Ocupada
há 12 anos, a área é palco de um dos mais emblemáticos da luta pela terra do
estado
Os agricultores cultivam agricultura
diversificada,
produzem leite e criam suínos / Divulgação
MST
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Cerca de 60
famílias de agricultores sem terra do acampamento Irmã Dorothy, a seis
quilômetros de Barbosa Ferraz, no noroeste do Paraná, estão sob ameaça de
despejo por parte do Governo do Estado. A área, de 415 hectares, foi
ocupada em 2005 por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
(MST).
O
assessor de Assuntos Fundiários do Paraná, Hamilton Serighelli, informou que
tratativas para uma saída pacífica estão sendo buscadas. De acordo com
Serighelli, o impasse esbarra na falta de disposição do proprietário em
negociar com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
No
local, os sem-terra criaram toda a infraestrutura com recursos próprios e
cultivam agricultura diversificada, como verduras, frutas, feijão e milho,
produzem leite e criam suínos.
Acirramento dos conflitos
agrários
Até
2015, o Incra manifestava o interesse em comprar a fazenda, porém o órgão não
se manifestou posteriormente para resolução do conflito. Essa postura tem sido
questionada pelo MST. “O Incra age como se não fosse o responsável direto por
isso. Se comporta como rege o núcleo central do golpe no governo federal. Aos
pobres e desprotegidos, nada”, afirma João Flávio, da coordenação estadual do
movimento. Na avaliação do militante, o cenário de crise no campo tem se
aprofundado desde o golpe colocou Michel Temer na presidência da república.
O
coordenador do MST também destaca o agravamento do conflito agrário no Paraná
em decorrência da política da Casa Civil do Governo do Estado, apontando o
secretário Valdir Rossoni como articulador dessas recentes ações com uso de
força policial. “O Rossoni é o porta-voz público do capital agrário no Paraná e
disputa com força seus interesses dentro do governo estadual”. Para João
Flávio, “um despejo no acampamento Irmã Dorothy será uma das maiores injustiças
da década”.
Em
19 de outubro, 300 famílias que ocupavam a fazenda Lúpus, em Alto Paraíso,
também no noroeste do Estado, foram despejadas em ação da polícia do Paraná.
Eles ocupavam um latifúndio improdutivo de 1200 alqueires do grupo Nutriara,
desde 27 de julho deste ano. Outra comunidade ameaçada de despejo no fim do mês
passado é Maila Sabrina, em Faxinal, no norte do Paraná. Após pressão, a
reintegração foi suspensa pelo governo estadual.
Brasil de Fato