Fala do ex-mandatário ocorreu enquanto ele narrava sua ascensão do chamado "baixo clero" da Câmara dos Deputados à Presidência da República
Em live transmitida nesta quinta-feira (21) para celebrar seus 70 anos, Jair Bolsonaro (PL) voltou a mobilizar apoiadores e reforçar sua narrativa de vítima do sistema. Durante a conversa com convidados, entre eles o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o advogado Paulo Cunha Bueno, o ex-mandatário fez uma declaração inusitada sobre sua trajetória política. “Eu fui um aborto da natureza”, disse Bolsonaro, de acordo com O Globo.
A fala ocorreu enquanto ele narrava sua ascensão do chamado "baixo clero" da Câmara dos Deputados à Presidência da República. “Fui um aborto da natureza. Além de sobreviver a uma facada, na graça de Deus, a minha própria eleição. Quem podia esperar que eu, um deputado do baixo clero, tido por muitos como encrenqueiro, e era encrenqueiro mesmo, conseguiria ganhar uma eleição?, afirmou Bolsonaro, sem esconder o tom de autoexaltação.
Ao longo da live, Bolsonaro recebeu uma ligação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que nesta semana comunicou sua licença do cargo por 122 dias e mudança para os Estados Unidos. O pai elogiou a decisão e a classificou como “um orgulho”.
Durante a transmissão, Bolsonaro voltou a atacar o Supremo Tribunal Federal (STF), criticando as decisões da Corte no inquérito que apura sua suposta participação na tentativa de golpe de Estado e os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, que resultaram em condenações de apoiadores por ataques às sedes dos Três Poderes.
No mesmo dia da live, as defesas de Bolsonaro e do ex-ministro e general Walter Braga Netto (PL) protocolaram representações no Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em que pedem a intervenção da entidade. Segundo os advogados, o STF estaria desrespeitando "as prerrogativas da advocacia que nos vêm sendo reiteradamente subtraídas".
Paulo Cunha Bueno alegou à OAB que tem enfrentado dificuldades para exercer sua função, denunciando que o Supremo estaria restringindo o acesso aos documentos do processo que investiga a trama golpista. A defesa sustenta que vários pedidos de acesso ao material foram negados pelo relator do caso, ministro Alexandre de Moraes.
Os advogados afirmam ainda que estão sendo “soterrados” por um volume excessivo de documentos, ofícios e anexos que, segundo eles, não têm relação direta com a denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro e outras 33 pessoas. A análise do caso pela Primeira Turma do STF está prevista para começar na próxima terça-feira.
Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo