"Decisão do TST é para criminalizar e inviabilizar movimentos
sociais e sindicais", diz federação dos petroleiros, que aposta em
retomada da mobilização. "A defesa da Petrobras é defesa do Brasil"
Manifestação na Avenida paulista apoia petroleiros em greve por outra gestão na Petrobras |
São Paulo – A
Federação Única dos Petroleiros orientou as entidades sindicais filiadas a
suspender a greve de 72 horas iniciada
à meia-noite de ontem. A paralisação teve com objetivo acrescentar ao debate da
crise dos combustíveis o que é considerado o verdadeiro motivo da insatisfação
dos caminhoneiros e da população, que revelou apoio à categoria: a política de preços da Petrobras.
Embora a greve de advertência tivesse
cumprido a lei, com informação prévia, tempo determinado e garantia de que não haveria nem desabastecimento,
nem risco às operações da companhia, a FUP considera que o Tribunal Superior do
Trabalho adotou uma decisão política.
O TST classificou o movimento
"abusivo" por antecipação, antes mesmo de começar. Desse modo, diz a
FUP, "joga o jogo do capital". As multas diárias de R$ 500 mil
saltaram para R$ 2 milhões, acrescidas da criminalização do
movimento, com estímulo do tribunal a que a Polícia Federal passasse a
perseguir o movimento sindical.
"Essa multa abusiva e extorsiva
jamais seria aplicada contra os empresários que submetem o país a locautes para
se beneficiarem política e economicamente. Jamais seria imposta aos empresários
que entregam patrimônios públicos, aos que destroem empregos e violam direitos
dos trabalhadores", afirma nota da federação dos petroleiros. "A
decisão do TST é claramente para criminalizar e inviabilizar os movimentos
sociais e sindicais."
A FUP considera a suspensão da greve
"um recuo momentâneo" para que o movimento, aprovado nacionalmente
pela categoria, seja retomado. "Essa grave violação dos direitos
sindicais será amplamente denunciada."
Íntegra da nota da FUP
Não nos calarão
Os petroleiros
novamente deixam sua marca na defesa da soberania. A luta contra a privatização
da Petrobrás ganhou a sociedade. A categoria colocou em debate os interesses
que pautam a política de preços dos combustíveis, deixando claro o projeto da
gestão Pedro Parente de sacrificar o povo brasileiro e a soberania do país para
cumprir os ditames do mercado financeiro e das grandes corporações
internacionais.
Antes do protesto
legítimo dos caminhoneiros contra os preços abusivos do diesel, a FUP e seus
sindicatos já haviam aprovado uma greve nacional para deter a escalada
descontrolada de aumentos do gás de cozinha e dos derivados, cobrando a
retomada da produção a plena carga das refinarias e o fim das importações de
derivados.
Diante da situação
caótica em que se encontra o país, desgovernado e refém das imposições do
mercado que manda e desmanda na Petrobrás, uma empresa que é estratégica para a
nação, os petroleiros não poderiam se omitir. E, como em outros momentos da
história, se levantaram e enfrentaram os desmandos do Tribunal Superior do
Trabalho, que mesmo ciente de que a greve de advertência da categoria não
causaria riscos de desabastecimento, tomou a decisão arbitrária e política de
decretar a ilegalidade do movimento, assumindo o golpe e agindo como um
tribunal do capital.
Os petroleiros não
recuaram e seguiram em frente, ganhando a solidariedade dos movimentos sociais
e de várias outras categorias, dentro e fora do país. A população veio junto e
apoiou a greve, pois sofre os efeitos do desmonte da Petrobrás, que vão muito
além da disparada dos preços do gás de cozinha e dos combustíveis. A
privatização conduzida por Pedro Parente, os desinvestimentos, a transferência
para a Ásia das encomendas de plataformas e navios desmontaram a indústria
nacional, aumentaram o desemprego em massa e fizeram o PIB despencar.
O TST joga o jogo
do capital e não deixaria barato a greve dos petroleiros. As multas diárias de
R$ 500 mil saltaram para R$ 2 milhões, acrescidas da criminalização do
movimento. O tribunal cobrou da Polícia Federal investigação das entidades
sindicais e dos trabalhadores, em caso de desobediência. Essa multa abusiva e
extorsiva jamais seria aplicada contra os empresários que submetem o país a
locautes para se beneficiarem política e economicamente. Jamais seria imposta
aos empresários que entregam patrimônios públicos, aos que destroem empregos e
violam direitos dos trabalhadores.
A decisão do TST é
claramente para criminalizar e inviabilizar os movimentos sociais e sindicais.
Diante disso, a FUP orienta os sindicatos a suspenderem a greve. Um recuo
momentâneo e necessário para a construção da greve por tempo indeterminado, que
foi aprovada nacionalmente pela categoria. Essa grave violação dos
direitos sindicais será amplamente denunciada.
Estamos diante de
mais um desdobramento do golpe que fragiliza cada vez mais as instituições e o
Estado Democrático de Direito. O enfrentamento é de classe e precisa da união
de toda a sociedade.
A pauta pela
mudança da política de preços da Petrobrás é de todos os brasileiros, pois diz
respeito à luta histórica contra a exploração do país, que desde os tempos de
colônia vem tendo seus bens minerais espoliados pelas nações imperialistas. É
assim que ocorre ainda hoje com o nosso petróleo. E por isso, a população está
pagando preços absurdos pelo gás de cozinha e pelos combustíveis.
Os petroleiros
saem da greve de cabeça erguida, pois cumpriram um capítulo importante dessa
luta, ao desmascarar os interesses privados e internacionais que pautam a
gestão da Petrobrás. O representante da Shell que o mercado colocou no Conselho
de Administração da empresa já caiu. O próximo será Pedro Parente.
Sigamos em frente,
pois a defesa da Petrobrás é a defesa do Brasil.
Fonte:
RBA