terça-feira, 12 de junho de 2018

Depois de Lula, agora a imprensa brasileira censura o Papa


O Papa é o maior líder mundial e Lula é o maior líder político do Brasil; ontem, Francisco enviou a Curitiba um assessor, uma mensagem e um presente a Lula, aprisionado há mais de dois meses, e o regime de exceção vetou a visita; a mídia conservadora decidiu que os brasileiros não podiam saber disso; Globo, Folha, Valor, Estado e outros, que censuram Lula há anos, agora censuram também o Papa
247 - O Papa Francisco é o maior líder mundial da atualidade. Lula é o maior líder político brasileiro da história, rivalizando com Getúlio Vargas. Ontem (11), o maior líder mundial enviou a Curitiba um assessor, uma mensagem e um presente (um terço) ao maior líder brasileiro, aprisionado há mais de dois meses. E o regime de exceção vetou a visita. O fato seria notícia em qualquer lugar do planeta. Mas a mídia conservadora brasileira decidiu que não. Globo, Folha, Valor, Estado e outros de menor expressão, que censuram Lula há anos, agora censuram também o Papa. Nenhuma linha nos jornais, nem um segundo no Jornal Nacional. Nada. 
O Papa Francisco enviou ontem a Lula um terço, um bilhete pessoal e um dos seus principais assessores, o argentino Juan Grabois (aqui),. Num gesto típico das ditaduras, vexaminoso para o país, o enviado do Papa foi barrado, impedido de ver Lula e entregar o bilhete e o terço (aqui). Diante da sede da PF, Grabois protestou: "Estou muito preocupado com a situação, considerando que estamos diante de um claro caso de perseguição política, onde há uma deterioração da democracia no Brasil. Esta inexplicável negativa a permitir uma visita que estava programada de antemão é parte também de um processo de degradação das instituições não somente no Brasil, mas nos países da América Latina".
Quem lê os jornais da mídia conservadora ou assiste o Jornal Nacional não teve acesso a nada disso. O motivo da censura é claro: Francisco está solidário a Lula, condena o golpe no Brasil e o governo Temer -a ponto de não ter vindo ao Brasil no ano passado, quando foram celebrados os 300 anos de aparição da imagem de Nossa Senhora Aparecida, de quem Francisco é devoto. O Papa não quis pisar no país golpeado por Temer e sua quadrilha. Mas quis estender a mão a Lula. E isso, para os Marinho, os Frias, os Mesquita e outras famílias de milionários que controlam alguns dos principais meios de comunicação do país, é pecado mortal. Lula e o Papa estão em pecado mortal para estas famílias. E no inferno deles há duas fogueiras: os ataques violentos sem direito a defesa e a censura.
Na manhã desta terça, o serviço brasileiro de informações do Vaticano, controlado por segmentos conservadores da Igreja Católica, divulgou uma nota em sua página no Facebook procurando desmentir que Juan Grabois tivesse ido a Curitiba como enviado do Papa. Foi o mesmo recurso usado quando do telefonema do Papa Francisco à mãe de Marielle Franco, assassinada em 14 de abril. Depois que, da Argentina, foi divulgado o telefonema, o serviço brasileiro do Vaticano apressou-se em desmentir de maneira canhestra, dizendo ser "impossível" confirmar o telefonema por se tratar de um gesto pessoal do Papa. A seguir, o telefonema foi confirmado pela família e outras fontes do Vaticano. Como agora, a mídia vaticana corre em apoio à mídia conservadora brasileira. O caso deverá ser esclarecido nas próximas horas. 


Sem coragem para decidir, Fachin pede opinião de Dodge sobre liberdade de Lula


Como de costume, o acovardado STF (Superior Tribunal Federal) produz suas variantes internas de insegurança; o ministro Edson Fachin é uma dessas variantes; sem coragem para decidir, ele pediu a ‘opinião’ da procuradora-geral Raquel Dodge sobre a suspensão da prisão de Lula
247 – Como de costume, o acovardado STF (Superior Tribunal Federal) produz suas variantes internas de insegurança. O ministro Edson Fachin é uma dessas variantes. Sem coragem para decidir, ele pediu a ‘opinião’ da procuradora-geral Raquel Dodge sobre a suspensão da prisão de Lula.
“O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu ouvir primeiramente a Procuradoria-Geral da República (PGR) antes de decidir sobre o pedido da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de suspender a prisão. A defesa do ex-presidente, preso há mais de dois meses, entrou no início deste mês com um novo pedido de liberdade no STF e Superior Tribunal de Justiça (STJ). A petição é para que as Cortes suspendam os efeitos da condenação no caso do triplex no Guarujá até que julguem no mérito os recursos extraordinário (analisado no STF) e especial (do STJ).
“Diante da relevância do tema, faz-se mister que se ouça a Procuradoria-Geral da República previamente. Destarte, abra-se vista à PGR. Publique-se. Intime-se”, determinou Fachin, em decisão assinada nesta segunda-feira. Os recursos, contra a condenação que resultou na prisão de Lula, ainda precisam ser admitidos pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), que já rejeitou a concessão de efeito suspensivo no caso.
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Biógrafo de Lula, Fernando Morais discute com Moro durante depoimento


Durante depoimento como testemunha de Lula na ação na ação sobre o sítio de Atibaia, o jornalista e escritor Fernando Morais reagiu a reprimenda do juiz Sérgio Moro; Fernando Morais contou ter ouvido de Bono Vox, cantor do U2, que Lula é uma espécie de Nelson Mandela, pois tem o poder de unir todas as raças; "Aqui não é lugar para propaganda", disse Moro; "Não faço propaganda, faço jornalismo dos meus biografados", rebateu, indignado, Morais
Do Nocaute - Na manhã desta segunda-feira, 11, o jornalista e escritor Fernando Morais, editor do Nocaute, prestou depoimento ao juiz Sergio Moro, na condição de testemunha de defesa do ex-presidente Lula.
Minutos antes, na mesma condição, depusera o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ambos os depoimentos foram realizados sob a forma de videoconferência entre São Paulo e Curitiba.
Em pelo menos dois momentos o juiz obstruiu o direito à palavra do jornalista.
No primeiro ao declarar que a testemunha estava fazendo "propaganda" de Lula.
Morais foi impedido de retrucar, e mal pôde responder: "Não faço propaganda, faço jornalismo..."
Na segunda oportunidade Moro foi mais explícito.
Morais indagou, respeitosamente: "O meritíssimo permite que eu faça uso da palavra?". Moro nem pestanejou: "Não!".
Uma particularidade menos relevante chamava a atenção: apenas um, no caso, uma jornalista circulava pelo corredor (na foto, a repórter quando entrevistava o ex-presidente Fernando Henrique, em frente à sala de videoconferência): a representante da Globo. Os coleguinhas dos demais veículos tomavam sol na moleira, na calçada do prédio.
Veja o vídeo e a transcrição do depoimento, gravado pela Justiça, e a indicação de links sobre o assunto.
Sergio Moro: Nesta ação penal 50236532, depoimento do senhor Fernando Gomes de Morais.
Senhor Fernando, o senhor foi chamado como testemunha neste processo e na condição de testemunha o senhor tem um compromisso com a justiça em responder a verdade e às perguntas que lhe forem feitas, certo?
Fernando Morais: Certo.
Moro: Eu vou adverti-lo, senhor Fernando, que se o senhor faltar com a verdade o senhor fica sujeito a um processo criminal, certo?
FM: Sim.
Moro: Dito isso eu passo a palavra para a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para perguntas.
Zanin: Senhor Fernando, bom dia.
FM: Bom dia.
Zanin: Senhor Fernando, o senhor poderia ainda que brevemente nos relatar sua trajetória pessoal e profissional?
FM: Eu sou jornalista desde os 14 anos, comecei um Belo Horizonte, me mudei para São Paulo em 1965, quando os Mesquita criaram o Jornal da Tarde. Trabalhei dez anos no Jornal da Tarde, trabalhei na Revista Veja, trabalhei na Folha de São Paulo, trabalhei na TV Cultura e depois passei a me dedicar a publicar meus trabalhos jornalísticos em livros, seja sob a forma de biografias, seja sob a forma de relatos de episódios brasileiros e estrangeiros. E tive uma breve passagem pessoal pela política. Fui deputado em dois mandatos, fui Secretário de Cultura do Estado de São Paulo e depois Secretário da Educação do Estado de São Paulo, sem ter abandonado a minha atividade profissional original, de jornalista.
Zanin: Pois não. Em relação ao ex-presidente Lula, existe alguma situação pessoal ou profissional que tenha colocado o senhor em maior contato com ele? Notadamente após ele ter deixado o cargo de Presidente da República?
FM: Sim, eu na verdade conheço o ex-presidente Lula há 44 anos, quando ele era um operário, sindicalista, e eu era deputado, me aproximei sem intimidades com ele. Testemunhei a primeira prisão dele. Por uma dessas curiosidades do destino, acabei testemunhando as duas prisões dele.
Não entrei para o PT quando a maioria dos meus colegas foram para o PT eu continuei no MDB. Depois eu abandonei a política e no período em que o presidente exerceu a Presidência da República, eu praticamente perdi o contato com ele, talvez por não ser muito afeito a palácios. Nos oito anos dele como presidente, eu estive três vezes no Palácio do Planalto.
Uma vez para uma entrevista profissional com ele, uma vez, que era Dia Internacional da Mulher, e a Dona Marisa, falecida Dona Marisa, organizou uma exibição do filme "Olga", que é baseado em um livro meu, para as mulheres que trabalhavam no Palácio e estive em uma terceira ocasião, que não me lembro qual é, mas sem contatos maiores.
Depois que ele deixou a Presidência da república eu fui contratado por duas editoras, uma brasileira e uma norte-americana, Companhia da Letras no Brasil, e a Penguin, nos EUA, para escrever um livro, que não é uma biografia.
O projeto original, o contrato original que eu fiz com a Penguin e com a Companhia, era de escrever a partir da prisão dele em 1980 até o fim do mandato dele em 2010. O livro terminaria aí.
No entanto, como eu grudei no calcanhar dele, se o senhor me permite a expressão vulgar, nos últimos sete anos, eu achei que seria um desperdício profissional eu ter tido o privilégio de conviver com ele durante toda essa crise que estamos vivendo até hoje, desde o golpe contra a presidente Dilma Rousseff até agora, então propus as meus editores que eu fizesse o livro em dois tomos.
O primeiro tomo, tal como foi combinado, irá de 1980 a 2010, e o segundo tomo, de 2010 até saberá Deus quando.
Zanin: A partir notadamente de 2011, então, o senhor começou a ter um contato frequente com o presidente Lula?
FM: Absolutamente frequente. E com pouco tempo eu descobri que o melhor local para entrevistá-lo era dentro de aviões porque não havia telefone, secretários, deputados, assessores, então comecei a acompanhá-lo nas viagens que ele fazia ao exterior para realizar palestras no mundo inteiro. Excluindo a Oceania, fui a todos os outros continentes com ele.
E literalmente grudado, um cacoete que veio da minha profissão de repórter.
Um pouco antes da descoberta do tumor, eu comecei a gravar com ele.
Lembro que ele ainda estava com cabelo grande, barba. Eu ficava praticamente o tempo todo ao lado dele.
Uma, duas, três vezes por semana eu ia ao Instituto fazer gravações com ele.
Fiz mais de cem gravações com pessoas que gravitaram na órbita dele nesse período, inclusive gente de oposição.
Não pretendo que seja um livro chapa-branca, um livro oficial.
É um livro jornalístico como todos os 11 que eu fiz até agora.
E tive o privilégio de acompanhá-lo provavelmente mais até que... Acho que só os seguranças dele tiveram mais tempo do que eu com ele nesse período que vai do começo de 2011 até dias antes dele ser preso.
Zanin: Nessa situação que o senhor mencionou de acompanhar o ex-presidente Lula a viagens no exterior para a realização de palestras, o senhor chegou a assistir às palestras? Sabe dizer se o presidente realizou as palestras?
FM: Eu imaginei que essa pergunta pudesse ser feita pelo senhor ou pelo juiz Sergio Moro.
Hoje de manhã eu descobri que fui a 18 países com o presidente Lula.
Eu assinalei aqui, por causa da pressa, vim correndo para cá: África do Sul, Alemanha, Angola, Cuba, Espanha, Etiópia, França, Índia, Inglaterra, México, Moçambique e Portugal.
Eu ficava sempre no mesmo hotel, ou se era uma casa reservada para ele pelos anfitriões eu ficava sempre junto com ele.
A maioria das vezes era em hotel. Embora eu não goste muito de acordar cedo, ele às 6h pedia a um segurança ir ao meu quarto me chamar para tomar café da manhã. E eu ficava com ele até a hora dele ir dormir.
Uma particularidade, não sei se interessa para o julgamento do Dr Moro, é que em nenhum momento ele disse para mim: "Olha, na hora que eu tiver que tratar de um assunto particular, eu te aviso e você sai".
Isso é muito comum, não seria uma indelicadeza da parte dele.
Eu já fiz outros perfis, inclusive de um presidente em exercício, o presidente Collor, e o combinado foi isso: na hora que ele quisesse tratar de assuntos reservados, alguém me tiraria do gabinete, da casa, ou de onde ele estivesse.
No caso do presidente Lula não. O que eu não assisti foi o que eu não quis, mas eu assistia, rigorosamente, a todos os encontros, todas as palestras, gravei as palestras – com um gravadorzinho amador – algumas delas eu fiz fotos, mas como eu sabia que existia um fotográfo dele, acompanhando o tempo todo, eu não me preocupava tanto com imagem, mas em alguns casos, eu próprio me encarreguei de fazer fotos.
Então eu posso dizer que nessas viagens eu o acompanhei 24h por dia. Só não dormia com ele.
Nos momentos que ele estava acordado, fosse em avião, fosse em jantar, fosse com chefes de estado – e em muitos casos ele foi recebido por chefes de estado dos países que estava visitando – ou fosse com personalidades.
Eu me lembro que, por exemplo, que nós estávamos na Inglaterra ele foi fazer um ....
Moro: Vou interromper um minutinho, senhor Fernando. O senhor pode responder mais brevemente, mais objetivamente às questões da defesa? Não precisa se alongar nessas histórias, com todo o respeito, mas existe aqui a necessidade de seguir. Então qual é a próxima pergunta?
FM: O senhor me desculpe mas ...
Zanin: O senhor ia, na verdade, tocar em um ponto que eu ia lhe questionar na sequência, que era um episódio em Londres, envolvendo o cantor Bono Vox. O senhor pode descrever, por gentileza?
FM: Posso. O presidente foi a Londres, convidado para fazer uma palestra para empresários.
Porque às vezes ele ia convidado por empresários e às vezes por trabalhadores. Na Alemanha e na África do Sul, por exemplo, ele foi convidado por sindicatos e em Londres ele foi convidado por empresários.
Depois do almoço estávamos no hotel conversando e chegou o cantor, o roqueiro Bono Vox para fazer uma visita a ele.
Conversaram um pouquinho e a hora que o Bono foi embora o presidente me perguntou se eu poderia fazer a delicadeza de acompanhá-lo até a portaria do prédio. Eu desci e havia ali uma centena de repórteres europeus e brasileiros (em número menor) mais por causa do Bono do que pelo presidente Lula, obviamente, era uma estrela universal...
E os repórteres perguntaram a ele: o que o senhor achou da conversa com o presidente brasileiro, o presidente Lula?
E o Bono respondeu com uma frase que ficou muito marcada na minha memória.
Ele disse o seguinte, "Depois da morte do Mandela, só existe no mundo uma pessoa capaz de juntar ricos e pobres, pretos e brancos, gordos e magros, e essa pessoa se chama Luiz Inácio Lula da Silva."
Por se tratar, não de um cientista político, nem de um teórico, mas um cantor de rock, aquilo me impressionou muito.
Moro: Essa questão da relevância para o caso é por qual motivo doutor?
Zanin: Excelência nós estamos falando da reputação de um acusado. E segundo ...
Moro: Nós não estamos falando de reputação, existe uma acusação a ser julgada e esse tipo de ...
Zanin: Certo, a defesa ... a reputação. E segundo, nós estamos falando, inclusive vossa excelência
Moro: Você pode divulgar essas questões meritórias em relação ao ex-presidente fora do processo. Não precisa ser aqui em audiência.
Zanin: Mas divulgar fora do processo, vossa excelência ...
Moro: Não diz respeito aos fatos em julgamento doutor. Qual é a próxima pergunta?
Zanin: Há questões. Vossa excelência sabe bem que, há questões que devem levar em consideração ...
Moro: Essas questões não tem nenhuma relevância para o julgamento.
Zanin: Eu não sei se incomoda vossa excelência.
Moro: Não incomoda doutor. Acho que o processo não deve ser utilizado para esse tipo de propaganda.
Zanin: Não é propaganda. É uma questão de reputação.
FM: propaganda?
Zanin: Estamos discutindo aqui a reputação e mais do que isso. Existe aqui uma discussão em torno de palestras.
Inclusive colocada em dúvida pelo juízo. E nós estamos aqui fazendo a prova de que as palestras foram realizadas.
De que foram realizadas por uma pessoa de grande reputação e que havia o interesse em assistir às palestras.
Portanto, absolutamente pertinente às questões.
Moro: Qual é a próxima pergunta?
FM: Eu posso fazer uso da palavra senhor juiz?
Moro: Não. O senhor responde as perguntas que forem feitas. Qual é a próxima pergunta?
Zanin: O senhor comentou que por conta desse trabalho, desse livro que o senhor está escrevendo que envolve o presidente Lula, o senhor passou a ter uma relação próxima, inclusive, presenciou, pelo que eu entendi, contatos do ex-presidente Lula com diversas pessoas, sem que houvesse necessidade do senhor deixar o recinto. Correto?
FM: Sim, senhor. Exatamente da maneira que o senhor expôs. Em nenhum momento, mesmo que fosse em algumas conversas pelas quais eu não tinha nenhum interesse, encontro com o embaixador do Brasil no país onde a gente se encontrava. Eram conversas aleatórias, mas eu tinha sido convidado, seria indelicado da minha parte não estar presente.
Então, assistia todas. Acho que praticamente todas as conversas que ele teve e em nenhum momento eu posso dizer, eu posso assegurar que em nenhum momento, ou ele ou alguém da sua comitiva disse: olha o presidente queria que o senhor ficasse fora cinco minutos porque ele precisa tratar de um assunto particular. Zero.
Zanin: Pois não. E o senhor, nesta situação, o senhor presenciou algum ato do ex-presidente Lula que houvesse sugerido a prática de um ilícito ou então que pudesse sugerir estar ele resgatando algum ato que ele tenha praticado como presidente da República. Solicitar ou exigir uma vantagem indevida.
FM: Não. Nada, nenhum momento, nada. E, o meritíssimo fez uso da palavra propaganda o que eu repudio. Eu não estou aqui fazendo propaganda. Quero dizer, inclusive, que as viagens que eu fazia com o presidente, eu só ia no avião que o transportava quando havia lugar sobrando. Quando não havia, as minhas viagens eram pagas pela Companhia das Letras.
O Ministério Público pode averiguar. O meritíssimo juiz pode averiguar isso. Eu fui para a África do Sul com dinheiro da Companhia das Letras, fui para Cuba com o dinheiro da companhia das Letras. Eu voltei para o Brasil com dinheiro e voo pago pela Companhia da Letras. Então, em nenhum momento, eu teria razão para estar fazendo propaganda de quem quer que seja. Eu não ia jogar fora uma carreira de cinquenta anos para fazer propaganda de um presidente da República.
Zanin: Pois não. Senhor Fernando, basicamente eram essas as perguntas que eu tinha ao senhor. Eu agradeço a sua colaboração e devolvo a palavra ao magistrado.
Moro: Outros defensores têm perguntas? Ministério Público tem indagação? A acusação tem indagação? Certo. O juiz também não tem questões a serem colocadas. Vou declarar encerrado o depoimento do senhor Fernando Morais.


Golpe matou interesse dos brasileiros pela Copa


Depois de um golpe sem precedentes, que devastou economia, sociedade e até os símbolos pátrios como as cores verde e amarela, a conta chega para aquilo que foi a maior paixão do brasileiro: o desinteresse pela Copa do Mundo atingiu o recorde de 53% da população, aponta Datafolha
47 – Depois de um golpe sem precedentes, que devastou economia, sociedade e até os símbolos pátrios como as cores verde e amarela, a conta chega para aquilo que foi a maior paixão do brasileiro: o desinteresse pela Copa do Mundo atingiu o recorde de 53% da população, aponta Datafolha.
Ontem, em tuíte, o ator José de Abreu já constatava a inédita desilusão com as cores nacionais, dizendo que o brasileiro não aceita mais o verde e o amarelo como identificação depois de tanta deturpação e tantos manifestoches. 
O desinteresse dos brasileiros com a Copa disparou às vésperas do início da disputa na Rússia, marcado para esta quinta-feira (14). O primeiro jogo do Brasil será domingo (17), contra a Suíça, às 15h (horário de Brasília). Segundo pesquisa nacional do Datafolha realizada na semana passada, 53% dos brasileiros afirmam não ter nenhum interesse pelo Mundial, isso em um ano eleitoral, com a economia fraca e ainda na ressaca de uma manifestação de caminhoneiros que quase paralisou o país. No final de janeiro, o índice de desinteressados era de 42%.
(...)
Segundo o Datafolha, a marca de agora é a pior às vésperas do torneio desde 1994, quando o instituto fez a pergunta pela primeira vez. O desinteresse pelo Mundial da Rússia se destaca entre as mulheres (61%), pessoas de 35 a 44 anos (57%), moradores da região Sul (59%) e aqueles com renda familiar de até dois salários mínimos (54%). O Datafolha ouviu 2.824 pessoas em 174 municípios na quinta (7) e sexta-feira (8), e a margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
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Presidente da CBF manda Fifa preparar a taça para o Brasil


Antônio Carlos Nunes ele participou de reunião do Conselho Conmebol nesta segunda-feira

REUTERS/Jorge Adorno
Presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), o coronel aposentado da Polícia Militar Antônio Carlos Nunes, 80, já está na Rússia e demonstra muita confiança no hexacampeonato mundial.
Nesta segunda-feira (11), ele participou de reunião do Conselho Conmebol na capital russa que contou com a presença do presidente da Fifa Gianni Infantino e mandou um recado. "Eu disse ao Infantino que ele pode preparar a taça para o Brasil. Eu quero levantar a taça", disse Nunes em um rápido bate-papo com os jornalistas após sair da reunião.
Ele também deu uma alfinetada na Áustria e nos zagueiros que foram violentos com Neymar na vitória da seleção brasileira por 3 a 0 em amistoso neste domingo (10), em Viena. "A Áustria achou que iria fazer frente, porque ganhou da Alemanha [2 a 1]. Mas não deu para a saída. O zagueiro está procurando o Neymar até agora", disse o cartola.
Nunes viajará agora para Sochi, onde nesta terça-feira (12) terá um encontro com a seleção brasileira e posará para foto oficial. Lá também estará Rogério Caboclo, que assumirá a presidência da entidade no próximo ano. Caboclo é chefe da delegação no Mundial e já está na cidade litorânea que é a casa da equipe nacional.
Depois, Nunes voltará a Moscou para participar do Congresso da Fifa na quarta (13). A reunião definirá a sede da Copa de 2026. Nunes, como integrante do Conmebol, votará na candidatura United-2026, composta por Canadá, Estados Unidos e México. O Marrocos é o outro concorrente.
O presidente da CBF também confirmou informação dada pela entidade sul-americana de apoio unânime a Infantino na eleição presidencial da Fifa de 2019.
CORRUPÇÃO
Nunes comanda a CBF desde 15 de dezembro de 2017, quando Marco Polo del Nero recebeu da Fifa a suspensão provisória de 90 dias.
Em 27 de abril, a entidade o baniu definitivamente do futebol após considerá-lo culpado de corrupção por receber propina na venda de direitos de transmissões de competições. Além disso, foi multado em 1 milhão de francos suíços (R$ 3,5 milhões na cotação da época).
Del Nero não viaja para fora do país desde 2015, quando eclodiu o escândalo de corrupção na Fifa. Por isso, o Brasil não teve seu principal dirigente no sorteio dos grupos da Copa, em 1º de dezembro do ano passado.
O funcionário da CBF de grau mais elevado presente no evento foi Edu Gaspar, coordenador de seleções da CBF. Porém, antes de receber a punição definitiva da Fifa, Del Nero conseguiu articular a eleição de Rogério Caboclo como presidente.
A eleição aconteceu em 17 de abril com Caboclo como candidato único. Agora na Rússia, tanto Nunes quanto Caboclo estão tentando uma aproximação com a Fifa e uma melhoria na relação com a entidade.
JOGOS DO BRASIL
17/06 - Domingo, às 15h
Copa do Mundo
Brasil x Suíça - Rostov-do-Don, Rússia
Na TV: Globo, SporTV e Fox Sports

22/06 - Sexta-feira, às 9h
Copa do Mundo
Brasil x Costa Rica - São Petersburgo, Rússia
Na TV: Globo, SporTV e Fox Sports

27/06 - Quarta-feira, às 15h
Copa do Mundo
Sérvia x Brasil - Moscou, Rússia
Na TV: Globo, SporTV e Fox Sports


STF arquiva caso do caixa 2 de R$ 500 mil do chanceler do golpe, Aloysio Nunes


No golpe 'com Supremo, com tudo', em que a presidente Dilma Rousseff foi afastada sem crime e o ex-presidente Lula vem sendo mantido como preso político para não disputar as eleições presidenciais, que ele venceria com facilidade, o decano Celso de Mello acaba de arquivar o caso em que o chanceler do golpe, Aloysio Nunes, foi acusado de receber R$ 500 mil, por fora, da UTC Engenharia
Por André Richter, repórter da Agência Brasil - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello arquivou nesta segunda-feira (11) inquérito aberto para apurar a suposta doação eleitoral não contabilizada ao ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, em 2010.
A investigação está relacionada com os depoimentos de delação premiada do ex-executivo da empreiteira UTC Ricardo Pessoa. Segundo o delator, ele teria acertado doação de R$ 500 mil à campanha de Aloysio Nunes ao Senado, em 2010. Aloysio está licenciado do mandato para ocupar o cargo de ministro.
Celso de Mello atendeu a um pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, há duas semanas. Pela jurisprudência da Corte, o relator deve arquivar a investigação quando o pedido é feito pela PGR.
Ao pedir o arquivamento, Raquel Dodge afirmou que os delatores não apresentaram provas para corroborar os depoimentos e não há dados suficientes para embasar o processo criminal.
"A autoridade policial no seu relatório final reconhece que as afirmativas constantes do termo de colaboração de Ricardo Ribeiro Pessoa, especificamente em relação à suposta doação em espécie à campanha de Aloysio Nunes Ferreira em 2010, não foram corroboradas por outros elementos de prova suficientes a comprovar a materialidade e a autoria das infrações investigadas, e, por isso, não há elementos para deflagrar ação penal", argumentou Dodge.


FHC, que pedia SOS à Odebrecht, diz a Moro que nunca infringiu a lei


Em depoimento como testemunha do ex-presidente Lula a Sérgio Moro, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que jamais recebeu por fora em palestras ou outros serviços que realizou; "Nem por fora, nem participar de nenhum momento de reforma. Eu não tenho muita coisa a reformar, só minha cabeça mesmo", disse ele, omitindo a MP que editou em 1995 para beneficiar a Odebrecht na construção, sem licitação de duas hidrelétricas, e depois ter cobrado a fatura em email a Marcelo Odebrecht, em que pedia "SOS" 
247 - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso prestou depoimento ao juiz Sérgio Moro nesta segunda-feira, 11, como testemunha de defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na ação penal envolvendo obras no sítio de Atibaia. 
FHC foi questionado pelo juiz da Lava Jato sobre como era pago pelas palestras e outros trabalhos que realizava. "Alguma empresa reformou alguma propriedade que utilizava por fora, em reforma, algo assim?", questionou Moro.
"Isso é feito através de um agente que faz o contrato e eu usualmente não conheço os donos ou representantes da empresa. Vou conhecer eles na hora. Nunca, jamais, nada disso, nem por fora, nem participar de nenhum momento de reforma. Eu não tenho muita coisa a reformar, só minha cabeça mesmo", respondeu FHC. 
Apesar da omissão do ex-presidente tucano no depoimento, Fernando Henrique tem histórico de relações obscuras com a Construtora Odebrecht, que envolvem favores enquanto presidente e retribuição da empresa por meio de doações eleitorais. 
Como o 247 mostrou nesta segunda-feira, em 1995, FHC editou uma Medida Provisória que dispensou licitação e beneficiou a Construtora Norberto Odebrecht na construção de duas hidrelétricas - Itá e Igarapava - que, juntas custaram R$ 1,510 bilhão na época (leia mais).
Outra prova da ligação de FHC com a Odebrecht estava em poder do próprio juiz Sérgio Moro, que não a mencionou no depoimento. Trata-se dos e-mails encontrados pela Polícia Federal em um dos notebooks de Marcelo Odebrecht que apontam uma troca de mensagens entre ele e FHC. O tucano pede para que a Odebrecht contribua para a campanha de Paes de Barros, em 2010.
Em um dos e-mails, FHC manda a mensagem 'SOS', que significa socorro, para ajuda na campanha e envia dados bancários. Valores não são mencionados. A revelação de documento é resultado de um pedido feito pelo advogado Cristiano Zanin Martins, que integra a defesa de Lula, pelo acesso a todos os e-mails do empreiteiro.