Deputados
paranaenses veem manobra para ocultar derrota na aprovação da reforma
Canziani:
“Não vota mais esse ano”
(foto:
Gilmar Felix)
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A intervenção
militar no Rio de Janeiro faz parte de uma manobra política do governo Temer
para “ocultar” o provável fracasso da votação da Reforma da Previdência. A
avaliação é de deputados federais da bancada paranaense, incluindo
parlamentares da base do próprio governo. Prevista para ser colocada em votação
nesta terça, 20, a proposta acabou tendo a tramitação suspensa após o decreto
de intervenção no Rio. Isso porque a Constituição proíbe a votação de Propostas
de Emenda Constitucional durante a vigência de intervenção federal nos Estados.
“Foi desculpa para barrar a votação da
reforma. Não acredito que vá votar neste ano mais. O Brasil vai ter que fazer
essa reforma. Isso (a intervenção no Rio) foi a pá de cal, vai ficar para
depois da eleição. Mas dizer que o Brasil não precisa de uma reforma, não”,
afirma o deputado federal Alex Canziani (PTB), que integra a base governista.
Canziani se diz favorável a uma reforma, mas ainda avaliaria a proposta final.
“Em tese sou favorável à reforma, mas até chegar o texto ainda poderia mudar
alguma coisa. A maioria da bancada do Paraná tem visão da importância da
reforma”, afirma.
Até um dia antes do decreto de
intervenção, a maioria dos deputados paranaenses era favorável à impopular
reforma na previdência proposta pelo governo, segundo parlamentares ouvidos
pelo Bem Paraná. Após a previsão de que a reforma não será votada neste ano
eleitoral, alguns que se diziam favoráveis passaram a indecisos e os contrários
reforçaram seus posicionamentos.
Malvinas — Para o deputado federal Ênio
Verri (PT), da oposição, muitos que votariam com o governo agora vão se dizer
contrários à reforma. “Agora todo mundo é contra a reforma da previdência. Por
que o deputado vai dizer que é a favor de uma reforma que ninguém quer quando
ela não será mais votada?”, questiona.
Segundo Verri, entre os 30 deputados paranaenses,
20 votariam a favor da reforma. “Contra a reforma votariam uns dez, sendo
otimista. Os outros 20 votariam tranquilamente a favor da reforma”, aponta.
Para o petista, a iminente derrota do
governo fez com que o decreto do Rio de Janeiro fosse antecipado, já que a
Constituição não pode receber emendas na vigência de intervenção federal, de
estado de defesa ou de estado de sítio.
“Na década de 80 o general argentino
(Leopoldo) Galtieri, para desviar o foco da eleição, invadiu as Ilhas Malvinas.
Michel Temer fez a mesma coisa. Não pôs para votar porque não tinha os 308
votos. Constatada uma crise na segurança do Rio de Janeiro, ele podia fazer a
intervenção na sexta-feira. Fez antes porque está provado que ele não tem a
ampla maioria que prega ter”, acusa.
Verri afirma, no entanto, que a reforma
ainda pode ser votada depois das eleições, mas antes do fim do mandato de
Temer. “Ele vai segurar isso até 1º de dezembro, vai avaliar a renovação de
aproximadamente 50% (dos deputados que não serão reeleitos), vai atrás dos
derrotados e vai tentar aprovar ainda neste mandato. Ele tem que pagar a conta.
É a cereja do bolo do governo. Ele está fazendo tudo que o mercado financeiro
queria. Ele não pode entregar o mandato dele sem entregar a previdência”,
ataca.
Bem Paraná