Sérgio Moro assumiu as investigações a partir da Lava Jato
sobre o ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB-PR) e determinou que a PF abra
um inquérito contra o tucano para apurar o suposto favorecimento à Odebrecht na
licitação da PR-323, no noroeste do Paraná; em delações premiadas, o
ex-presidente do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht Benedicto Júnior
e do ex-executivo da construtora na região Sul, Valter Lana, afirmaram que o
tucano recebeu pelo menos R$ 2,5 milhões como caixa dois para a campanha
eleitoral de 2014; áudios do MPF também complicam ainda mais a vida dele
Paraná 247 - Sérgio
Moro assumiu as investigações a partir da Operação Lava Jato sobre o
ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB-PR) e determinou que a Polícia Federal
(PF) abra um inquérito contra o tucano para apurar o suposto favorecimento à
Odebrecht na licitação da PR-323, no noroeste do Paraná. Foi concedido um prazo
de 30 dias para que a PF e o Ministério Público Federal (MPF) continuem as
apurações.
Richa
foi citado nas delações premiadas do ex-presidente do Setor de Operações
Estruturadas da Odebrecht Benedicto Júnior e do ex-executivo da Odebrecht na
região Sul, Valter Lana. Os depoimentos foram divulgados no ano passado.
Segundo
os delatores, o ex-governador, que deixou o cargo para disputar o Senado este
ano, recebeu pelo menos R$ 2,5 milhões como caixa dois para a campanha
eleitoral de 2014 - ano em que foi reeleito - porque consideravam que se
tratava de um político promissor. Ambos também informaram que não houve uma
contrapartida específica.
Benedito
Júnior esclareceu que os valores foram lançados internamente como gastos no
projeto de duplicação da PR-323, na qual a Odebrecht atuou.
No
despacho, Moro disse que "ainda no desdobramento das investigações, foi
descoberta a existência, no Grupo Odebrecht, do asssim denominado Setor de
Operações Estruturadas, consistente em um departamento específico encarregado,
na empresa, de realizar pagamentos não-contabilizados, entre eles de vantagem
indevida a agentes públicos".
Em
nota, a defesa de Richa afirmou que aguarda a decisão de um recurso contra a
decisão que determinou a remessa da investigação para a Justiça Federal,
conforme relato do G1. "A defesa entende que, com o julgamento deste
recurso, deverá ser reformada a decisão proferida, determinando a remessa para
a Justiça Eleitoral, nos mesmos moldes de decisões de casos similares".
O
Diretório Estadual do PSDB voltou a afirmar que todas as doações eleitorais nas
campanhas do ex-governador Beto Richa ocorreram em conformidade com a
legislação vigente e estão amparadas pela aprovação da Justiça Eleitoral.
Tucano pode se complicar mais
O que
também pode complicar ainda mais a vida do ex-governador são osáudios do MPF
obtidos pela IstoÉ apontando que o então chefe de gabinete do seu governo,
Deonilson Roldo, tentou convencer Pedro Rache, diretor-executivo da Contern,
uma construtora do grupo Bertin, a desistir da licitação para duplicação da
PR-323 (negócio de R$ 7 bilhões), porque, de acordo com o chefe de gabinete, a
obra estaria prometida para a Odebrecht.
Segundo
o aúdio, Deonilson Roldo afirmou a Rachae: "A gente tem um compromisso
nessa obra aí. Queria ver até onde a gente pode entrar para que esse
compromisso não seja desrespeitado".
De
acordo com a reportagem da revista, em contrapartida pela desistência da
Contern no processo licitatório da PR-323, Roldo ofereceu ajuda do governo em
outro negócio de interesse do Grupo Bertin no Complexo de Aratu, no litoral da
Bahia, onde o grupo possuía seis usinas térmicas, porém buscava um parceiro.