O advogado apontado pelos doleiros de Dario Messer como
operador de um esquema para vender proteção no Ministério Público Federal e na
Polícia Federal em Curitiba já foi acusado de trabalhar para o PSDB no Paraná.
“O advogado do Alberto Youssef operava para o PSDB, foi indicado pelo
(governador) Beto Richa para a coisa de saneamento, tinha vinculação com o
partido”, disse o Rodrigo Janot em 2014, quando era procurador-geral da
república e a revista Veja publicou a capa com a suposta declaração de Youssef
de que Lula e Dilma Rousseff sabia da corrupção na Petrobras.
A suspeita era a de que Figueiredo
Basto vazou a informação (distorcida, agora se sabe) para a revista, que a usou
numa reportagem de capa de uma edição que foi antecipada e acabou utilizada
pela campanha de Aécio Neves.
Figueiredo Basto é conhecido por representar réus que
obtiveram a homologação de acordo de colaboração com Sergio Moro e foi, durante
mais de um ano, conselheiro da Sanepar, a empresa de Saneamento do Paraná.
Youssef obteve o acordo duas vezes, em 2004, quando foi acusado de
envolvimento no caso Banestado, e em 2014, quando foi preso por operar como
doleiro em esquemas que envolviam desvio de dinheiro na Petrobras.
O advogado também representou Tony Garcia, ex-deputado estadual,
denunciado por comandar um golpe que lesou milhares de pessoas no consórcio
Garibaldi, em 2005.
Com o acordo, negociado em nome da Procuradoria por Carlos Fernando dos
Santos Lima, Tony Garcia se comprometeu a devolver 12 milhões de reais, mas não
saldou essa dívida.
No papel de colaborador, ele aceitou grampear pessoas indicadas por
Sergio Moro, entre as quais estava o empresário Ricardo Saboia Khury, filho do
ex-presidente da Assembléia Legislativa do Paraná, Anibal Khury, acusado de lavagem
de dinheiro.
“Eles pressionaram tanto o Ricardo Khury que ele entrou
em depressão e se suicidou”, diz um empresário de Curitiba que acompanhou o
caso.
“Queriam dinheiro para que ele não ficasse sob o chicote de Moro”,
acrescenta. Entre os que pressionaram Khury, estaria o advogado Figueiredo
Basto, advogado de Tony Garcia, que denunciou Khury.
O jeito agressivo de Basto pode ser conferido num vídeo que está
disponível na internet, em que o advogado, durante uma audiência na Vara de
Sergio Moro, interroga o delegado da Polícia Federal aposentado Gérson Machado.
Quando chefiava a Polícia Federal em Londrina, o delegado alertou
Sergio Moro, em 2006, que Youssef, colocado na rua pelo juiz depois de um
acordo celebrado com Figueiredo Basto como advogado, estava delinquindo outra
vez.
O alerta não produziu efeitos práticos, já que Youssef continuou
operando até o início de 2014, quando foi preso na operação Lava jato. Chamado
a depor pela defesa de um dos acusados da Lava Jato, o delegado confirmou o
alerta. Porém, Basto parece não ter gostado e pediu para fazer perguntas.
Questionou o delegado por que ele tinha sido aposentado precocemente.
“Foi em razão de saúde”, explicou o policial. “Que problema? Mental?”, insistiu
o advogado. Moro interveio e disse que ele não poderia seguir naquela linha.
Figueiredo Basto parou de fazer perguntas, mas lamentou que não se estava
buscando a verdade.
Em 2008, o delegado teve crise de depressão depois que peitou Moro e
tentou invalidar o acordo de delação com Youssef. Foi examinado por uma junta
médica e aposentado compulsoriamente.
Há um elo que liga Figueiredo Basto diretamente a Moro.
É Joel Malucelli, o empresário milionário que se gaba de ser amigo do
juiz. Tão amigo que, há alguns anos, promoveu o encontro entre Moro e o cantor
Fagner, em Curitiba, oportunidade em que se divertiram juntos no bar de outro
amigo da turma, João Zucoloto, irmão do advogado Carlos Zucolotto Júnior,
aquele que foi acusado por Rodrigo Tacla Durán de tentar lhe vender facilidade
em acordo de delação.
Malucelli venceu uma licitação na Sanepar, para a contratação de sua
empresa de seguro, com homologação de Figueiredo Basto, quando este era
conselheiro da empresa estatal, nomeado pelo governador tucano Beto Richa.
Malucelli, agora investigado na Lava Jato, foi o maior doador da
campanha de Álvaro Dias a senador, em 2014.
Através de duas empresas, deixou R$ 1,3 milhão (em valores da época)
nos cofres da campanha do senador, na época filiado ao PSDB, hoje no Podemos, partido
pelo qual pretende disputar a Presidência da República. Malucelli é presidente
estadual do Podemos.
É uma panela, e o primeiro a denunciar um grupo restrito de amigos que
dá as cartas em alguns setores influentes no estado foi Rodrigo Tacla Durán, advogado
que prestou serviços para a Odebrecht.
Agora, o que Tacla Durán disse é confirmado pelos doleiros de Messer
que foram presos, enquanto o chefe se encontra foragido, provavelmente em
Israel, onde tem cidadania, por ser judeu.
Juca Bala e Cláudio Souza acusam Figueiredo Basto de cobrar propina
para serem poupados de investigação do Ministério Público Federal e da Polícia
Federal.
Tacla Durán foi a primeiro a dizer que, no time de Deltan Dallgnol, não
há nenhum santo. Foi ele quem denunciou ter sido pressionado a contratar alguém
da “panela” de Curitiba para ser poupado na Lava Jato.
Há pouco, Tacla Durán postou no Twitter a manchete do Estadão “Advogado
de delatores é acusado de cobrar propinas”. E escreveu: “PANELA DE CURITIBA
FERVE!!!!
Fonte:
DCM