Pela primeira
vez desde que tornou-se treinador, Rogério Ceni viu a sua equipe finalizar
menos do que a adversária. Pela primeira vez em jogos oficiais, os comandados
do ex-goleiro saíram de campo sem marcar um gol. O São Paulo, que vinha sendo
justamente elogiado pelas atuações anteriores, teve uma tarde muito infeliz
neste sábado, quando perdeu por 3 a 0 no Allianz Parque. E quem foi o grande
culpado por isso? Denis? Douglas? Buffarini? Não. Foi o Palmeiras de Eduardo
Baptista.
Mina deu segurança pra zaga e Tchê Tchê o equilíbrio que o meio precisava |
Muito criticado após a derrota no Dérbi, em que
jogou todo o segundo tempo com um jogador a mais, fez substituições pouco
criativas e não soube como furar as duas linhas de quatro de Fábio Carille, o
técnico do Verdão foi muito bem no Choque-Rei. Auxiliado por sua comissão
técnica e pelo CIP (Centro de Inteligência do Palmeiras), ele detectou as
principais valências do adversário e neutralizou todas. Sim, todas. Não é
exagero.
A começar pela saída de bola. A marcação adiantada
do Palmeiras, com os zagueiros posicionados quase no meio de campo e os homens
de frente indo buscar os defensores são-paulinos quase dentro da área
adversária, asfixiou o adversário. Ainda antes do gol de Dudu, houve diversos
lances em que um palmeirense passou bem perto de interceptar a saída tricolor e
construir uma jogada perigosa em seguida, tanto que Denis, em determinado
momento, passou a optar sempre pela ligação direta ao cobrar tiros de meta.
O jogo parelho virou passeio quando Douglas
arriscou a saída por baixo com Buffarini, aos 45 minutos do primeiro tempo.
Egídio estava a postos para engolir o argentino e recuperar a posse. Dudu ficou
com a sobra e marcou um gol extraordinário, fruto de sua imensa qualidade, mas
também da postura de sua equipe. Não fosse a agressividade para cortar o mal
pela raiz ainda no campo do São Paulo, o camisa 7 não receberia a bola em
condições de pegar Denis desprevenido.
O apoio dos volantes são-paulinos também ficou
comprometido. Eduardo Baptista orientou Guerra e Tchê Tchê a caçarem Jucilei,
João Schmidt e Cícero para que eles não tivessem tempo de pensar o início das
jogadas - a ausência de Cueva também contribuiu muito. Deu certo, sobretudo
porque a atuação de Tchê Tchê foi monstruosa. Quando o São Paulo conseguia
romper esta barreira, lá estava Thiago Santos, outro que teve atuação
brilhante, limpando tudo à frente da zaga.
Como resultado, a estrela de Luiz Araújo ficou o
tempo todo apagada. O jovem não recebeu sequer uma bola no mano a mano, em
condições de usar sua velocidade e seus dribles para construir jogadas. O mesmo
aconteceu com Wellington Nem no segundo tempo. Eduardo Baptista disse após a
partida que, de toda a posse de bola do oponente, apenas 6% foram da
intermediária para a frente, justamente onde o Tricolor tem molestado quem
encontra pela frente.
Eduardo, tão criticado (nem sempre com justiça),
deu um nó em Rogério Ceni, tão elogiado (geralmente com justiça). Usou a
agressividade para conter o que o rival tem de melhor e deixou a qualidade de
seus jogadores fazer o resto. Ponto para o técnico, que chega ao importante
jogo contra o Jorge Wilstermann, quarta-feira (15), pela Libertadores, em seu
melhor momento no clube, em todos os sentidos.
O São Paulo
foi desafogando aos poucos, mas não conseguia criar. Em vez de procurar Lucas
Pratto nas bolas esticadas, Denis tentava acionar Thiago Mendes, talvez pelo
fato de o centroavante estar sempre bem cercado pelos grandalhões Mina e Vitor
Hugo, implacáveis pelo alto.
FICHA TÉCNICA
PALMEIRAS
3 X 0 SÃO PAULO
Data e hora: 11/03/2017,
sábado, às 16 horas (de Brasília)
Local: Allianz
Parque
Arbitragem: Marcelo
Aparecido Ribeiro de Souza (SP)
Auxiliares: Bruno
Salgado Rizo e Miguel Cataneo Ribeiro da Costa (SP)
Cartões amarelos: João Schmidt, Cícero, Rodrigo Caio
(São Paulo); Thiago Santos, Victor Hugo, Tchê Tchê (Palmeiras)
Gols: Dudu
(45'/1ºT), Tchê Tchê (10'/2ºT) e Guerra (25'/2ºT) para o
Palmeiras.
Público: 36.090
torcedores
Renda: R$
2.309.892,74
PALMEIRAS: Prass, Fabiano
(Jean), Mina, Vitor Hugo, Egídio, Thiago Santos, Tchê Tchê, Michel Bastos,
Guerra, Dudu (Keno) e Willian (Borja)
Técnico: Eduardo
Baptista
SÃO PAULO: Denis; Buffarini, Douglas, Rodrigo Caio e
Junior Tavares; Jucilei (Wellington Nem), Cícero e João Schmidt (Lucas
Fernandes); Thiago Mendes, Pratto e Luiz Araújo (Araruna).
Técnico: Rogério
Ceni