KALIL EXPLICA PORQUE DEMITIU MÉDICA QUE VAZOU SIGILO DE MARISA
Em artigo publicado neste domingo (5), o médico Roberto Kalil Filho,
diretor do Sírio-Libanês, explica por que defendeu a demissão da médica
Gabriela Munhoz, apontada como responsável pelo vazamento dos dados de Marisa
Letícia, ex-primeira-dama.
Infelizmente, são comuns no
Brasil, e em especial na rede pública, queixas de médicos e de outros
profissionais de saúde sobre jornadas extenuantes de trabalho, afastamento da
família, salários incompatíveis com uma vida digna e muito aquém do esforço, da
dedicação e da responsabilidade exigidos pela carreira.
Fora isso, também são vítimas
de violência por parte de pacientes ou acompanhantes que responsabilizam os
médicos por todas as consequências produzidas pela doença.
Tais situações, evidentemente,
comprometem a saúde física e mental desses profissionais e geram o desalento
que os afasta de seus pacientes, o que acaba por punir justamente os mais
necessitados, aqueles que já vivem nos limites da dignidade humana.
No entanto, quando afrontam a
ética, quebram o juramento de Hipócrates proclamado ao receberem o título de
doutor e compartilham publicamente segredos e sentimentos a eles confiados, os
médicos violam um dos princípios mais sagrados da profissão, o sigilo médico.
Essa situação ocorreu
recentemente com a divulgação pelas redes sociais de exames e dados clínicos
não autorizados, além de comentários desairosos sobre pacientes públicos. O
caso revela um dos lados perversos do comportamento humano, reprovável e
absolutamente inadmissível para quem se apresenta como médico.
Pior ainda é testemunhar esses
profissionais serem movidos por sentimentos menores e ideologias
político-partidárias, fazendo apologia à morte, como lamentavelmente observamos
na última semana.
O texto da jornalista Cláudia
Collucci publicado na Folha na
quinta (2/2) acerta no ponto nevrálgico sobre o tema: atitudes como essa
merecem punição. Impossível tolerar que pacientes corram o risco de virar
motivo de escárnio entre médicos inescrupulosos.
As direções de hospitais e
unidades de saúde precisam ser firmes e punir esse tipo de comportamento
antiético de forma exemplar, eliminando das instituições elementos que profanam
o princípio do sigilo e do respeito devido a qualquer ser humano.
Também têm obrigação de
denunciar imediatamente aos conselhos profissionais esses desvios, para a
aplicação de sanções pertinentes.
O juramento de Hipócrates é
claro: o médico deve guardar absoluto respeito pelo ser humano e atuar sempre
em seu benefício. Jamais utilizará seus conhecimentos para causar sofrimento
físico ou moral, para o extermínio do ser humano ou para permitir e acobertar
tentativa contra sua dignidade e integridade.
Os cidadãos, quando buscam um
serviço de saúde, principalmente quando precisam ser internados, seja em
enfermaria ou na terapia intensiva, normalmente chegam fragilizados, não
somente pela doença mas também pelo temor em relação ao que os espera.
Hospital, receio da dor e do
imponderável, medicações desconhecidas, dor imposta por exames invasivos,
cirurgias, agulhas, tubos e sondas são possibilidades tenebrosas que ninguém em
sã consciência aceita calidamente.
As incertezas são muitas na
fase de hospitalização; por isso a atitude dos profissionais de saúde tem o
papel de resgatar a vida e dar dignidade à existência.
É urgente que os gestores da
área da saúde pública ou privada desenvolvam estratégias robustas para envolver
os médicos não somente nas políticas internas de humanização das instituições
mas também no respeito ético para com seus pacientes. A dignidade humana deve
ser inviolável.
ROBERTO KALIL FILHO,
cardiologista, é professor titular da Faculdade de Medicina da USP e diretor de
cardiologia do Hospital Sírio Libanês
Em artigo publicado neste domingo (5), o médico Roberto Kalil Filho,
diretor do Sírio-Libanês, explica por que defendeu a demissão da médica
Gabriela Munhoz, apontada como responsável pelo vazamento dos dados de Marisa
Letícia, ex-primeira-dama.
Infelizmente, são comuns no
Brasil, e em especial na rede pública, queixas de médicos e de outros
profissionais de saúde sobre jornadas extenuantes de trabalho, afastamento da
família, salários incompatíveis com uma vida digna e muito aquém do esforço, da
dedicação e da responsabilidade exigidos pela carreira.
Fora isso, também são vítimas
de violência por parte de pacientes ou acompanhantes que responsabilizam os
médicos por todas as consequências produzidas pela doença.
Tais situações, evidentemente,
comprometem a saúde física e mental desses profissionais e geram o desalento
que os afasta de seus pacientes, o que acaba por punir justamente os mais
necessitados, aqueles que já vivem nos limites da dignidade humana.
No entanto, quando afrontam a
ética, quebram o juramento de Hipócrates proclamado ao receberem o título de
doutor e compartilham publicamente segredos e sentimentos a eles confiados, os
médicos violam um dos princípios mais sagrados da profissão, o sigilo médico.
Essa situação ocorreu
recentemente com a divulgação pelas redes sociais de exames e dados clínicos
não autorizados, além de comentários desairosos sobre pacientes públicos. O
caso revela um dos lados perversos do comportamento humano, reprovável e
absolutamente inadmissível para quem se apresenta como médico.
Pior ainda é testemunhar esses
profissionais serem movidos por sentimentos menores e ideologias
político-partidárias, fazendo apologia à morte, como lamentavelmente observamos
na última semana.
O texto da jornalista Cláudia
Collucci publicado na Folha na
quinta (2/2) acerta no ponto nevrálgico sobre o tema: atitudes como essa
merecem punição. Impossível tolerar que pacientes corram o risco de virar
motivo de escárnio entre médicos inescrupulosos.
As direções de hospitais e
unidades de saúde precisam ser firmes e punir esse tipo de comportamento
antiético de forma exemplar, eliminando das instituições elementos que profanam
o princípio do sigilo e do respeito devido a qualquer ser humano.
Também têm obrigação de
denunciar imediatamente aos conselhos profissionais esses desvios, para a
aplicação de sanções pertinentes.
O juramento de Hipócrates é
claro: o médico deve guardar absoluto respeito pelo ser humano e atuar sempre
em seu benefício. Jamais utilizará seus conhecimentos para causar sofrimento
físico ou moral, para o extermínio do ser humano ou para permitir e acobertar
tentativa contra sua dignidade e integridade.
Os cidadãos, quando buscam um
serviço de saúde, principalmente quando precisam ser internados, seja em
enfermaria ou na terapia intensiva, normalmente chegam fragilizados, não
somente pela doença mas também pelo temor em relação ao que os espera.
Hospital, receio da dor e do
imponderável, medicações desconhecidas, dor imposta por exames invasivos,
cirurgias, agulhas, tubos e sondas são possibilidades tenebrosas que ninguém em
sã consciência aceita calidamente.
As incertezas são muitas na
fase de hospitalização; por isso a atitude dos profissionais de saúde tem o
papel de resgatar a vida e dar dignidade à existência.
É urgente que os gestores da
área da saúde pública ou privada desenvolvam estratégias robustas para envolver
os médicos não somente nas políticas internas de humanização das instituições
mas também no respeito ético para com seus pacientes. A dignidade humana deve
ser inviolável.
ROBERTO KALIL FILHO,
cardiologista, é professor titular da Faculdade de Medicina da USP e diretor de
cardiologia do Hospital Sírio Libanês