Integrantes e aliados do Planalto cobram demissão do ministro em função da denúncia de supostos desvios em emendas parlamentares feita pela PGR
Integrantes do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aumentaram a pressão para que Juscelino Filho (União Brasil-MA) peça demissão do Ministério das Comunicações, após ter sido denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) sob suspeita de corrupção passiva e outros crimes ligados ao desvio de emendas parlamentares.
De acordo com a Folha de S.Paulo, a expectativa entre pessoas próximas ao Palácio do Planalto é que Juscelino tome a iniciativa de deixar o cargo para se defender como deputado federal — mandato que está atualmente licenciado. Um dos ministros lembra que o presidente Lula havia ainda em junho de 2024 manifestado à cúpula do União Brasil o desejo de que o titular das Comunicações se afastasse do posto quando foi indiciado pela Polícia Federal, o que não se concretizou.
Na mesma ocasião, Lula chegou a declarar publicamente que afastaria Juscelino do governo caso viesse a ser formalmente denunciado pela PGR, o que ocorreu nesta terça-feira (8). Segundo o presidente, o ministro estava ciente das implicações políticas que a denúncia traria. À época, Lula já demonstrava preferência pela renúncia como forma de evitar desgaste à imagem do governo.
A denúncia apresentada ao Supremo Tribunal Federal pela PGR se refere ao inquérito em que Juscelino foi indiciado pela PF, sob suspeita de envolvimento em esquemas ilícitos durante seu mandato como deputado federal. Agora, caberá à Corte decidir se aceita a denúncia e transforma o ministro em réu.
Integrantes do governo e da Câmara dos Deputados consideram que a eventual saída de Juscelino poderá destravar uma nova fase da reforma ministerial de Lula. A expectativa é que, com o retorno do presidente de sua viagem a Honduras, as articulações para reorganizar a Esplanada dos Ministérios ganhem força.
Entre os movimentos previstos, está a tentativa de nomear um representante do PSD para o Ministério do Turismo, atualmente comandado por Celso Sabino (União Brasil-PA). O PSD tem reivindicado mais espaço no primeiro escalão e apresenta nomes como o do deputado Pedro Paulo (RJ) e do atual ministro da Pesca e Aquicultura, André de Paula.
Caso essa troca se concretize, Sabino poderia ser deslocado para as Comunicações, substituindo Juscelino. Um aliado próximo ao atual ministro reconhece o cenário delicado e resume: "espaço vazio na política tem que ser preenchido". Outros nomes também circulam nos bastidores, como o do ex-líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), que perdeu apoio após romper com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Apesar da pressão crescente, a permanência de Juscelino no cargo não é descartada. Um interlocutor do governo reconhece que a situação envolve "costura complexa", principalmente por conta da boa relação que o ministro mantém com dirigentes do União Brasil e integrantes do Centrão. O ministro já resistiu a pressões anteriores com apoio do partido.
Em nota divulgada nesta terça-feira (8), o presidente do União Brasil, Antonio Rueda, reiterou o apoio da legenda ao ministro. Segundo Rueda, "o partido permanece ao lado do ministro", ressaltando que Juscelino ainda não teve oportunidade de apresentar sua defesa no processo e que o fará no STF, "onde poderá exercer plenamente o contraditório".
A nota também enfatiza: "denúncias não equivalem a culpa", defendendo o princípio da presunção de inocência. "Seguimos confiando na seriedade e competência do ministro Juscelino Filho, que tem exercido seu trabalho à frente do Ministério das Comunicações com comprometimento e resultados concretos para a população brasileira", concluiu.
Além da eventual substituição de Juscelino, outros nomes do primeiro escalão do governo Lula também estão no radar para mudanças. Um dos cenários cogitados envolve a saída da ministra Cida Gonçalves do Ministério das Mulheres. Com isso, a atual titular da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos (PCdoB), poderia ser deslocada para essa pasta, liberando seu ministério para uma negociação com o União Brasil.
Outra especulação recai sobre o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, uma vez que o nome do senador Beto Faro (PT-PA) tem sido ventilado como possível substituto.
Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo
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