Da RBA
Manifestantes denunciaram criminalização dos movimentos sociais e perseguição / Foto: Facebook/Guilherme Boulos |
O líder do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST) e pré-candidato à presidência pelo PSOL, Guilherme Boulos, foi intimado pela Polícia Federal para prestar esclarecimentos sobre ação do movimento social que ocupou por duas horas, em abril, o triplex atribuído ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Guarujá, litoral de São Paulo. Ele, então, compareceu no início da tarde de desta quinta-feira (7) na sede da PF, na capital paulista, ao lado de lideranças de seu partido e de apoiadores.
Boulos
classificou sua convocação como parte de um regime autoritário vigente no país.
“Lamentavelmente, temos vivido um processo de criminalização dos movimentos
sociais. Isso nos preocupa muito, consideramos uma ameaça à democracia. É
legítimo que movimentos sociais se organizem e lutem, se expressem em seu
legítimo direito de manifestação e luta por justiça. Isso deveria ser
considerado normal em qualquer democracia. Por isso, nos preocupa esse
episódio”, avaliou.
O
pré-candidato disse que respondeu a todas as perguntas que lhe foram feitas
neste processo, que corre em segredo de Justiça. Boulos afirmou que não estava
presente no dia, pois participava no momento de compromisso de campanha, mas
que apoia a ação. “Deixei claro que não estava lá mas considero uma ação legítima
e me orgulho dela. Ela ajudou a denunciar uma farsa judicial que levou o
ex-presidente Lula injustamente para a cadeia como um preso político. Essa é
nossa posição, do PSOL e do conjunto dos movimentos sociais.”
Para
Boulos, a ocupação simbólica deveria ser encarada como um ato político e não
policial. “Isso não deveria ser tratado nesse âmbito, mas sim como discussão
política. Foi uma ação para denunciar um acontecimento que a sociedade discute
e que colocou um ex-presidente da República na cadeia. Reafirmamos com
contundência a legitimidade da ação, nossa contrariedade frente a tentativas de
criminalizar o movimento social e nossa curiosidade em saber quem é o real
proprietário daquele imóvel”, completou, ao ironizar o fato de que nenhum
proprietário reclamou o imóvel contra a ocupação.
Ao lado
de Boulos estavam os deputados federais Luiza Erundina e Ivan Valente, o
vereador de São Paulo Toninho Vespoli, o deputado estadual Carlos Giannazzi,
todos do PSOL, além do presidente da legenda, Juliano Medeiros.
“Houve
tempos de mais democracia quando movimentos eram respeitados. O poder popular
tem que ser exercido de forma autônoma e independente. Imaginar que Boulos
determina tudo que o movimento faça é não entender a pedagogia, como se
trabalha essas questões e não entender a soberania do povo. É mais um sinal do
que acontece no país de exceção no tratamento das liberdades de organização”,
afirmou Erundina.
Vespoli
também criticou o que os presentes classificaram como tentativa de intimidação.
“O que aconteceu hoje foi muito importante. Vemos o que significam nossas
instituições. Elas estão ai para fazer o que os ricos e a burguesia querem. Um
assessor do prefeito Bruno Covas (PSDB) foi pego com 100 mil reais e vários
talões de cheques e até hoje não tem investigação nenhuma. O Guilherme
significa um projeto que luta contra essa desigualdade. Se ele não lutasse, ele
não estaria aqui hoje. Tem uma perseguição política e temos que deixar claro.”
Ivan
Valente reiterou o caráter de intimidação ao movimento social. “Boulos não
esteve presente (à ocupação do triplex), não a organizou e tem o direito
de se solidarizar. Nós do PSOL estamos aqui para nos solidarizar com nosso
pré-candidato. Esse tipo de chamado é uma intimidação inaceitável. Não tem
sentido. Se é uma lógica de teoria do domínio do fato, repudiamos esse tipo de
concepção jurídica policial e política. Rejeitamos essa convocação e estamos
aqui para nos solidarizar”.