domingo, 13 de abril de 2025

Marido de ‘Débora do batom’ conta como a mulher foi abandonada pelos ‘patriotas’

 

Débora Rodrigues dos Santos, conhecida como “Débora do Batom”, no momento em que pichou a frase “perdeu, mané” na estátua da Justiça, durante o 8 de Janeiro, em Brasília – Foto: Reprodução
“É nós por nós.”

Foi assim que Nilton Cesar dos Santos resumiu a situação da família desde que sua esposa, Débora Rodrigues dos Santos, foi presa por participar dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

“Não estamos recebendo ajuda de ninguém, a gente só tem ajuda da família”, afirmou em entrevista à Folha de S.Paulo, sem abrir o portão da casa onde vive com os filhos, em Paulínia (SP). “As crianças voltaram a sorrir, mas não é fácil, né? Não estamos tendo apoio psicológico.”

Débora ficou presa por dois anos e atualmente cumpre prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica, proibida de dar entrevistas, usar redes sociais e manter contato com outros investigados. Ela é acusada de cinco crimes, incluindo golpe de Estado, dano qualificado e associação criminosa armada. Sua imagem se tornou símbolo dos ataques aos Três Poderes após a pichação da estátua da Justiça com batom e a frase “perdeu, mané”.

O letreiro de seu antigo salão de beleza ainda permanece no local, mas a entrada foi lacrada com concreto por Nilton, que sustenta a casa apenas com seu trabalho de pintor. “O que vou falar para você? É só aguardar”, disse, recusando-se a dar mais detalhes sobre a situação da esposa ou emitir opinião política. A família vive reclusa e com dificuldades desde o episódio.

Casa de Débora Rodrigues dos Santos em Paulínia (SP). Foto: Zanone Fraissat/Folhapress
A cidade de Paulínia, onde Débora mora, é marcada por forte presença bolsonarista. Bolsonaro teve 59% dos votos no segundo turno em 2022. Na semana passada, o ex-presidente levou a mãe e a irmã de Débora a um palanque na avenida Paulista para pressionar a Câmara a votar a anistia dos condenados. Mesmo assim, moradores da cidade ouvidos pela Folha afirmam não conhecer pessoalmente a cabeleireira.

O julgamento de Débora foi suspenso por pedido de vista do ministro Luiz Fux, que apontou “penas exacerbadas” em alguns casos. Até então, Alexandre de Moraes e Flávio Dino haviam votado por condená-la a 14 anos de prisão. Enquanto isso, a repercussão do caso alimenta o debate sobre a anistia dos envolvidos nos ataques — que, segundo aliados de Lula, teria como verdadeiro objetivo livrar Bolsonaro de punições.

Débora afirmou em depoimento que viajou com recursos próprios até Brasília e que “agiu no calor do momento”. Disse também não ter invadido nenhum prédio e pediu desculpas ao STF. O julgamento deve ser retomado em 25 de abril, em sessão virtual do Supremo Tribunal Federal.

Fonte: DCM

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