Tem um meme que circula na internet que mostra uma
menina chorando, vestindo a camisa da Seleção Brasileira, que diz: “Essa eu não
quero, é a camisa do pato”.
O uniforme da Seleção Brasileira encalhou, porque virou símbolo de algo
muito ruim: um movimento que destruiu a economia brasileira e tirou do poder
uma presidente sem crime de responsabilidade.
Símbolo de um movimento que não foi pelo bem do Brasil,
mas por vingança, o terceiro turno das eleições de 2014.
No Carnaval, a Acadêmicos do Tuiuti colocou na Sapucaí passistas com o
uniforme da Seleção, montados na alegoria de um pato da Fiesp e guiados por uma
mão grande.
Além de golpista, a camisa da CBF virou então sinônimo de tolo,
manipulado – o manifestoche, na definição do carnavalesco Jack Vasconcelos.
E manchou com a cor da vergonha a Seleção Brasileira, sem exagero o
retrato mais fiel do que este país é, um país de negros, mestiços.
Se faltam oportunidades na sociedade em geral, no futebol lá estão
eles, depois de vencerem muitos obstáculos.
Meritocracia de verdade. O enganador, branco ou preto,
não dura. É preto no branco.
Talvez seja esta a razão de a Seleção Brasileira ter sido tão
prestigiada: fazia todos se se sentirem representados.
Mas não está empolgando mais.
Na semana passada, o baterista do Ira André Jung se manifestou no
Facebook:
“A um mês da Copa e nada de verde e amarelo … sinto que o movimento
paneleiro, hoje morto de vergonha, é o grande responsável pelo fracasso nas
vendas de camisas, bandeiras, faixas e outros símbolos pátrios. A camisa da
seleção virou uniforme de pato.”
Neste fim de semana, durante a Virada Cultural, João Gordo, do Ratos do
Porão, foi mais direto:
“Tá chegando a copa e eu não vejo NINGUÉM com a camisa do Brasil. Pq
essa camisa virou sinônimo de filho da puta, de golpista”.
Sinônimo do que foi o maior engodo da história recente no Brasil.
O verde e amarelo se tornaram as cores da vergonha
Uma camiseta que nos faz lembrar da foto que viralizou às vésperas do
impeachment: o casal rico com os filhos no carrinho caminhando para a
manifestação, todos de verde e amarelo, exceto a babá, negra, de uniforme
branco. Um país que querem só pra eles, não para ela.
Como esquecer?
Entre outras muitas coisas, o golpe tirou do Brasil a alegria de torcer
pela Seleção.
Ainda vamos torcer, pode apostar, quando o brasileiro entrar em campo e
mostrar ao mundo o talento no futebol.
Mas torceremos sem a alegria de antes.
A camisa amarela, o escudo da CBF, sempre nos fará lembrar de que o
Brasil se tornou um país onde o maior líder popular foi preso — sem provas de
que é corrupto — e os corruptos comprovados estão soltos.
Um país usurpado.
Um país indefensável.
Fonte: DCM