sexta-feira, 11 de abril de 2025

“Não posso me responsabilizar por cunhado”, diz prefeito “tiktoker” após ação da PF

 

O prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga, durante uma entrevista. Foto: Divulgação
O prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos), negou nesta quinta-feira (10) qualquer envolvimento em desvios de verbas públicas na área da Saúde, após ser alvo de uma operação da Polícia Federal (PF). A ação apura irregularidades na gestão da UPA do Éden, em Sorocaba (SP), e encontrou quase R$ 1 milhão em espécie em um dos endereços ligados a pessoas próximas ao político.

Em entrevista ao UOL News, o prefeito afirmou que o dinheiro apreendido em um carro pertence ao bispo Josivaldo Souza e à pastora Simone Souza, cunhada de Manga, e que os valores estariam “devidamente declarados”.

“É preciso reforçar que, na minha casa, não foi encontrado nenhum recurso. E os recursos encontrados na casa do bispo Josivaldo e de sua esposa, a pastora Simone, que têm um ministério há 30 anos, estão devidamente declarados, tanto é que eles foram liberados pelo delegado”, afirmou Manga.

“[O valor de quase R$ 1 milhão] não é meu, não tem nada a ver comigo. Eu sou o prefeito de Sorocaba. Vocês não podem misturar as coisas. E daí [se ela é a minha cunhada]? O senhor se responsabiliza pelo seu cunhado? Vocês estão tentando colocar o Manga em um pacote que não existe”, disse o prefeito de Sorocaba.

A operação, chamada ‘Copia e Cola’, foi deflagrada nesta quinta-feira (10) e cumpriu 28 mandados de busca e apreensão em 13 cidades, incluindo Sorocaba, São Paulo, Santos e Vitória da Conquista (BA).

Segundo a PF, o prefeito é suspeito de receber propina por meio de transações imobiliárias e depósitos em espécie. As investigações envolvem a organização social Aceni, do Rio de Janeiro, que assumiu a administração da UPA do Éden em 2021, substituindo o Banco de Olhos de Sorocaba (BOS).


Durante a gestão da Aceni, surgiram denúncias de atrasos nos pagamentos, falta de insumos e superfaturamento em contratos. De acordo com o prefeito, os desvios ocorreram entre empresas terceirizadas da OS e não na prefeitura.

“Essa investigação acontece desde 2022. Trata-se de investigação sobre uma OS (organização social), que prestou serviços em Sorocaba. Ela teria terceirizado o serviço dela (limpeza, lavagem de roupa, alimentação) e, entre essas empresas, não a prefeitura, teria tido o desvio de recursos. Tanto é que eu sou favorável à investigação. ”, declarou.

Rodrigo Manga, conhecido como “prefeito tiktoker”, também acusou a operação de ser politizada, sugerindo que a ação da PF teria motivação eleitoral. “Em mais de 13 cidades, só a minha casa foi vasculhada. Estão tentando me prejudicar porque me coloquei como pré-candidato à Presidência da República em 2026”, disse o prefeito.

Embora faça parte do mesmo partido do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), Manga não figura entre os favoritos do eleitorado bolsonarista, segundo pesquisa Quaest divulgada neste mês.

O vereador Raul Marcelo (Psol), autor da denúncia que levou à investigação, afirmou ao UOL que o esquema na Saúde de Sorocaba movimentou ao menos R$ 62 milhões. “É um negócio escandaloso, uma verdadeira tramoia. Essa OS não pagava nem os funcionários e superfaturava tudo. Há envolvimento político claro”, afirmou.

Marcelo também criticou um vídeo publicado por Manga nas redes sociais, no qual o prefeito sugere que o presidente Lula (PT) teria mandado a PF à sua casa. “A investigação começou no governo Bolsonaro, em 2022. Esse cidadão mente e está atrapalhando a apuração. Encaminhei pedido de prisão preventiva à PF”, declarou o vereador.

Confira a entrevista que Rodrigo Manga concedeu ao portal do UOL:

Fonte: DCM

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