Duas
semanas depois de tomar posse, a governadora Cida Borghetti ainda não confirma
o nome do novo secretário da Fazenda. Três convites para três diferentes
pessoas foram feitos. Duas recusaram de pronto; um terceiro sondado só aceita
assumir o cargo depois de conhecer as realidades financeira do estado em geral
e administrativa da secretaria da Fazenda em particular.
É
compreensível: à governadora ainda não foi possível desvendar totalmente um
mistério de que tomou conhecimento assim que assumiu – por que ela estava
recebendo tanta reclamação de atraso nos pagamentos a fornecedores se, conforme
se propagandeava, o caixa do governo estava nadando em dinheiro?
Parte do
mistério já foi desfeito: descobriu-se bagunça generalizada nos sistemas de
controle de receitas e despesas do estado a partir da decisão do ex-secretário
Mauro Ricardo Costa de colocar em funcionamento um novo software para
desempenhar estas tarefas, sem esperar o tempo e as condições técnicas
necessárias para fazer a migração entre o antigo programa e o novo. Os dois
sistemas “não se conversam”.
Outra
parte do mistério, sob investigação, diz respeito aos motivos que levaram a
secretaria da Fazenda a adquirir, por muitos milhões de reais (fala-se em R$ 30
milhões), um novo programa quando o anterior, segundo técnicos da área ouvidos
pelo Contraponto, funcionava muito bem, com segurança, rapidez e
consistência.
Mas o
fato grave é que, por dispor de dois sistemas que não se “conversam”, pagamento
de contas com fornecedores, repasses de convênios e milhares de outras
operações rotineiras estão parados ou gerando resultados estapafúrdios. Há
milhares de prestadores de serviços ao governo assim como prefeitos à espera de
recursos que lhes foram prometidos, que não conseguem receber seus créditos –
e, portanto, também não pagam os terceirizados que contrataram.
É
impossível saber para quem, quantos são e a quanto montam as dívidas do estado.
E, por isso, está também difícil fazer a transferência dos duodécimos
orçamentários devidos aos órgãos da administração direta.
A solução
encontrada é fazer tudo “à unha”. Cida Borghetti determinou a criação de uma
força-tarefa para levantar a lápis toda a situação e devolver todos os dados ao
velho software, para, só depois, com tempo e com mais acurada técnica, fazer
gradativamente a migração dos dados para o novo. Se é que isto se demonstre
realmente necessário.
Enquanto
isso, o melhor é manter respondendo interinamente pela secretaria o
diretor-geral George Hermann Rodolfo Tormin, importado de outras plagas
para ser o “homem forte” da secretaria pelo ex-titular Mauro Ricardo.
Fonte:
Contraponto