O Congresso
Nacional promulgou nesta quarta-feira (4) a Emenda Constitucional que veda as
coligações de partidos em eleições proporcionais e estabelece a cláusula de
desempenho, que gradativamente impede a propaganda de rádio e TV e o repasse de
dinheiro do fundo partidário a partidos pequenos.
Durante
a sessão solene de promulgação da chamada EC 97/2017, o presidente do
Congresso, senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), disse que as mudanças irão
"eliminar as contradições programáticas" e atendem a uma
"reivindicação que se estende para além do processo eleitoral".
"Trata-se de medidas que se debruçam sobre a nova ordem democrática em
busca de mais ética, transparência, justiça e equilíbrio no âmbito da representação
política do Brasil", afirmou.
Aprovada
ontem (3) pelos senadores, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 33/2017 é
originária do Senado, mas como foi alterada na Câmara, precisou de uma nova
votação dos senadores. Caso as propostas de criação de um fundo público para
financiar campanhas não sejam aprovadas até a próxima sexta-feira (6), esta
será a única mudança de reforma política que valerá para as eleições de 2018.
Além de
proibir coligações partidárias em eleições para deputados e vereadores, a
partir de 2020, a emenda cria uma cláusula de desempenho para que os partidos
só tenham acesso aos recursos do Fundo Partidário e ao tempo de propaganda
gratuita no rádio e na televisão se atingirem um patamar mínimo de candidatos
eleitos em todo o país.
A
partir de 2030, somente os partidos que obtiverem no mínimo 3% dos votos
válidos, distribuídos em pelo menos um terço dos estados, terão direito aos
recursos do Fundo Partidário. Para ter acesso ao benefício, os partidos também
deverão ter elegido pelo menos 15 deputados distribuídos em pelo menos um terço
dos estados.
O mesmo
critério será adotado para definir o acesso dos partidos à propaganda eleitoral
gratuita no rádio e na televisão. A mudança, no entanto, será gradual,
começando pelo piso de 1,5% dos votos válidos e nove deputados federais eleitos
nas eleições de 2018; chegando a 2% e 11 deputados eleitos, em 2022; a 2,5% e
13 eleitos em 2026, até alcançar o índice permanente de 3% e 15 eleitos em
2030.
A
solenidade contou com a presença do ministro das Relações Exteriores, Aloysio
Nunes, que é senador licenciado, do vice-presidente da Câmara, Fábio Ramalho
(PMDB-MG), da relatora da proposta na Câmara, deputada Shéridan (PSDB-RR), além
de diversos parlamentares.
Ontem
(3), após a votação, Eunício Oliveira já havia elogiado a aprovação da matéria.
"Nós, hoje, acabamos com essa coisa esdrúxula chamada coligações
partidárias proporcionais. Também criamos a cláusula de desempenho, que vai
moralizar a vida pública brasileira, diminuindo essa quantidade enorme de partidos",
disse o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE).
Durante
a tramitação na Câmara, a matéria sofreu críticas de parlamentares de partidos
pequenos. Para o líder do PSOL, deputado Glauber Braga (RJ), a cláusula de
barreira pode levar à extinção de partidos com pequena representação mas que
têm algum tipo de ideologia. "Do jeito que foi aprovado, você coloca em
xeque partidos programáticos, ideológicos, que não são os partidos da ordem,
que são os grandes partidos brasileiros, que podem ser numericamente pequenos
hoje, mas que podem ser a opção dos brasileiros amanhã", reclamou, na
ocasião.
Agência
Brasil