O senador Roberto Requião afirmou que o Brasil está "à
deriva e esses analfabetos, esses tapados permanecem indiferentes à destruição
da nação brasileira, à entrega do petróleo, dos minérios, das terras. Fecham os
olhos às privatizações suspeitas, à liquidação da indústria nacional, à
transformação do país em estado associado das potencias estrangeiras";
"São ou não são tremendos analfabetos políticos, tapados absolutos o juiz,
o procurador, o policial federal, o defensor público, o ministro do TCU, os
ministros de tribunais superiores que, por exemplo, veem passivamente, inertes
o governo – todo
ele atolado em denúncias de corrupção – vendendo o patrimônio público com
absoluta liberdade de ação?"
Paraná 247 - O senador
Roberto Requião afirmou nesta quarta-feira (11) que, atualmente, o
analfabetismo político predomina em amplos setores da sociedade brasileira,
incluindo aí Parlamento, o Judiciário, o Ministério Público e a imprensa:
"O Brasil à
deriva e esses analfabetos, esses tapados permanecem indiferentes à destruição
da nação brasileira, à entrega do petróleo, dos minérios, das terras. Fecham os
olhos às privatizações suspeitas, à liquidação da indústria nacional, à
transformação do país em estado associado das potencias estrangeiras",
afirmou.
De acordo com o
parlamentar, o Brasil está "à beira da extinção, e os corredores desta
casa, as galerias, os nossos gabinetes e as comissões sufocados por
reivindicações corporativas. Aumento de vencimentos, ampliação de privilégios,
isenções, exceções à regra, criação de castas, licença para o porte de armas,
autorização para matar",
"São ou não
são tremendos analfabetos políticos, tapados absolutos o juiz, o procurador, o
policial federal, o defensor público, o ministro do TCU, os ministros de
tribunais superiores que, por exemplo, veem passivamente, inertes o
governo – todo
ele atolado em denúncias de corrupção – vendendo o patrimônio público com
absoluta liberdade de ação?", questionou.
Leia a íntegra do
pronunciamento:
Talvez estejamos
vivendo hoje um dos momentos mais sombrios da história pátria.
Contraditoriamente,
nesse tempo em que a celeridade e a universalidade da informação rompem e
desvelam qualquer fronteira, nesse tempo assistimos ao esplendor da ignorância,
da desinformação e do obscurantismo.
Talvez fosse assim
o tempo todo, mas a restrição e elitização dos meios de comunicação impedissem
que o distinto público se fizesse ouvir além dos círculos que frequentava.
A internet
destaramelou a língua e destravou a inibição de dezenas de milhares de
brasileiros.
É livre falar, é
só falar, diria Millôr Fernandes.
E o que se fala?
Umberto Eco,
irritadíssimo com o que lia na internet, disse que as redes sociais haviam dado
voz a uma legião de imbecis.
No entanto, pelo
menos no que toca o caso brasileiro, não é bem assim; quer dizer, não foi
apenas a um grupo de iletrados, gente grosseira e abrutalhada que as redes
sociais deram voz e visibilidade.
O analfabetismo
político não é um privilégio daqueles supostamente incultos, rústicos. Ou dos
leitores da Folha de S. Paulo que opinam com desinibição notável sobre qualquer
assunto, do futebol à política, atropelando pelo caminho as relações
internacionais, a cultura, a religião e a filosofia.
O analfabetismo político,
nesses dias tão trevosos da história pátria, dá os ares de sua desgraça no
Parlamento, no Executivo, no Judiciário, no Ministério Público, na Academia,
nas Igrejas, nas ditas altas rodas da dita alta sociedade.
E claro,
entroniza-se com fanfarras e foguetório nas redações de nossa gloriosa mídia,
notadamente a mídia comercial e monopolista.
(Deixei de lado os
economistas de mercado, os comentaristas da Globonews e da CBN porque quero bem
a alguns analfabetos e não quero alinhá-los a tal companhia)
Berthold Brecht,
com agudeza que o fez um dos mais reverenciados intelectuais do século XX,
definiu, para sempre, o que é um analfabeto político.
Para Brecht, o
pior de todos os analfabetos é o analfabeto político, pelo extenso mal que
causa à sociedade.
Diariamente, os
corredores desta casa e da casa ao lado atulham-se de pessoas assim.
O Brasil à beira
da extinção, e os corredores desta casa, as galerias, os nossos gabinetes e as
comissões sufocados por reivindicações corporativas. Aumento de vencimentos,
ampliação de privilégios, isenções, exceções à regra, criação de castas,
licença para o porte de armas, autorização para matar.
O Brasil à beira
da extinção e os ocupantes dos assentos desta casa e da casa vizinha voltados
para o próprio umbigo, cegos para a realidade das coisas.
Permutam, negociam
uma pinguela, uma estrada, uma cisterna, um posto de saúde, uma agência do
Banco do Brasil ou da Caixa, a nomeação de apaniguados, de cabos eleitorais, de
compadres…… pela soberania nacional.
Que se lhes dá,
desde que lucrem pixulecos, uma changa, uma peita, uma molhadura?
Para o analfabeto
político, pouco importa se vendem as nossas terras e as nossas florestas.
Se entregam o
nosso petróleo e as riquezas minerais.
Se arrasam o
parque industrial brasileiro.
Se, sob os
aplausos da mídia venal, leiloam as hidrelétricas a preços de pipoca,
entregando-as (pasmem, ó analfabetos!) para empresas controladas
pelo Estado francês, chinês e italiano.
Que se dá a eles,
esses analfabetos, se os gastos públicos são congelados por inacreditáveis
vinte anos.
Se provocam a
contração da economia e depois comemoram a queda da inflação e a redução dos
juros.
Se liquidam
direitos e pulverizam conquistas.
O Brasil à beira
da extinção como Nação soberana, e os analfabetos políticos, no Judiciário, no
Ministério Público e na Polícia Federal, do Tribunal de Contas da União, da
Defensoria Pública Federal com a cabeça enterrada na areia do combate à
corrupção.
Esses analfabetos
políticos graduados não atilam que a grande corrupção é a entrega do país aos
interesses imperiais, sempre a preço vil, sempre sob trâmites suspeitos, sempre
promovida por gente suspeita, por gente escolada em todo o tipo de compra e
venda.
São ou não são
tremendos analfabetos políticos, tapados absolutos o juiz, o procurador, o
policial federal, o defensor público, o ministro do TCU, os ministros de
tribunais superiores que, por exemplo, veem passivamente, inertes o
governo – todo
ele atolado em denúncias de corrupção – vendendo o patrimônio público com absoluta
liberdade de ação?
Ora, senhoras e
senhoras justiceiros, queridas e queridos. Será que não ocorre às senhoras e
aos senhores que são pessoas que deveriam estar na cadeia que estão à
frente da venda das hidrelétricas, do petróleo, dos minérios, de terras, da
floresta amazônica, dos portos, aeroportos e estradas?
As senhoras e os
senhores acreditam que desta vez eles está agindo honestamente?
Para mim, esta é a
maior prova de que o combate à corrupção é apenas um biombo, um pretexto
deslavado para a submissão total, irrestrita do Brasil à globalização imperial.
E pergunto, e faço
uma pergunta incômoda: não seriam também corruptos os que fecham os olhos para
a liquidação da soberania nacional? Não seriam eles cúmplices dessa falcatrua
inominável, abjeta?
O pior analfabeto
é o analfabeto
político.
Ele não ouve, não
fala,
nem participa dos
acontecimentos políticos.
Ele não sabe o
custo de vida,
o preço do feijão,
do peixe, da farinha,
do aluguel, do
sapato e do remédio
dependem das
decisões políticas.
O analfabeto
político não sabe, não quer saber ou se sabe é conivente, porque é um quinta
coluna, um traidor, que a desnacionalização do sistema elétrico e do setor do
petróleo, que a privatização da infraestrutura aeroportuária, rodoviária,
ferroviária e hidroviária, que a desindustrialização e a primarização da
economia brasileira levará o país a se transformar em um mero…. ……estado
associado das grandes potencias, renunciando para sempre a soberania, a
dignidade, o respeito, a autoestima, a honra, o desenvolvimento e a boa
qualidade de vida para sua gente.
Mas……
O analfabeto político
é tão burro que se orgulha
e estufa o peito dizendo
que odeia a
política.
O analfabeto
político é tão idiota que se apaixona perdidamente, prontamente pelos políticos
que dizem que não são políticos; pelos políticos que também dizem que odeiam a
política.
O analfabeto
político está sempre pronto para aderir ao primeiro picareta que surja na
esquina desfraldando as bandeiras da moralidade, da ética e da política sem partidos.
Os analfabetos
políticos adoram os “administradores”, os “técnicos”, os “empresários de
sucesso”.
Os analfabetos
políticos têm queda por apresentadores de televisão, técnicos de vôlei,
procuradores da República, juízes federais, ex-ministros do Supremo que namoram
candidaturas à Presidência da República.
E não adianta os
trágicos exemplos da história sobre esses salvadores da pátria, esses
iluminados, esses apolíticos.
O analfabeto
político, em sua ignorância impermeável, ceratinosa está sempre alerta,
eternamente vigilante para apoiar até mesmo um Luciano Huck, um Dória
ou -quem duvida? – um Alexandre Frota.
Ou a
ex-apresentadora da Globo, Valéria Monteiro, que anunciou a pretensão de se
candidatar à Presidência da República e que está à procura de quem lhe dê uma
legenda e um programa de governo……
Oh, deus
misericordioso!
Senhoras e
senhores, arremato com a parte final do poema de Brecht sobre o analfabeto
político:
Não sabe o imbecil
que
da sua ignorância
política
nasce a
prostituta,
o menor abandonado,
e o pior de todos
os bandidos,
que é o político
vigarista,
pilantra, corrupto
e lacaio
das empresas
nacionais ou multinacionais.