O ex-consultor Rodrigo Tacla Durán prestará depoimento nesta
terça-feira (5) sobre os bastidores da operação Lava Jato, inclusive
relacionadas a esquemas de pagamento de propina em troca de melhorias em
delações premiadas negociadas em Curitiba
247 - O
ex-consultor Rodrigo Tacla Durán prestará depoimento nesta terça-feira (5), a
partir das 10h, sobre os bastidores da operação Lava Jato, inclusive
relacionadas a esquemas de pagamento de propina em troca de melhorias em
delações premiadas negociadas em Curitiba. O ex-advogado da Odebrecht, que vive
na Espanha, será ouvido pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias por meio
de videoconferência.
De
acordo com o deputado federa Wadih Lula Damous (PT-RJ), autor do
requerimento para a Comissão ouvir o advogado em audiência pública, "ele
possui diversas informações relevantes sobre a Operação Lava Jato e, por isso,
deve ser ouvido nas instâncias adequadas e responsáveis pelo processo".
"Porém, por causa de diversas negativas injustificadas, teve violado o direito
ao devido processo legal, além da garantia ao contraditório e da ampla
defesa", disse.
Tacla
Durán também foi arrolado como testemunha de defesa do ex-presidente Luiz
Inácio Lula Da Silva por seus advogados, mas os pedidos têm sido negados pelo
juiz Sérgio Moro. A defesa do ex-presidente Lula solicitou que Durán prestasse
depoimento no âmbito do incidente de falsidade de documentos por parte da
Odebrecht, no contexto da Lava Jato.
Para o
líder do PT na Câmara, Paulo Lula Pimenta (RS), trata-se de mais um
absurdo autoritarismo de Moro contra Lula. “É um processo extremamente
importante para o País, pois envolve um ex-presidente da República que lidera
todas as pesquisas para a Presidência da República e foi condenado como preso
político, pois não há nenhuma prova nos processos que justifiquem sua
condenação”.
Histórico
Em dois
depoimentos, um à CPI da JBS e outro à defesa do ex-presidente Lula, Rodrigo
Tacla Durán mostrou documentos que não conferem com os que teriam sido obtidos
no sistema eletrônico de contabilidade da Odebrecht. Portanto, colocou em xeque
a veracidade de provas apresentadas pela Odebrecht a partir dos sistemas
Drousys e MyWebDay – largamente utilizados pela Lava Jato.
Essa
diferença pode indicar que houve alteração nos documentos. Tacla Durán submeteu
esses documentos à uma perícia na Espanha, onde mora, e a autenticidade foi
atestada. Mas uma perícia não foi feita pela Polícia Federal no Brasil.
Há
evidências de que Moro não quer ouvir Durán porque o advogado denunciou à
imprensa um suposto esquema de pagamento de propina em troca de melhorias em
delações premiadas negociadas em Curitiba.
Padrinho
de Moro – Durán afirmou que um amigo e padrinho de casamento do juiz, o advogado
Carlos Zucolotto (ex-sócio de Rosângela Wolff Moro, esposa de Moro) teria
cobrado mais de 5 milhões de dólares “por fora” para “melhorar” o acordo de
delação de Durán com os procuradores da Lava Jato liderados por Deltan
Dallagnol. Durán detalha uma série de irregularidades que envolvem
procedimentos adotados por procuradores, juízes, empresas e delatores na
chamada operação Lava Jato.
Em
novembro de 2016 Durán teve a prisão preventiva decretada pelo juiz federal
Sérgio Moro, foi preso na Espanha, mas libertado porque tem dupla cidadania, o
que impediu a extradição.
Há seis
meses, os deputados Paulo Pimenta (RS), Wadih Damous e Paulo Lula Teixeira
(PT-SP)cobraram da Procuradoria-Geral da República (PGR) investigação das
denúncias feitas por Tacla Durán contra a operação Lava Jato. As denúncias de
Durán são baseadas em farta documentação que coloca em xeque não apenas a
totalidade das delações dos executivos da Odebrecht no âmbito da operação, mas
também de todas as denúncias construídas a partir dessas delações e de outros
dados coletados a partir de sistemas de informações da empreiteira. A
procuradora-geral da República, Raquel Dodge, prometeu tomar providências, mas
até agora, nenhuma explicação foi dada.
A
Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados é presidida
pelo deputado Luiz Lula Couto (PT-PB).
*Com
informações do PT na Câmara