sexta-feira, 11 de abril de 2025

“Nunca foi pelo pipoqueiro, pelo sorveteiro, nem pela moça do batom", diz Gleisi, sobre projeto bolsonarista de anistia

Ministra da Articulação Política afirma que ex-presidente só pensa em escapar dos crimes que cometeu

       Gleisi Hoffmann (Foto: Gil Ferreira/Ascom-SRI)


A presidenta nacional do PT e ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, criticou duramente o projeto de lei bolsonarista que tenta conceder anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Em publicação nas redes sociais, Gleisi acusou Jair Bolsonaro de utilizar o projeto como uma manobra para se livrar de responsabilidades criminais. “Nunca foi para o pipoqueiro, o sorveteiro nem a moça do batom. É para afrontar o Judiciário que Bolsonaro quer anistia prévia, antes de ser julgado”, afirmou.



As declarações da ministra foram feitas após a repercussão do encontro entre o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o ex-presidente Jair Bolsonaro, que ocorreu nesta quarta-feira (9) em Brasília. A reunião, antecipada pela jornalista Rachel Vargas, colunista do Brasil 247, teve como pauta principal a possível inclusão do projeto de anistia na ordem do dia da Câmara, conforme destacou reportagem da CNN Brasil.

O projeto tem como objetivo absolver os participantes dos ataques de 8 de janeiro, quando extremistas bolsonaristas invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes na capital federal, em uma tentativa fracassada de desestabilizar o resultado das eleições de 2022. Segundo a legenda do PL, partido de Bolsonaro, o texto já conta com 246 assinaturas e precisa de 257 para ser apresentado diretamente ao plenário da Câmara.

Contudo, Hugo Motta ainda demonstra resistência em pautar a proposta diretamente. Conforme fontes próximas aos dois políticos ouvidas pela CNN Brasil, o presidente da Câmara teria sugerido a criação de uma comissão especial para discutir o tema, como forma de evitar atritos institucionais com o Supremo Tribunal Federal e com o governo federal. A alternativa também buscaria ampliar o debate para incluir o Senado e interlocutores do Poder Executivo.

Apesar das articulações cautelosas, Bolsonaro se mostra confiante na aprovação da proposta. Em declaração feita na noite anterior ao encontro, durante participação em um podcast, o ex-presidente reiterou sua aposta na mobilização dos parlamentares. “Desde a campanha [para a presidência da Câmara], ele [Hugo] fala: ‘A maioria dos líderes querendo priorizar uma pauta, nós vamos atender à maioria’. [...] Se a gente conseguir assinatura, ele vai botar em votação, tenho certeza disso”, disse Bolsonaro.

A ministra Gleisi, porém, fez questão de denunciar o verdadeiro objetivo da proposta, na visão do governo. “Ao exigir 'anistia ampla, geral e irrestrita', o réu Jair Bolsonaro deixou cair a máscara. É para deixá-lo impune, junto com os comandantes do golpe, que se prestam o projeto da anistia e seu substitutivo. É o que está escrito no texto e ele não consegue mais esconder”, escreveu ela nas redes sociais.

Bolsonaro responde atualmente a uma ação no Supremo Tribunal Federal por supostamente liderar uma conspiração golpista, e a Procuradoria-Geral da República já apresentou denúncia formal. A condenação pode ultrapassar 40 anos de prisão, e o caso será analisado pela Primeira Turma da Corte.

A tentativa de aprovar a anistia ocorre em meio a uma ofensiva de parlamentares e apoiadores bolsonaristas para proteger os envolvidos nos atos antidemocráticos. Gleisi, por sua vez, alerta para os riscos institucionais da medida: “É para afrontar o Judiciário que Bolsonaro quer anistia prévia, antes de ser julgado. E quer que os deputados se prestem a esse papel, jogando o país numa crise institucional”.

A proposta, portanto, reacende o debate sobre os limites da atuação parlamentar diante de crimes contra a democracia e reforça a tensão entre bolsonarismo e instituições democráticas. O desfecho dessa batalha política poderá ter impactos profundos sobre o futuro da estabilidade institucional no Brasil.

Fonte: Brasil 247

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