quinta-feira, 10 de abril de 2025

“Nosso trabalho agora é no plenário”: aliados já atuam contra a cassação de Glauber

 

Deputado federal Glauber Braga. Foto: Divulgação
O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) teve a cassação de seu mandato recomendada pelo Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (9), por 13 votos a 5. O processo foi motivado por um episódio ocorrido em abril de 2024, quando o parlamentar agrediu o militante Gabriel Costenaro, ligado ao Movimento Brasil Livre (MBL), durante uma transmissão ao vivo nas dependências da Casa.

Na ocasião, Costenaro, que soma mais de 500 mil seguidores nas redes sociais, provocou o deputado com xingamentos como “burro” e “fraco” e ofendeu sua mãe com termos como “corrupta” e “safada”. Glauber reagiu com empurrões e expulsou o ativista do local, o que levou à abertura do processo por quebra de decoro parlamentar.

Mesmo antes da votação no colegiado, o próprio Glauber já considerava provável o parecer pela cassação. Agora, aliados do deputado, especialmente de partidos da esquerda como PT e PDT, se articulam nos bastidores para tentar reverter o cenário no plenário da Câmara — etapa decisiva que definirá o futuro do mandato do parlamentar.

Integrantes da base governista, incluindo setores do PP e do Republicanos mais próximos do Palácio do Planalto, também foram procurados na tentativa de angariar apoio à permanência de Glauber. “Nosso trabalho agora é no plenário”, afirmou um interlocutor ligado ao deputado.

Após o resultado no Conselho de Ética, Glauber Braga anunciou que entrará em greve de fome e garantiu que vai “lutar até o limite” para manter seu mandato.


A deputada Erika Hilton (PSOL-SP) defendeu o colega e criticou a decisão: “Glauber, por defender sua mãe, corre o risco de ter o mandato cassado. Cassado por gente que se recusa a punir quem persegue eleitor com uma arma, que agride mulheres ou é suspeito de ordenar assassinatos.”

Aliados do PSOL têm lembrado o caso do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 2018. Em agosto de 2023, o Conselho de Ética aprovou, por 15 votos a 1, o relatório que recomendava a cassação de Brazão, mas o caso ainda não foi levado ao plenário.

Curiosamente, o relator da cassação de Glauber, Paulo Magalhães (PSD-BA), foi o único a se abster na votação do relatório contra Brazão. A demora em pautar o caso tem sido usada por aliados de Glauber para apontar incoerência e cobrar isonomia.

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), ainda não sinalizou quando (ou se) pretende levar o caso de Glauber ao plenário. A expectativa entre aliados é que ele mantenha a mesma postura adotada em relação a Brazão, evitando se indispor tanto com a esquerda quanto com a direita.

Fonte: DCM

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