Em mais uma fase da Lava Jato, a Polícia Federal prendeu, na
manhã desta quinta-feira, Aldemir Bendine, ex-presidente do Banco do Brasil e
da Petrobras; segundo a PF, Bendine e pessoas a ele relacionadas teriam
solicitado vantagem indevida em razão dos cargos exercidos para que o Grupo
Odebrecht não viesse a ser prejudicado em futuras contratações da Petrobras; em
troca, o grupo teria efetuado o pagamento em espécie de ao menos R$ 3 milhões
247 - Aldemir Bendine, ex-presidente do Banco do
Brasil e da Petrobras, é alvo da 42ª fase da Operação Lava Jato
deflagrada pela Polícia Federal (PF) na manhã desta quinta-feira (27) no
Distrito Federal, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo.
Segundo a PF, Bendine e pessoas a ele relacionadas
teriam solicitado vantagem indevida em razão dos cargos exercidos para que o
Grupo Odebrecht não viesse a ser prejudicado em futuras contratações da
Petrobras e, em troca, o grupo teria efetuado o pagamento em espécie de ao
menos R$ 3 milhões.
Aparentemente, ainda de acordo com a PF, estes
pagamentos somente foram interrompidos com a prisão de Marcelo Odebrecht.
A operação foi batizada de Cobra e cumpre três
mandados de prisão temporária e 11 de busca e apreensão.
O nome da operação é uma referência ao codinome
dado ao principal investigado nas tabelas de pagamentos de propinas apreendidas
no chamado Setor de Operações Estruturadas da Odrebrecht durante a 23ª fase da
operação.
Abaixo, reportagem da Reuters:
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Polícia Federal prendeu
nesta quinta-feira o ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine, em nova fase
da operação Lava Jato, por suspeita de ter recebido junto com parceiros
pagamento irregular de 3 milhões de reais da empreiteira Odebrecht já durante o
curso da maior investigação de combate à corrupção da história do país.
Bendine foi presidente-executivo da Petrobras de
fevereiro de 2015 a maio de 2016, tendo sido indicado para o cargo pela então
presidente Dilma Rousseff após a deflagração da Lava Jato. Antes de assumir a
petroleira, Bendine fora presidente do Banco do Brasil.
De acordo com as investigações, Bendine já havia
solicitado pagamento de propina no valor de 17 milhões de reais à Odebrecht na
época em que estava à frente do banco para viabilizar a rolagem de dívida de um
financiamento da empreiteira, mas o pagamento não foi efetuado, segundo o
Ministério Público Federal (MPF).
No entanto, às vésperas de assumir a Petrobras,
Bendine e seus operadores voltaram a pedir pagamento de propina da empreiteira,
que acabou pagando 3 milhões de reais de forma irregular em troca de benefícios
dentro da estatal de petróleo, inclusive em relação às consequências da Lava
Jato, de acordo com os investigadores.
"A colaboração premiada dos executivos da
Odebrecht foi o ponto de partida das investigações. A partir daí, a
investigação se aprofundou e revelou estreitos vínculos entre os investigados e
permitiu colher provas de corroboração dos ilícitos narrados", disse o MPF
em comunicado.
A operação desta quinta-feira, 42ª fase da Lava
Jato, recebeu o nome de "Cobra", em referência ao codinome dado a
Bendine nas planilhas de pagamentos ilegais da Odebrecht, de acordo com a
Polícia Federal.
Um e-mail enviado ao escritório de advogados que
defende Bendine não foi respondido de imediato na manhã desta quinta.
Em junho, quando o juiz federal Sérgio Moro
autorizou abertura de inquérito para investigar Bendine, o escritório Bottini
& Tamasauskas Advogados negou que o ex-presidente da Petrobras tenha
cometido as supostas irregularidades.
Procurada nesta quinta-feira, a Petrobras não
respondeu imediatamente a pedido de comentário sobre a prisão de Bendine. No
início de maio, quando surgiram as primeiras informações sobre suspeita de
propina paga pela Odebrecht a Bendine, o diretor-executivo de Governança e
Conformidade da Petrobras, João Elek, afirmou a jornalistas que as
irregularidades apontadas foram investigadas internamente e nada havia sido
comprovado.
Desde que fechou acordos de delação premiada e
leniência com as autoridades brasileiras, a Odebrecht tem afirmado que
reconheceu seus erros, pediu desculpas públicas e está comprometida a combater
e não tolerar a corrupção em quaisquer de suas formas. Também afirma entender
que é responsabilidade da Justiça a avaliação de relatos específicos feitos por
seus executivos e ex-executivos.
Abaixo, reportagem da Agência Brasil:
Aécio Amado - Repórter da Agência Brasil
A Polícia
Federal cumpre na manhã desta quinta-feira (27) mandados judiciais, entre eles,
três de prisão temporário e 11 de busca e apreensão na 42ª fase da Lava Jato.
Os alvos principais, segundo nota do Ministério Público Federal no Paraná
(MPF-PR), são Aldemir Bendine, ex-diretor da Petrobras e do Banco do Brasil
(BB), e operadores financeiros suspeitos de participarem do recebimento de R$ 3
milhões em propinas pagas pela Odebrecht.
Bendine
esteve no comando do BB entre 17 de abril de 2009 e 6 de fevereiro de 2015, e
foi presidente da Petrobras entre 6 de fevereiro de 2015 e 30 de maio de 2016.
De acordo com o MPF-PR, existem evidências de que ele pediu propina à Odebrecht
AgroIndustrial.
“Numa
primeira oportunidade, um pedido de propina no valor de R$ 17 milhões realizado
por Aldemir Bedine à época em que era presidente do Banco do Brasil, para
viabilizar a rolagem de dívida de um financiamento da Odebrecht AgroIndustrial.
Marcelo Odebrecht e Fernando Reis, executivos da Odebrecht que celebraram
acordo de colaboração premiada com o Ministério Público, teriam negado o pedido
de solicitação de propina porque entenderam que Bendine não tinha capacidade de
influenciar no contrato de financiamento do Banco do Brasil”, diz a nota
Além
disso, segundo o MPF, “há provas apontando que, na véspera de assumir a
presidência da Petrobras, o que ocorreu em 6 de fevereiro de 2015, Aldemir
Bendine e um de seus operadores financeiros novamente solicitaram propina a
Marcelo Odebrecht e Fernando Reis. Desta vez, as indicações são de que o pedido
foi feito para que o grupo empresarial Odebrecht não fosse prejudicado na
Petrobras, inclusive em relação às consequências da Operação Lava Jato.”