quarta-feira, 9 de abril de 2025

Haddad critica falta de honestidade de opositores e aposta em candidatura competitiva de Lula em 2026

Ministro da Fazenda diz que contas públicas estão melhores e que governo ainda tem tempo para recuperar popularidade

       Ministro da Fazenda, Fernando Haddad 18/03/2025 (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

Em entrevista concedida à colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o Brasil vive hoje uma situação fiscal “muito melhor do que já esteve” e criticou a postura de analistas e opositores que, segundo ele, não reconhecem os avanços do governo. “Falta honestidade intelectual por parte daqueles que não reconhecem o esforço no ajuste fiscal”, disse o ministro.

Haddad destacou o desempenho das contas públicas em 2024, contrariando projeções pessimistas do mercado. “O mercado previa déficit de 0,8% do PIB, e nós performamos 0,1%, próximo do centro da meta, que era zero, mas longe do teto”, afirmou, sinalizando que a política fiscal está sob controle e que o governo está conseguindo “colocar ordem nas contas”.

O ministro avalia que, embora a economia siga sendo um fator importante, ela já não é mais o único determinante nos resultados eleitorais, especialmente após o avanço da extrema-direita no Brasil e no mundo. Ainda assim, demonstra confiança na competitividade do presidente Lula para as eleições de 2026: “O governo tem tempo de encontrar o eixo de um posicionamento comunicacional até as eleições”, disse Haddad, reforçando a expectativa de que o presidente recupere a popularidade nos próximos meses.

As declarações do ministro ocorrem em um momento de intenso debate político e econômico no país, com pressões de diferentes setores sobre a condução da política fiscal, os cortes de gastos e a reforma tributária. Haddad tem sido uma das principais vozes do governo na tentativa de dialogar com o mercado e ao mesmo tempo defender a responsabilidade social do orçamento.

Segundo ele, as críticas muitas vezes ignoram os dados objetivos. “Estamos colocando ordem nas contas, e isso precisa ser reconhecido. Se o governo anterior tivesse entregado um resultado como o nosso, estaria sendo celebrado”, provocou.

A entrevista também traz à tona os desafios políticos que o governo enfrenta diante de uma oposição fortalecida e de uma base aliada por vezes instável no Congresso. Ainda assim, Haddad mantém um tom confiante, apostando no trabalho e na comunicação para reverter a percepção negativa de parte da população.

A fala de Haddad também se insere em um contexto mais amplo de reposicionamento do governo Lula, que busca reafirmar seu projeto político e econômico diante de um cenário global incerto e de um ambiente doméstico polarizado.

“Estamos em uma situação melhor do que já estivemos. E este é um trabalho permanente porque é pedagógico, de consistência e resiliência.”

◉ Crescimento: “Vamos além do que preveem”

Haddad rebateu a estimativa do mercado, que projeta um crescimento de 1,98% para 2025: “Nós estamos prevendo um crescimento maior, de 2,5%. E a média de crescimento do governo Lula vai ser maior do que a dos sete anos dos governos conservadores que nos antecederam.”

Segundo o ministro, há uma contradição na forma como a mídia trata o desempenho econômico do país:

“Quando crescemos muito, a imprensa diz que estamos crescendo acima das nossas possibilidades. Os editoriais são recorrentes. Não vamos agradar.” “Ajuste fiscal com crescimento”

O titular da Fazenda reforçou que o governo anterior não conseguiu promover nenhum reequilíbrio fiscal em sete anos, e que agora o Executivo está focado em um ajuste responsável:

“O que diferencia o Lula dos antecessores é que, para nós, o ajuste fiscal depende de um crescimento mais robusto.”

Ele destacou que o déficit previsto de 0,8% do PIB ficou, na prática, em 0,1%, próximo da meta:

“O dado do ano passado mostra que estamos perseguindo a meta constantemente.”

◉ Congresso e medidas estruturais

Haddad lembrou que desde sua última entrevista sobre a “dinâmica preocupante dos gastos”, várias medidas foram tomadas:

“Encaminhei várias medidas ao Congresso Nacional. A maioria foi aprovada, o que nos permitiu ter um orçamento com equilíbrio fiscal para 2025.”

Ele citou alterações constitucionais e reformas como a da política do salário mínimo e do Fundeb, ressaltando que até economistas críticos ao PT reconheceram o esforço estrutural do governo.

◉ Credibilidade em reconstrução

“Temos que recuperar a credibilidade, e isso está sendo feito. As três agências de risco reconhecem isso. O FMI também.”

O ministro lamentou que mesmo com revisões positivas das agências internacionais, parte da mídia brasileira critique esses sinais:

“Quando uma agência de risco melhora nossa nota, a imprensa faz editorial criticando a agência.”

◉ Popularidade e eleições de 2026

Mesmo com um crescimento de 3,4% em 2024, a popularidade do presidente Lula caiu. Haddad acredita que isso se deve mais à conjuntura política e ao avanço da extrema direita do que à economia:

“Macron e Biden apresentaram bons indicadores econômicos e não foram bem nas urnas.”

Ele afirma que vivemos uma nova era, marcada pela manipulação digital e desinformação:

“Com a manipulação de corações e mentes, a extrema direita foi capaz de tirar o Reino Unido da União Europeia.”

Ainda assim, Haddad está confiante:

“O governo tem tempo de encontrar o eixo de um posicionamento comunicacional até as eleições. Lula será competitivo.”

Fonte: Brasil 247

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