O senador Aécio Neves amplificou a divisão
no PSDB faltando um mês da reunião que elegerá o novo comando do partido e
destitui o senador Tasso Jereissati do comando interino da sigla; em seu lugar
assume o ex-governador de São Alberto Goldman; depois de uma conversa
rápida, Aécio pediu que o colega entregasse o cargo, mas Tasso disse que
preferia que a decisão partisse do próprio Aécio; nesta quarta-feira (8), Tasso
se lançou candidato à presidência do partido, com um discurso forte de combate
à corrupção, reconhecimento de erros e anunciando a adoção de regras de
governança para os filiados; líder do golpe parlamentar que arruinou o
País e sua democracia, Aécio dá um golpe agora no próprio partido
(Reuters) - O presidente
licenciado do PSDB, senador Aécio Neves (MG), retirou o também senador Tasso
Jereissati (CE) do comando interino da legenda e indicou nesta quinta-feira o
ex-governador de São Paulo Alberto Goldman para dirigir a sigla até a convenção
marcada para início de dezembro que elegerá o novo presidente tucano.
Em carta a Tasso,
Aécio afirmou que tomava a atitude em vista da formalização da candidatura do
parlamentar cearense ao comando do PSDB na convenção marcada para o dia 9 de
dezembro.
"Conforme
conversa que tivemos hoje, em razão da sua candidatura à presidência do PSDB,
formalizada ontem, e com o objetivo de garantir a desejável isonomia entre os
postulantes, estou reassumindo a presidência do partido e, ato contínuo,
indicando o nosso mais antigo vice-presidente, o ex-governador de São Paulo
Alberto Goldman, para conduzir com imparcialidade a eleição que se dará na
convenção nacional marcada para o próximo dia 9 de dezembro", afirma Aécio
na carta.
O
governador de Goiás, Marconi Perillo, também já anunciou sua candidatura ao
comando do PSDB e disputará o cargo com Tasso no início do próximo mês.
Aécio
se licenciou do comando do partido após ser gravado pelo empresário Joesley
Batista, um dos donos da J&F, holding que controla a JBS, tratando da
entrega de 2 milhões de reais que seriam usados em sua defesa na operação Lava
Jato.
O
senador mineiro, derrotado pela ex-presidente Dilma Rousseff no segundo turno
da eleição de 2014, afirma que os recursos seriam um empréstimo que
posteriormente seria formalizado e que foi alvo de uma armação de Joesley, que
estava em busca de benefícios de um acordo de delação premiada.
A
destituição de Tasso por Aécio se dá em um momento de racha interno do PSDB. Os
deputados do partido, que têm quatro ministros no governo do presidente Michel
Temer, votaram divididos nas duas denúncias criminais contra o peemedebista.
Uma
parcela dos tucanos, entre eles Tasso, defende o desembarque do partido do
governo federal, enquanto uma outra, que tem Aécio entre seus expoentes,
defende a permanência.
Além
disso, a infidelidade de parte dos tucanos na votação das denúncias contra
Temer têm aumentado a pressão dos partidos do chamado centrão para que o
presidente desaloje os tucanos de cargos e ministérios e contemple aliados do
centrão que se mostraram mais fiéis ao governo.
O PSDB
ocupa o Ministério das Cidades, com o deputado Bruno Araújo (PE); a Secretaria
de Governo, com o deputado Antonio Imbassahy (BA); o Ministério das Relações
Exteriores, com o senador Aloysio Nunes (SP), e o Ministério dos Direitos
Humanos, com Luislinda Valois. Os comandos das Cidades e da Secretaria de
Governo são os mais cobiçados pelos partidos do centrão.
A
cizânia dentro do tucanato também acontece em um momento em que o partido ainda
não tem definido seu candidato à Presidência da República no ano que vem.
O
governador paulista, Geraldo Alckmin, é visto como nome mais provável, mas o
prefeito de Manaus, Arthur Virgílio já manifestou interesse em se candidatar e
o prefeito de São Paulo, João Doria, tem se movimentado nacionalmente, embora
não tenha admitido publicamente a intenção de concorrer.
Doria,
inclusive, protagonizou um entrevero público com Goldman, novo presidente
interino do PSDB, ao afirmar, em resposta a críticas feitas pelo ex-governador
à sua gestão à frente da prefeitura paulistana, que o correligionário era um
"fracassado" que ficava em casa "de pijamas".