PT e
SESP-PR divulgam informações divergentes sobre os disparos; Bolsonaro diz que
“aquele tiro é uma mentira”
Jair
Bolsonaro (PSL) é deputado federal e pré-candidato à Presidência da
República /
Fábio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil
O jornalista
Karlos Eduardo Antunes Kohlbach, assessor de imprensa da Secretaria de
Segurança Pública e Administração Penitenciária do Paraná (SESP-PR), também se
apresenta como assessor de imprensa do comitê de campanha do deputado Jair
Bolsonaro (PSL) em Curitiba. Esta semana, Kohlbach divulgou em um grupo de
repórteres no WhatsApp a
agenda oficial de Bolsonaro no Paraná. No mesmo grupo, o assessor da SESP-PR
informou o posicionamento da pasta sobre as investigações do atentado à caravana do
ex-presidente Lula (PT).
Questionado
pela reportagem do Brasil de Fato sobre
o vínculo com o comitê, Kohlbach confirmou nesta quinta-feira (29): “Assessoria
de imprensa é comigo”. Por telefone, o jornalista explicou que o trabalho é
eventual e não remunerado.
A
função do assessor de imprensa é fazer uma ponte entre o assessorado e os
repórteres e “essencialmente elaborar políticas e estratégias de comunicação” –
conforme o Manual de Assessoria de Imprensa da Federação Nacional dos Jornalistas(Fenaj).
Divergências
A
SESP-PR, o Partido dos Trabalhadores (PT) e o pré-candidato Jair Bolsonaro
estão no epicentro das disputas de narrativa sobre o atentado à caravana de
Lula.
A
Secretaria declarou que Lula teria chegado de helicóptero à Universidade
Federal da Fronteira Sul (UFFS) no último dia 27, por isso não estaria no
ônibus da caravana no momento do ataque a tiros. Na mesma nota à imprensa, a
assessoria divulgou que “não houve, por parte do ex-presidente, pedido de escolta”.O pré-candidato Jair Bolsonaro foi além: declarou em entrevista coletiva
nesta quarta-feira (28) no Paraná que “aquele tiro é uma mentira”.
As
informações divulgadas pela SESP-PR foram contestadas pelo Diretório Estadual
do Partido dos Trabalhadores (PT-PR). As lideranças estaduais do partido
esclareceram que “Lula chegou no local em um dos ônibus da Caravana, no qual fez o trajetode Quedas do Iguaçu a Laranjeiras, como foi presenciado por centenas de pessoase por profissionais de diversos órgãos de imprensa”.
Quanto
ao pedido de escolta, a equipe do ex-presidente divulgou um ofício protocolado
na SESP-PR no dia 14 de março em que solicita “aos organismos de Segurança Pública do Estado do Paraná o apoio demedidas que possam garantir a segurança e tranquilidade para esses eventos”.
De acordo com Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do partido, a escolta
policial deveria ser uma dessas medidas.
Serviço prestado ao comitê
Karlos
Kohlbach assumiu o cargo comissionado na SESP-PR em janeiro de 2015, quando o
deputado federal Fernando Francischini (PSL) estava à frente da pasta.
Francischini é o principal apoiador da campanha de Bolsonaro no Paraná e
tornou-se conhecido pela atuação no “massacre do Centro Cívico”, em 29 de abril
de 2015, que deixou mais de 200 feridos durante protesto de professores em
Curitiba.
O Brasil de Fato entrou
em contato com o assessor na tarde desta quinta-feira (29). Primeiro, via WhatsApp, para
confirmar a atuação no comitê de campanha de Bolsonaro. Em seguida, por
telefone, para ouvir a versão de Kohlbach sobre um suposto acúmulo de funções.
Na
conversa por telefone, o jornalista contradisse a informação enviada pelo WhatsApp –
“assessoria de imprensa [do comitê de Bolsonaro] é comigo”. Kohlbach declarou
que o serviço de repasse de informações para a campanha de Bolsonaro é eventual
e não configura uma relação de trabalho. A colaboração com o comitê, sem
remuneração, teria sido feita a pedido de Francischini, amigo pessoal do
jornalista.
O
trabalho como assessor de imprensa da SESP-PR não exige dedicação exclusiva.
Além das colaborações eventuais ao comitê de Bolsonaro e do deputado
Francischini, Kohlbach também é autor de um blog de política no portal Massa News. Na entrevista ao Brasil de Fato,
o jornalista esclareceu que não publica no blog temas relativos à segurança
pública do Paraná para não se valer de informações privilegiadas.
Brasil de Fato