domingo, 6 de abril de 2025

Datafolha: 67% dos brasileiros querem que Bolsonaro desista da candidatura à Presidência

Levantamento aponta que 67% da população prefere que o ex-presidente apoie outro nome

      Jair Bolsonaro no STF (Foto: Antonio Augusto / STF)

Apesar de insistir em se apresentar como pré-candidato à Presidência da República em 2026, mesmo estando inelegível até 2030, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) enfrenta forte resistência popular à sua pretensão eleitoral. Segundo pesquisa divulgada pelo instituto Datafolha, 67% dos brasileiros acreditam que ele deveria abrir mão da candidatura e apoiar outro nome. Apenas 28% avaliam que Bolsonaro deve insistir em disputar a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os dados foram coletados entre os dias 1º e 3 de abril, com 3.054 entrevistados em 172 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

A reportagem original é da Folha de S.Paulo, que destaca o contraste entre a movimentação política de Bolsonaro e o desejo da maioria do eleitorado. Apesar de estar fora do jogo eleitoral por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que o condenou por abuso de poder político, o ex-presidente tem articulado nos bastidores uma possível reabilitação, apostando em discursos de anistia para os presos pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 e mantendo forte presença política ao lado de aliados como o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Mesmo entre seus apoiadores mais fiéis, os números não são unânimes. De acordo com o levantamento, 63% dos eleitores que se dizem fortemente identificados com o bolsonarismo defendem sua permanência como candidato, mas 36% preferem que ele abra mão da disputa — um número expressivo dentro de sua própria base.

Há ainda divisão sobre quem deveria ser o nome apoiado por Bolsonaro. Entre os entrevistados, 23% acreditam que ele deveria lançar a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro como candidata, enquanto 21% preferem Tarcísio de Freitas. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, foi mencionado por 14%. Eduardo, que recentemente anunciou um autoexílio nos Estados Unidos, segue sem protagonismo concreto na política nacional.

Nos bastidores, aliados têm demonstrado desconforto com a estratégia de Bolsonaro de manter a pré-candidatura até a reta final, o que poderia inviabilizar a substituição por outro nome competitivo. Um aliado ouvido pela Folha relatou que a indefinição prejudica o planejamento da campanha e a desincompatibilização de cargos públicos, necessária para a viabilização de outras candidaturas — como a de Tarcísio, que teria de deixar o governo estadual até abril de 2026.

Enquanto isso, o ex-presidente segue organizando manifestações de apoio. Neste domingo (6), ele convocou um ato na avenida Paulista com o mote da anistia aos envolvidos nos ataques às instituições democráticas em janeiro de 2023. No mês passado, chegou a buscar diálogo até com antigos desafetos políticos, como o presidente do PSD, Gilberto Kassab, em busca de apoio para essa agenda.

Além das barreiras eleitorais impostas pelo TSE, Bolsonaro enfrenta ainda uma situação jurídica delicada. É réu no Supremo Tribunal Federal (STF), acusado de liderar uma tentativa de golpe de Estado ao final de seu mandato, o que pode levá-lo a uma pena superior a 40 anos de prisão caso seja condenado.

A pesquisa do Datafolha reforça um cenário de isolamento político crescente do ex-presidente, que, apesar de manter forte influência em setores da direita, vê sua capacidade de retorno institucional seriamente comprometida tanto pelo Judiciário quanto pela opinião pública.

Fonte: Brasil 247 com reportagem da Folha de S. Paulo

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