"Chupa que é de uva, direita xucra", diz Reinaldo
Azevedo, ao comentar o resultado trágico do Datafolha para o PSDB, que não
passa para o segundo turno nem sem Lula na disputa; "Numa eleição sem
Lula, para onde migra seu eleitorado? Acho que o grosso tenderia para Marina
Silva e Ciro Gomes. O que vocês querem que eu diga? Segundo turno com Marina e
Bolsonaro ou Marina e Ciro? Alguém tem aí, em lugar disso, uma injeção no
olho?", questiona
247 – "Chupa que é de uva, direita xucra", diz Reinaldo
Azevedo, ao comentar o resultado trágico do Datafolha para o PSDB, que não
passa para o segundo turno nem sem Lula na disputa.
Ah, ora vejam!
Luiz Inácio Lula da Silva, ninguém menos, lidera, e com folga, todos os
cenários da disputa presidencial no primeiro turno em que seu nome aparece.
Venceria três opositores em simulações de segundo e empataria com dois. Agora,
uma digressão.
Poucas pessoas
entenderam a máxima do “Humanitismo”, a filosofia do maluco-beleza Quincas
Borba, personagem de Machado de Assis que aparece no romance de mesmo nome, de
1892, e, antes, em 1881, em “Memórias Póstumas de Brás Cubas”. A divisa era
esta: “Ao vencedor, as batatas”.
Não há aí nenhuma
ironia. O próprio Quincas destrincha o sentido no segundo livro citado. Ele
explica:
“O homem só comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas”.
“O homem só comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas”.
A batata, pois, é
mesmo o prêmio que recebe o mais apto. O derrotado fica à mercê do outro.
Mas há algo de que
o Humanitismo de Quincas Borba não tratou. O que fazer, afinal de contas, com
as batatas? Se o vencedor ignora a utilidade do prêmio ou do galardão, é bem
possível que o inimigo recupere as suas forças. Assim agiram os grupos
antipetistas depois que ganharam as batatas, derrotando os petistas na luta
pró-impeachment. Caíram no colo de Rodrigo Janot, Deltan Dallagnol, Carlos
Fernando e outros fanáticos da operação que agora chamo “Guilhotina a Jato”.
Neste domingo, a
“Folha” publicou números do Datafolha indicando que o PT voltou a ser,
disparado, o partido preferido dos brasileiros, ainda que a maioria não aprecie
nenhum. Dizem simpatizar com a legenda 18% dos entrevistados. De 1999 a 2015, a
agremiação ficou na liderança, empatando, então, com o PSDB, em 11% a 9%. Dois
anos depois, os petistas recuperaram parte considerável do seu prestígio —
ainda longe dos 29% do auge —, e os tucanos caíram para 5%, junto com o PMDB.
anot, Dallagnol,
Carlos Fernando e a direita xucra estão de parabéns! Como sabem, sempre elogiei
o que há de bom na Lava Jato. E criticava e critico o que não é. Entre os
defeitos, estão a politização excessiva do MPF e a falácia de que todos são
igualmente criminosos. No dia 17 de fevereiro, escrevi na
Folha: “A degeneração da Lava Jato, com apoio da direita, ressuscita Lula”. E
de forma direta: “Se todos são mesmo iguais, então Lula é melhor”.
Nesta
segunda, o jornal traz a pesquisa eleitoral realizada entre os dias 21 e 23
deste mês. A depender do cenário, Lula marca 29% ou 30%, o que corresponde
sempre ao dobro dos segundos colocados: Marina Silva (Rede) e Jair Bolsonaro
(PSC), estão empatados: em dois cenários, ambos têm 15%; em outro, ele aparece
com 16%, e ela com 15%; num quarto, a redista fica com 15%, e o candidato do
PSC, com 13%.
Se
vocês querem o retrato acabado da grande obra de Janot e seus menudos do
fanatismo, basta dizer que, nesta simulação, só os nomes dos tucanos Geraldo
Alckmin e João Dória são testados. Aécio Neves, que a Guilhotina a Jato fez
descer aos infernos, sumiu da lista. Não é mesmo impressionante? Ninguém menos
do que Lula, o Grande Babalorixá do partido que comandou o maior assalto aos
cofres públicos da história, aparece como favorito. O presidente afastado da
maior legenda que se opôs ao PT nem pré-candidato pode ser.
Nas
simulações de segundo turno, Lula venceria Alckmin (45% a 32%), Dória (45% a
34%) e Bolsonaro (45% a 32%). Empataria com Marina, em 40%, e com Sérgio Moro
(44% para o juiz a 42%). A candidata da Rede venceria Bolsonaro (49% a 27%).
Alckmin surge empatado, mas com número maior, no confronto com Ciro Gomes
(PDT): 34% a 31%. E o pedetista fica numericamente à frente de Dória: 34% a
32%. Sempre na margem de erro: dois pontos para mais ou para menos.
Mas
Lula vai ser candidato? Se Janot, as esquerdas, a extrema direita, parte do
tucanato e a Globo forem bem-sucedidos, a resposta é “sim”. Temer cairia agora,
e a antecipação de eleições acabaria se impondo, ainda que contra a
Constituição. E o petista teria grandes chances de ser eleito. A rua rejeição,
que é grande — 46% —, tenderia a diminuir com a campanha. E se o pleito se der
em 2018 e ele já tiver sido condenado em segunda instância? Bem, a simulação
que atende a essa realidade é de número 8 do Datafolha: Marina aparece com 27%;
Bolsonaro, com 18%; João Dória, com 14%; Ciro Gomes, com 12%. Não se testou o
nome de Alckmin nessa formulação.
Numa eleição sem Lula,
para onde migra seu eleitorado? Acho que o grosso tenderia para Marina Silva e
Ciro Gomes. O que vocês querem que eu diga? Segundo turno com Marina e
Bolsonaro ou Marina e Ciro? Alguém tem aí, em lugar disso, uma injeção no olho?
Sim,
meus caros, é muito cedo. Mas já dá para ver o que os desmandos da Guilhotina a
Jato estão a fazer com o país. Antevi isso antes de todo mundo. Paguei caro por
isso. Mas jamais me arrependi. Não posso me arrepender de ter razão, não é
mesmo?
Par
constar: a inclusão dos nomes de Joaquim Barbosa e Sérgio Moro entre os
candidatos desperta algum interesse para a gente saber como a população os vê,
mas não faz o menor sentido do ponto de vista prático. Eles não serão
candidatos.
Brasil 247