Comprometida até o pescoço com o golpe de 2016, a imprensa
familiar brasileira, que apoiou o golpe de 2016, destinado a entregar riquezas
nacionais, como o pré-sal, a grupos internacionais, tenta salvar Pedro Parente,
presidente da Petrobras, mesmo que o preço a se pagar seja a destruição
completa do País; ao apontar as causas do caos, o Estado de S. Paulo lista
vários motivos – quase todos eles falsos – e omite o principal: a política de
preços de Parente na estatal
247 – Comprometida até o pescoço com o golpe de 2016, a
imprensa familiar brasileira, que apoiou o golpe de 2016, destinado a entregar
riquezas nacionais, como o pré-sal, a grupos internacionais, tenta salvar Pedro
Parente, presidente da Petrobras, mesmo que o preço a se pagar seja a
destruição completa do País.
Ao apontar as causas do caos, o
Estado de S. Paulo lista vários motivos – quase todos eles falsos – e omite o
principal: a política de preços de Parente na estatal. O Estado cita a
incompetência de Michel Temer, o que está correto, mas todas as outras causas
apontadas – como a chantagem dos caminhoneiros – são equivocadas. Na prática,
quem chantageia o Brasil, com uma política de preços irresponsável, é Parente.
Leia
o artigo de Mauro Santayanna e entenda por que o inimigo é Parente – e não os
caminhoneiros:
Por Mauro Santayanna – Nada de novo na forma como o Brasil atual está tratando e vendo a greve
convocada pelos caminhoneiros em protesto contra os sucessivos e absurdos
aumentos dos combustíveis, que passam de 50% em alguns meses.
O senso comum imposto
ininterruptamente a marretadas por uma mídia irresponsável e ideologicamente
comprometida e o discurso oficial, mentiroso, hipócrita e mendaz, continuam se
apoiando na tese, ou melhor, no conto do vigário, de que a Petrobras teria
quebrado em algum momento de sua história devido à política de preços adotada
nos governos Lula e Dilma.
Quando, na verdade, o vaivém
dos preços era, pelo contrário, usado inteligentemente para impedir os
aumentos, com a empresa guardando dinheiro quando a cotação do dólar e dos
combustíveis lhe eram favoráveis, para subsidiar a compra de diesel e gasolina
quando os preços estavam mais altos lá fora, evitando sacudir o mercado e o
bolso dos consumidores com o desce e sobe (mais sobe do que desce) idiota e
terrorista dos dias de hoje, em que um sujeito não pode sequer programar uma
viagem de dois dias sem saber quanto vai gastar.
Uma doutrina baseada no
"laissez faire" do mercado que só facilita a vida dos especuladores e
dos donos de postos de gasolina, que também deveriam ter sido chamados à mesa
de negociação.
Caminhoneiros e cidadãos comuns
estão fartos de saber que, depois que sobem, em uma espécie de lei de
contra–gravidade, que é extremamente grave e prejudicial para o país, os
combustíveis, principalmente o diesel e a gasolina – que não dão safras sazonais
como o álcool – jamais voltam a cair de preço na ponta dos revólveres das
bombas dos postos, a não ser na ordem ridícula dos centavos, em uma espécie de
gozação cruel com a cara do consumidor brasileiro.
Em janeiro de 2016, o jornal
ligado a uma importante rede de televisão brasileira publicou uma matéria
tentando explicar, geopoliticamente, a razão para a queda de 60% da cotação do
petróleo em menos de dois anos.
O texto citava, entre outras
motivações, o aumento da produção de óleo de xisto nos Estados Unidos para 9
milhões de barris por dia, e a decisão da Arábia Saudita de tentar atrapalhar a
indústria de exploração desse recurso nos EUA, aumentando a oferta e vendendo o
petróleo da OPEP a 25 dólares o barril, além da volta de outros fornecedores de
petróleo ao mercado, como o Irã, após o fim de sanções impostas àquele país
pela ONU.
Essas notícias não foram
publicadas há 14 anos. Elas saíram, inacreditavelmente, e com grande destaque,
há menos de 15 meses.
E é fantástico que, na
cobertura da greve dos caminhoneiros, com a grave crise internacional dos
preços do petróleo, que ainda continua, elas tenham sido escandalosamente
apagadas, como os desafetos de Stalin, da história "oficial".
Como se nunca tivessem
ocorrido, omitidas pelo Ministério da Verdade – o Miniver do livro 1984, de
George Orwell – em que se transformou a grande mídia neoliberal.
Com dezenas de
"analistas" sendo chamados a toda hora, alguns deles figuras
carimbadas do desgoverno do senhor Fernando Henrique Cardoso, para repisar a
mentira deslavada de que a suposta crise que "obriga" a Petrobras a
aumentar o preço dos combustíveis a todo momento é culpa da política de
estabilização de preços internos criteriosamente adotada durante anos pelos
governos anteriores.
Como se o preço internacional
do petróleo bruto não tivesse caído de 115 dólares em agosto de 2013, para 111
dólares em junho de 2014, 50 dólares em março de 2015, e 30 dólares em janeiro
de 2016.
Como se isso não tivesse
afetado em nada as contas da empresa, que produz quase três milhões de barris
de petróleo por dia.
E como se obviamente a política
de preços adotada pelos governos de Lula e Dilma no mercado interno não tivesse
nada a ver com o que estava acontecendo com o mercado internacional.
Mesmo assim, como mostram
exaustivamente dados divulgados pela AEPET, a Associação dos Engenheiros da
Petrobras, a empresa nunca esteve quebrada.
Ela teve, apesar da política de
estabilização dos preços internos de combustíveis e gás de cozinha adotada
pelos governos Lula e Dilma, uma geração operacional de caixa de 33 bilhões de
dólares em 2011, de 27 bilhões de dólares em 2012, de 26 bilhões de dólares em
2013, de 26 bilhões de dólares em 2014, de 25 bilhões de dólares em 2015, e de
26 bilhões de dólares em 2016, ano do golpe midiático–parlamentar que derrubou
Dilma Roussef e desestabilizou o país levando–o à catastrófica situação
jurídica, econômica e política em que se encontra agora.
Situação, aliás, em que
prefere–se insistir em apresentar à opinião pública a tese calhorda, apoiada
pela mesma velha plêiade de "analistas" e "especialistas"
de um lado só, de que a culpa do que está acontecendo com a desastrosa política
de preços imposta pela atual diretoria da Petrobras é do PT.
Que, tendo economizado 380
bilhões de dólares apenas em reservas internacionais e deixado mais 800 bilhões
(260 bilhões de reais em dinheiro) em ativos no BNDES, fora o pagamento da
dívida de 40 bilhões de dólares com o FMI, teria sido responsável por jogar a
empresa no buraco e por "quebrar" o Brasil, deixando–o na condição
que ainda ocupa de quarto maior credor individual externo dos EUA.
Sem aumentar a dívida pública,
que em 2002 ainda era maior do que é agora.
A importância atribuída pelo
terrorismo midiático à queda no valor das acões da Petrobras também é ridícula.
As ações de qualquer empresa do
mundo flutuam e as da Petrobras se mantêm estáveis no médio prazo.
Elas estavam em 20 reais em
maio de 2013, caíram para 5 reais no início de 2016 – quando foram usadas pelos
especuladores para fazer rios de dinheiro e ajudar a derrubar Dilma – e estão
em 25 reais agora.
Tenho orgulho de ser um
modestíssimo acionista da Petrobras.
Os idiotas que, para baixar
ainda mais a cotação, venderam a cinco reais, às vésperas do impeachment,
influenciados pelo ódio contra o governo e o desprezo pela maior empresa
brasileira se deixaram influenciar por uma mídia distorcida e pelo preconceito
ideológico.
Com isso, quem ganhou
gigantescas fortunas foram os gringos, que apostaram dezenas de bilhões de
dólares na empresa, como fez George Soros na época do impeachment, porque
sabiam e continuam sabendo que a Petrobras vai continuar sendo um dos maiores
negócios do mundo, e se não a destruírem totalmente, uma das mais avançadas
organizações na geração de tecnologia para o setor petrolífero, como mostra o
fato de ser a mais premiada companhia na OTC, a Offshore Tecnology Conference,
o "oscar" global da exploração de petróleo em águas profundas.
O resto é especulação de curto
prazo, em que "notícias" e boatos ajudam a fazer fortunas,
literalmente da noite para o dia, como mostra a variação de mais de 10% nas
ações da Petrobras nas últimas 48 horas.
O que não pode variar, como as
ações, ao sabor do preconceito e da ideologia viralatista, pseudo–privatista e
entreguista, é a indiscutível importância estratégica da maior empresa
brasileira (condição que não se mede pelo seu valor em bolsa).
O que a greve dos
caminhoneiros, com suas filas de caminhões nas estradas e ameaça de suspensão
de viagens aéreas e de desabastecimento de gêneros essenciais, principalmente
alimentícios, mostra, clara e didaticamente, é que uma Petrobras mal
administrada, como está ocorrendo agora, pode fazer muito mais mal ao país do
que ao bolso de seus acionistas.
Ela pode paralisar o Brasil, e,
por isso, tem que ser vista – ao contrário do que afirmou o Sr. Pedro Parente
ontem – não como uma empresa privada com objetivo de gerar mais lucro para seus
acionistas, mas como uma decisiva conquista – desde a campanha "O Petróleo
É Nosso". da qual temos orgulho de ter participado – de todos os
brasileiros.
Como um fator de fundamental
importância, como mostra a existência de empresas semelhantes, da Arábia
Saudita à Noruega, em todo o mundo, do ponto de vista estratégico, para o
funcionamento da nação e o desenvolvimento econômico e social do país.
Da Petrobras o povo brasileiro
espera poucas coisas.
Que não se entreguem as
riquezas que ela descobriu sozinha, no fundo do mar, com tecnologia própria, a
preço de banana, aos gringos, é uma delas.
Principalmente quando se
considera que o rasteiro discurso privatista vigente está apenas despindo o
Estado brasileiro para beneficiar governos estrangeiros, abrindo o pré–sal para
estatais norueguesas e chinesas, ou grupos em que o governo é o principal acionista,
como a francesa Total.
A outra é que o preço dos
combustíveis não mude, principalmente para cima, a cada vez que o Sr. Pedro
Parente troca de camisa.
Também seria razoável que não
se mentisse sobre a situação real da empresa, agora e no passado, e se provasse
a afirmação de que a Petrobras sofreu – sem que sequer um membro de comissão de
licitação fosse investigado – um assalto de 6 bilhões de reais, nunca
inequivocamente comprovado. Esse mito foi estabelecido com a cumplicidade de
uma empresa norte–americana, cuja história está eivada de escândalos e de
"barrigadas", lamentavelmente chamada a fazer uma
"auditoria" na empresa, por um governo teoricamente nacionalista.
Mas isso já seria demais quando
vivemos em um país em que reina a jurisprudência da delação e do punitivismo
mais reles e implacável. Em que se extraem as narrativas mais estapafúrdias de
empresários constantemente ameaçados de prisão e de definitivo fechamento de
suas empresas , se não se submeterem a "delatar" o que querem que
delatem
Em que a condução irresponsável
de uma guerra jurídica baseada na denúncia e na descarada criminalização da
atividade política, da democracia e do presidencialismo de coalizão, levou ao
sucateamento de centenas de bilhões de reais em obras e projetos judicialmente
interrompidos, a centenas de milhares de demissões e à quebra de um igual
número de acionistas, investidores e fornecedores.
Quanto à "negociação"
do governo com os caminhoneiros – muitos dos quais devem estar arrependidos de
ter bloqueado estradas contra Dilma – a suspensão da cobrança de pedágio a
veículos que estejam circulando vazios, com o terceiro eixo levantado, é muito
mais efetiva do que a pretendida queda ou suspensão de impostos dos
combustíveis oferecida pelo governo aos transportadores e motoristas autônomos,
dinheiro que vai acabar, com quase absoluta certeza, no bolso dos donos dos
postos de gasolina, que, se não houver controle de preços, dificilmente
repassarão essa queda para os consumidores.
Finalmente, a reoneração da
folha de pagamento de mais de 20 setores da economia atinge o país em uma
região do fígado que é a mais sensível para os mais pobres, depois do deletério
efeito sobre o emprego do punitivismo anti–empresarial da Operação Lava–Jato e
a irresponsável e inócua – em termos fiscais – esterilização, pelo governo, com
sua devolução antecipada e desnecessária ao tesouro nacional, de 260 bilhões de
reais que se encontravam nos cofres do BNDES quando Temer assumiu. Esses
recursos poderiam ter sido investidos em novos projetos e na retomada de obras
de infraestrutura com a geração de milhares de postos de trabalho.
O Sr. Pedro Parente foi claro
ontem na televisão. O compromisso do atual governo, com relação à Petrobras, é
– o que não está conseguindo fazer a contento – agregar valor para os seus
acionistas.
O compromisso dos governos
anteriores era controlar a inflação e permitir o abastecimento de combustíveis
e a livre circulação de mercadorias, para cumprir o seu papel de garantir
condições razoáveis de vida para a população e o funcionamento normal da nação.
Era também o de assegurar, a
preços razoáveis, gás de cozinha para milhões de brasileiros – segundo o IBGE
já seriam 1,2 milhão de famílias – que, hoje, em mais uma "conquista
neoliberal inesquecível", reviram caçambas em todo o país catando lenha
para preparar a sua refeição de cada dia.
(este
artigo foi originalmente publicado na RBA)