Na chegada a um ato pró-anistia neste domingo, Jair Bolsonaro afirmou que o perdão aos golpistas de 8 de janeiro “será aprovado” pelo Congresso
Jair Bolsonaro durante ato pró-anistia na Avenida Paulista, em São Paulo-SP, 6 de abril de 2025 (Foto: REUTERS/Amanda Perobelli)
Em mais uma ofensiva pública contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, Jair Bolsonaro (PL) acusou neste domingo (6) o magistrado de coagir o tenente-coronel Mauro Cid durante sua colaboração premiada com a Justiça. As declarações foram feitas ao portal Metrópoles, durante sua chegada a um ato em defesa da anistia aos participantes dos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023, em Brasília.
“O projeto inicial [de anistia] não falava em meu nome. É para anistiar os acusados pelo 8 de janeiro. Eu estava no Brasil no dia 8 de janeiro?”, afirmou Bolsonaro, que é réu e, portanto, responde oficialmente na Justiça por tentativa de golpe de Estado e outros crimes.
Bolsonaro afirmou que as versões da colaboração de Cid foram alteradas em diversas ocasiões por pressão indevida de Alexandre de Moraes. “Na delação dele [Mauro Cid], ele diz que ficou sabendo do dia 8 de janeiro no dia 8, e diz que eu não sabia de absolutamente nada no tocante a isso”, disse. “É uma delação que, pelo menos quatro vezes, segundo a Cármen Lúcia foram nove, mas pelo menos quatro vezes foi mudada, mediante constrangimento do Mauro Cid. A última [delação], inclusive, ameaça do ministro [Alexandre de Moraes], de ver seu pai, sua esposa e seus filhos serem condenados”, acusou Bolsonaro, sem apresentar provas.
O ex-presidente também atacou os processos judiciais contra os golpistas e criticou o rigor das sentenças proferidas pelo Supremo.
PL da Anistia - Apesar de o PL ter fracassado na tentativa de aprovar a urgência da proposta de anistia na Câmara, Bolsonaro minimizou o revés: “não teve derrota. Estamos buscando [as assinaturas] individualmente. Nessa semana a gente consegue colher as assinaturas individualmente”, declarou.
Ele demonstrou otimismo com o avanço da proposta no Legislativo. “Vai ser aprovado. Vai ser aprovado. Acredito no parlamento, fiquei 28 anos lá dentro. Essas manifestações populares dão força”, afirmou. Para Bolsonaro, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), não representa um obstáculo: “não atrapalha em nada. O compromisso dele, de qualquer presidente de Casa é, havendo maioria de líderes interessados, buscar botar a matéria em votação”.
O ex-mandatário também afirmou que os governadores terão papel relevante no convencimento de seus partidos para viabilizar a votação: “odos os governadores têm uma certa influência sobre os governadores do seu estado e sobre o seu partido. Então os governadores estão aqui apoiando a pauta da anistia e farão gestões junto a seus partidos e parlamentares para que assinem a urgência”.
Bajulação a Trump - Em meio às críticas ao Judiciário brasileiro, Bolsonaro voltou a fazer elogios ao presidente dos Estados Unidos Donald Trump, a quem chamou de aliado na defesa da suposta "liberdade de expressão". “Sou muito grato ao Trump. Dois anos juntos. Queria taxar o aço [brasileiro] lá atrás e não taxou comigo. [...] Ele é uma pessoa que defende a liberdade de expressão e quando alguém atenta contra a liberdade de expressão de gente no seu país, ele toma providências na lei americana. Aqui no Brasil...”, disse, deixando no ar mais uma crítica ao Supremo.
Expectativa por Fux
Por fim, Bolsonaro afirmou esperar um voto favorável à anistia por parte do ministro Luiz Fux, que está com vista de processo envolvendo os atos de 8 de janeiro. “Há boa sinalização por parte do ministro Fux. Ele tem um prazo para entregar sua vista, né? Ele vai apresentar o voto em três meses. Espero que ele apresente voto semelhante aos do Kassio Nunes e André Mendonça, pela absolvição”.
A movimentação de Bolsonaro neste domingo reforça sua estratégia de pressionar as instituições e mobilizar sua base em defesa dos envolvidos nos atos antidemocráticos, ao mesmo tempo em que busca se blindar judicialmente — tentando descredibilizar as delações e os processos em curso no STF.
Fonte: Brasil 247
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