal como foi combinado, irá de 1980 a 2010, e o segundo tomo, de 2010 até saberá Deus quando.
Zanin: A partir notadamente de 2011, então, o senhor começou a ter um contato frequente com o presidente Lula?
FM: Absolutamente frequente. E com pouco tempo eu descobri que o melhor local para entrevistá-lo era dentro de aviões porque não havia telefone, secretários, deputados, assessores, então comecei a acompanhá-lo nas viagens que ele fazia ao exterior para realizar palestras no mundo inteiro. Excluindo a Oceania, fui a todos os outros continentes com ele.
E literalmente grudado, um cacoete que veio da minha profissão de repórter.
Um pouco antes da descoberta do tumor, eu comecei a gravar com ele.
Lembro que ele ainda estava com cabelo grande, barba. Eu ficava praticamente o tempo todo ao lado dele.
Uma, duas, três vezes por semana eu ia ao Instituto fazer gravações com ele.
Fiz mais de cem gravações com pessoas que gravitaram na órbita dele nesse período, inclusive gente de oposição.
Não pretendo que seja um livro chapa-branca, um livro oficial.
É um livro jornalístico como todos os 11 que eu fiz até agora.
E tive o privilégio de acompanhá-lo provavelmente mais até que... Acho que só os seguranças dele tiveram mais tempo do que eu com ele nesse período que vai do começo de 2011 até dias antes dele ser preso.
Zanin: Nessa situação que o senhor mencionou de acompanhar o ex-presidente Lula a viagens no exterior para a realização de palestras, o senhor chegou a assistir às palestras? Sabe dizer se o presidente realizou as palestras?
FM: Eu imaginei que essa pergunta pudesse ser feita pelo senhor ou pelo juiz Sergio Moro.
Hoje de manhã eu descobri que fui a 18 países com o presidente Lula.
Eu assinalei aqui, por causa da pressa, vim correndo para cá: África do Sul, Alemanha, Angola, Cuba, Espanha, Etiópia, França, Índia, Inglaterra, México, Moçambique e Portugal.
Eu ficava sempre no mesmo hotel, ou se era uma casa reservada para ele pelos anfitriões eu ficava sempre junto com ele.
A maioria das vezes era em hotel. Embora eu não goste muito de acordar cedo, ele às 6h pedia a um segurança ir ao meu quarto me chamar para tomar café da manhã. E eu ficava com ele até a hora dele ir dormir.
Uma particularidade, não sei se interessa para o julgamento do Dr Moro, é que em nenhum momento ele disse para mim: "Olha, na hora que eu tiver que tratar de um assunto particular, eu te aviso e você sai".
Isso é muito comum, não seria uma indelicadeza da parte dele.
Eu já fiz outros perfis, inclusive de um presidente em exercício, o presidente Collor, e o combinado foi isso: na hora que ele quisesse tratar de assuntos reservados, alguém me tiraria do gabinete, da casa, ou de onde ele estivesse.
No caso do presidente Lula não. O que eu não assisti foi o que eu não quis, mas eu assistia, rigorosamente, a todos os encontros, todas as palestras, gravei as palestras – com um gravadorzinho amador – algumas delas eu fiz fotos, mas como eu sabia que existia um fotográfo dele, acompanhando o tempo todo, eu não me preocupava tanto com imagem, mas em alguns casos, eu próprio me encarreguei de fazer fotos.
Então eu posso dizer que nessas viagens eu o acompanhei 24h por dia. Só não dormia com ele.
Nos momentos que ele estava acordado, fosse em avião, fosse em jantar, fosse com chefes de estado – e em muitos casos ele foi recebido por chefes de estado dos países que estava visitando – ou fosse com personalidades.
Eu me lembro que, por exemplo, que nós estávamos na Inglaterra ele foi fazer um ....
Moro: Vou interromper um minutinho, senhor Fernando. O senhor pode responder mais brevemente, mais objetivamente às questões da defesa? Não precisa se alongar nessas histórias, com todo o respeito, mas existe aqui a necessidade de seguir. Então qual é a próxima pergunta?
FM: O senhor me desculpe mas ...
Zanin: O senhor ia, na verdade, tocar em um ponto que eu ia lhe questionar na sequência, que era um episódio em Londres, envolvendo o cantor Bono Vox. O senhor pode descrever, por gentileza?
FM: Posso. O presidente foi a Londres, convidado para fazer uma palestra para empresários.
Porque às vezes ele ia convidado por empresários e às vezes por trabalhadores. Na Alemanha e na África do Sul, por exemplo, ele foi convidado por sindicatos e em Londres ele foi convidado por empresários.
Depois do almoço estávamos no hotel conversando e chegou o cantor, o roqueiro Bono Vox para fazer uma visita a ele.
Conversaram um pouquinho e a hora que o Bono foi embora o presidente me perguntou se eu poderia fazer a delicadeza de acompanhá-lo até a portaria do prédio. Eu desci e havia ali uma centena de repórteres europeus e brasileiros (em número menor) mais por causa do Bono do que pelo presidente Lula, obviamente, era uma estrela universal...
E os repórteres perguntaram a ele: o que o senhor achou da conversa com o presidente brasileiro, o presidente Lula?
E o Bono respondeu com uma frase que ficou muito marcada na minha memória.
Ele disse o seguinte, "Depois da morte do Mandela, só existe no mundo uma pessoa capaz de juntar ricos e pobres, pretos e brancos, gordos e magros, e essa pessoa se chama Luiz Inácio Lula da Silva."
Por se tratar, não de um cientista político, nem de um teórico, mas um cantor de rock, aquilo me impressionou muito.
Moro: Essa questão da relevância para o caso é por qual motivo doutor?
Zanin: Excelência nós estamos falando da reputação de um acusado. E segundo ...
Moro: Nós não estamos falando de reputação, existe uma acusação a ser julgada e esse tipo de ...
Zanin: Certo, a defesa ... a reputação. E segundo, nós estamos falando, inclusive vossa excelência
Moro: Você pode divulgar essas questões meritórias em relação ao ex-presidente fora do processo. Não precisa ser aqui em audiência.
Zanin: Mas divulgar fora do processo, vossa excelência ...
Moro: Não diz respeito aos fatos em julgamento doutor. Qual é a próxima pergunta?
Zanin: Há questões. Vossa excelência sabe bem que, há questões que devem levar em consideração ...
Moro: Essas questões não tem nenhuma relevância para o julgamento.
Zanin: Eu não sei se incomoda vossa excelência.
Moro: Não incomoda doutor. Acho que o processo não deve ser utilizado para esse tipo de propaganda.
Zanin: Não é propaganda. É uma questão de reputação.
FM: propaganda?
Zanin: Estamos discutindo aqui a reputação e mais do que isso. Existe aqui uma discussão em torno de palestras.
Inclusive colocada em dúvida pelo juízo. E nós estamos aqui fazendo a prova de que as palestras foram realizadas.
De que foram realizadas por uma pessoa de grande reputação e que havia o interesse em assistir às palestras.
Portanto, absolutamente pertinente às questões.
Moro: Qual é a próxima pergunta?
FM: Eu posso fazer uso da palavra senhor juiz?
Moro: Não. O senhor responde as perguntas que forem feitas. Qual é a próxima pergunta?
Zanin: O senhor comentou que por conta desse trabalho, desse livro que o senhor está escrevendo que envolve o presidente Lula, o senhor passou a ter uma relação próxima, inclusive, presenciou, pelo que eu entendi, contatos do ex-presidente Lula com diversas pessoas, sem que houvesse necessidade do senhor deixar o recinto. Correto?
FM: Sim, senhor. Exatamente da maneira que o senhor expôs. Em nenhum momento, mesmo que fosse em algumas conversas pelas quais eu não tinha nenhum interesse, encontro com o embaixador do Brasil no país onde a gente se encontrava. Eram conversas aleatórias, mas eu tinha sido convidado, seria indelicado da minha parte não estar presente.
Então, assistia todas. Acho que praticamente todas as conversas que ele teve e em nenhum momento eu posso dizer, eu posso assegurar que em nenhum momento, ou ele ou alguém da sua comitiva disse: olha o presidente queria que o senhor ficasse fora cinco minutos porque ele precisa tratar de um assunto particular. Zero.
Zanin: Pois não. E o senhor, nesta situação, o senhor presenciou algum ato do ex-presidente Lula que houvesse sugerido a prática de um ilícito ou então que pudesse sugerir estar ele resgatando algum ato que ele tenha praticado como presidente da República. Solicitar ou exigir uma vantagem indevida.
FM: Não. Nada, nenhum momento, nada. E, o meritíssimo fez uso da palavra propaganda o que eu repudio. Eu não estou aqui fazendo propaganda. Quero dizer, inclusive, que as viagens que eu fazia com o presidente, eu só ia no avião que o transportava quando havia lugar sobrando. Quando não havia, as minhas viagens eram pagas pela Companhia das Letras.
O Ministério Público pode averiguar. O meritíssimo juiz pode averiguar isso. Eu fui para a África do Sul com dinheiro da Companhia das Letras, fui para Cuba com o dinheiro da companhia das Letras. Eu voltei para o Brasil com dinheiro e voo pago pela Companhia da Letras. Então, em nenhum momento, eu teria razão para estar fazendo propaganda de quem quer que seja. Eu não ia jogar fora uma carreira de cinquenta anos para fazer propaganda de um presidente da República.
Zanin: Pois não. Senhor Fernando, basicamente eram essas as perguntas que eu tinha ao senhor. Eu agradeço a sua colaboração e devolvo a palavra ao magistrado.
Moro: Outros defensores têm perguntas? Ministério Público tem indagação? A acusação tem indagação? Certo. O juiz também não tem questões a serem colocadas. Vou declarar encerrado o depoimento do senhor Fernando Morais.