Após isolamento do PL na Câmara, PT teria voltado a defender o nome de Lira para atrair a bancada do agro e consolidar aliança com o Centrão
As articulações nos bastidores da política em Brasília voltaram a colocar o nome de Arthur Lira (PP-AL) no centro das atenções. Segundo o Metrópoles, cresce dentro do PT a defesa de que o ex-presidente da Câmara dos Deputados seja indicado para o comando do Ministério da Agricultura. A movimentação ocorre num momento em que o PL, partido de Jair Bolsonaro, enfrenta um cenário de isolamento político na Casa.
O estopim para a nova rodada de especulações teria sido a tentativa frustrada do PL de obstruir votações no plenário da Câmara. A manobra, adotada pela segunda semana consecutiva, visava pressionar o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), a pautar o projeto que prevê anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023. A tática, no entanto, não encontrou respaldo entre outras legendas. Líderes avaliam que o PL deve continuar isolado, o que abriu uma janela de oportunidade para o governo reforçar pontes com o Centrão — especialmente com a bancada do agronegócio.
Com isso, nomes importantes do PT estariam defendendo a nomeação de Lira como um movimento estratégico para consolidar uma base sólida junto ao setor ruralista. A recente aprovação do Projeto de Lei da Reciprocidade, de interesse direto do agro e do governo, fortaleceu essa tese. A proposta, que enfrentou resistência do PL, uniu o Palácio do Planalto e o agronegócio ao mirar barreiras comerciais impostas por países como os Estados Unidos. O texto também é visto como resposta ao chamado “protecionismo verde” promovido por governos europeus.
Internamente, o PT estaria vendo o atual ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD), enfrentando desgaste junto ao Congresso, o que alimenta a tese da substituição. Lira, por sua vez, tem boa interlocução com o Centrão e trânsito consolidado entre os ruralistas. A leitura é de que sua entrada no ministério poderia reduzir as tensões entre o governo e o setor e, ao mesmo tempo, neutralizar resistências dentro da base parlamentar.
Apesar da pressão por sua nomeação, integrantes da bancada do agro demonstram cautela. Eles relatam que os principais canais de diálogo com o governo têm sido estabelecidos por meio do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT). Um exemplo citado foi a crise envolvendo o Plano Safra: as linhas de crédito do programa foram temporariamente suspensas pelo Tesouro Nacional devido ao atraso na aprovação do Orçamento de 2025, e o impasse só foi resolvido após negociação direta com Haddad.
Além disso, lideranças do agronegócio consideram que aceitar um cargo no governo poderia não ser vantajoso para Lira neste momento. Segundo essas vozes, o deputado mantém influência política relevante mesmo fora do Executivo e preserva sua imagem com vistas à disputa pelo Senado em 2026, em Alagoas. Em 2022, Lira apoiou Bolsonaro no estado, e uma adesão formal ao governo Lula poderia ter implicações eleitorais.
A possibilidade de Lira integrar o primeiro escalão ganhou força após sua participação na viagem de Lula ao Japão. O deputado compôs a comitiva presidencial que buscava estreitar laços comerciais com países asiáticos e ampliar a exportação de carne brasileira para a região. A presença de Lira nesse grupo foi lida por aliados e adversários como um gesto simbólico de aproximação — e, para petistas, como sinal de que o governo ainda pode contar com seu apoio em momentos decisivos.
Fonte: Brasil 247 com informações do Metrópoles
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