Ameaças, ataques físicos durante manifestações e assassinatos
de jornalistas, infelizmente, ainda são realidade no Brasil; de acordo com a
Classificação Mundial de Liberdade de Imprensa, divulgada pela organização
Repórteres Sem Fronteiras (RSF), o Brasil ocupa, este ano, a posição 102ª no
ranking dos 180
países com mais liberdade de imprensa
Por Marieta Cazarré -
Repórter da Agência Brasil
Ameaças,
ataques físicos durante manifestações e assassinatos de jornalistas, infelizmente,
ainda são realidade no Brasil. De acordo com a Classificação Mundial de
Liberdade de Imprensa, divulgada pela organização Repórteres Sem Fronteiras
(RSF), o Brasil ocupa, este ano, a posição 102ª noranking dos
180 países com mais liberdade de imprensa.
Segundo
a organização, as dificuldades são agravadas pela falta de um mecanismo
nacional para a proteção dos profissionais da mídia e por um clima de
impunidade alimentado pela corrupção onipresente.
"A
liberdade de informar está longe de ser uma prioridade para as autoridades em
meio ao alto nível de instabilidade política. A propriedade dos meios de
comunicação continua a ser muito concentrada, especialmente nas mãos de grandes
famílias industriais que estão frequentemente ligadas à classe política. A
confidencialidade das fontes dos jornalistas está sob ataque constante e muitos
repórteres investigativos foram submetidos a processos judiciais
abusivos", defende a RSF.
Na
América Latina, entre os países piores colocados estão o México (147º),
Venezuela (143º), Honduras (141º), Colômbia (130º), Guatemala (116º), Bolívia
(110º) e Paraguai (107º).
O
Uruguai está na 20º colocação e é visto como um modelo para a região. De acordo
com a RSF, "as regulamentações comunitárias de transmissão e o acesso à
informação garantem um ambiente favorável aos jornalistas no Uruguai. A Lei dos
Serviços de Comunicação de Radiodifusão, adotada em dezembro de 2014, incentiva
o pluralismo dos meios de comunicação e estabeleceu um Conselho de Comunicações
de Radiodifusão independente do governo".
Europa
A
animosidade em relação aos jornalistas é crescente e os dados chamaram a
atenção do Parlamento Europeu, que fez um apelo à proteção da liberdade e do
pluralismo dos meios de comunicação, numa resolução adotada semana passada, no
dia 3 de maio, Dia Internacional da Liberdade de Imprensa.
O
Parlamento Europeu, em uma resolução votada no final de abril, recomendou a
criação de um organismo regulador independente para identificar ameaças e uso
da violência contra jornalistas em cooperação com organizações do setor.
Apenas
no final do ano passado, em um intervalo de cinco meses, dois jornalistas foram
mortos na Europa. Daphne Caruana Galizia, uma jornalista de investigação
maltesa que ficou conhecida pela sua apuração referentes aos “Panama Papers”,
foi assassinada na explosão do seu carro armadilhado em Malta. E o jornalista
eslovaco Ján Kuciak, que investigava a máfia, foi assassinado com a sua
companheira, Martina Kušnírová.
Os
eurodeputados apelaram ainda aos Estados-Membros que garantam um financiamento
público adequado aos meios de comunicação como forma de promover e proteger os
meios de comunicação pluralistas, independentes e livres. A resolução também
sublinha a importância de garantir condições dignas de trabalho para os
jornalistas, o que inclui a ausência de pressões externas, da dependência, da
vulnerabilidade e da instabilidade.
Para a
RSF, a classificação reflete a influência de líderes como Putin, na Rússia
(148ª) e Xi Jinping, na China (176ª), "que limitam vozes independentes e
controlam o fluxo de notícias e informação".
Preocupação Mundial
Para a
RSF, a pressão e as ameaças aos profissionais da mídia vem sendo encorajadas
abertamente por líderes políticos que, cada vez mais, desacreditam o papel dos
meios de comunicação, identificando os jornalistas como adversários e
recorrendo ao abuso verbal.
Mesmo
na Europa, região onde é mais seguro ser jornalista, de acordo com os dados, foram
observadas quatro das maiores quedas na classificação deste ano: Malta desceu
da 18ª para a 65ª posição; a República Tcheca da 11ª para a 34ª; a Sérvia da
10ª para a 76ª; e a Eslováquia da 10ª para a 27ª posição.
Os
primeiros do ranking são
Noruega, Suécia, Países Baixos, Finlândia e Suíca.
Em
2018, em todo o mundo, os dados revelam a morte de 12 jornalistas, 4
jornalistas cidadãos e de 2 outros profissionais da mídia. Entre os presos
estão 177 jornalistas, 126 jornalistas cidadãos e 15 outros profissionais dos
meios de comunicação.