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Flamengo ganhou a Copa União, torneio organizado pelo C13 em
1987
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Há 30 anos os grandes clubes do país se rebelaram contra a
CBF, fundaram uma entidade própria e organizaram de forma independente o
Campeonato Brasileiro, batizado como Copa União. Arrumaram patrocinadores e
negociaram a transmissão com a televisão. Assim, eles rompiam com "o velho
poder"" e iniciavam uma revolução. Ao longo dos anos, o Clube dos 13 não
manteve o fôlego mostrado em sua criação e se encerrou em 2011. Hoje, os
protagonistas daquele movimento veem o futebol brasileiro e as agremiações
piores e até mais atrasados do que em 1987.
A avaliação é de Carlos Miguel Aidar, Márcio Braga e
Celso Grellet. Há 30 anos, eles eram: presidente do São Paulo, presidente
do Flamengo e diretor de marketing do Clube dos 13, respectivamente.
O trio teve papel
decisivo para que o C13 saísse do plano das ideias e virasse realidade. Os
dois primeiros conseguiram convencer os dirigentes de Atlético-MG, Botafogo,
Corinthians, Cruzeiro, Fluminense, Grêmio, Internacional, Santos
e Vasco que o movimento seria melhor para todos. Depois chamaram também o
Bahia. O segundo buscou patrocinadores para bancar o torneio e a Globo para
fazer a transmissão.
Hoje,
eles sentem que muitos passos foram dados, mas infelizmente para trás.
"A
CBF acaba de dar mais um golpe no futebol brasileiro, mudando o que fala da
legislação, que determina a participação majoritária dos clubes, e ela dá peso
para as federações. Portanto, voltou a situação anterior. Continuam roubando o
futebol brasileiro de uma forma vil. E não vejo nenhuma reação. Ex-presidente
da CBF preso. Outro escondido. E o atual nem pode sair do país. E os clubes não
falam nada. A situação para retomar o poder é o grande momento. Não vejo
acontecer nada", lamentou Márcio Braga
O cartola se
refere a mudança que a CBF fez em seu estatuto, em 27 de março deste ano. Ela
deu poder absoluto para as 27 federações estaduais escolherem quem será o
presidente da entidade. Como? Deu a elas peso 3 na eleição. Já os 20 times da
elite terão peso 2, enquanto os da Série B ficarão com peso 1.
"O
futebol brasileiro dá dois passos para frente e um para trás. Até hoje se fala
em um embrião de uma liga de clubes, quando, na verdade, o movimento
iniciou", disse Celso.
"Naquele ano,
a gente era muito ambicioso. Nos já dizíamos: 'Olha, se criarmos um campeonato
de nível, não vamos mais vender jogador. Vamos importar. Os estádios vão estar
lotados. Os patrocínios vão aumentar. Direitos de televisão vão aumentar. Temos
condição de fazer uma NBA no nosso futebol. Não vamos mais exportar jogadores'.
Nada disso acabou virando. Não se organizou um campeonato nesses termos. Os
clubes não assumiram o poder. As federações continuaram mandando e recentemente
ganharam até mais poder", acrescentou Grellet.
Aidar
vai além e vê a CBF até mais forte do que há 30 anos.
"A
CBF é uma mina de ouro. Ela produz muito recurso se bem gerida. Tanto para o
mal como para o bem. Ela produz. Veja os bons contratos que ela tem.
Se você tivesse uma liga, todos esses recursos iriam para os clubes. A CBF iria
cuidar da seleção e ponto. Como é na Itália, na Inglaterra, na Argentina.
Mas ela não quer essa mudança", disse.
Grellet relembrou
que mesmo em 1987 era difícil fazer todos dirigentes entenderem o avanço que
o Clube dos 13 representava. E que tinham brigas que indicavam que a
organização local era tarefa árdua. Vale citar que a criação da entidade foi
antes da Premier League e antes da Uefa dar início a era da Champions
League.
"Fomos
pioneiros. Mas muitos tinham dificuldade para enxergar o futuro. É preciso fazer
um estudo antropológico, sociológico para entender porque as pessoas que
comandam o futebol brasileiro tem um nível intelectual tão baixo. A
rivalidade burra acaba enfraquecendo os clubes e fortalecendo as
entidades", disse Grellet.
Até
quem não tinha envolvimento algum com o futebol, mas incentivou o início do
Clube dos 13 vê as coisas piores. É o caso de Jorge Giganti, que em 1987 era
presidente da Coca-Cola no Brasil e cujo apoio foi fundamental naquele
momento.
"O
início do Clube dos 13 e da Copa União fo um intento sério para mudar
a estrutura medieval, de senhores feudais que existia na época no futebol. E
está se repetindo. Não sou um conhecedor profundo do ambiente do futebol. Mas
ao me ver nada mudou muito em 30 anos no Brasil. Em 1987, além dos
feudos, estava a monarquia. O rei estava na CBF. Eu nunca soube concretamente
como a CBF engoliu o sapo no início, mas eu sabia que aquilo não ocorreria por
muito tempo. E parece que acertei", disse Giganti.
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Dirigentes das principais equipes do país acertar a fundação do Clube dos 13, em 1987 |
Há possibilidade
de mudança?
A
resposta dos entrevistados foi afirmativa. Mas daí para virar realidade...
"Na
realidade, os clubes até hoje não exercem a força que eles têm. Exemplo: os
quatro grandes de São Paulo poderiam ir até a Federação Paulista e falar como
querem o Estadual. Caso contrário, não entram em campo. Essa força os clubes
não exercem. Não tem uma liderança política que leve isso para frente. Futebol
brasileiro é maravilhoso dentro do campo. Fora é horroroso. As lideranças são
péssimas. Marco Polo Del Nero é presidente da CBF. Não preciso dizer mais
nada", lamentou Grellet.
"Não
existe revolução sem clubes. E os clubes não me parecem muito preparados,
evoluídos politicamente para isso. Essa safra de presidentes de clube é muito
ruim, muito fraca, sem disposição política", resumiu Braga.
Fonte: ESPN/UOL