quinta-feira, 10 de abril de 2025

China suspende mais da metade dos fornecedores de carne bovina dos EUA e Brasil vê oportunidade

Com intensificação da guerra comercial EUA-China, Brasil busca ampliar vendas de carne bovina ao mercado chinês durante visita de Lula em maio

    Lula e Xi Jinping (Foto: Ricardo Stuckert)

A China suspendeu a compra de carne bovina de mais da metade dos fornecedores americanos em meio à crescente guerra tarifária que os Estados Unidos impõem ao gigante asiático. O Brasil, por sua vez, observa uma possível janela de oportunidade para ampliar suas exportações ao país. Em maio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) viajará à China para um encontro com o presidente Xi Jinping.

Segundo a Folha de S.Paulo, atualmente, 654 empresas americanas estão registradas para vender carne bovina para a China. Porém, 392 desses estabelecimentos tiveram suas transações suspensas pela Administração Geral das Alfândegas da China, o que representa 60% dos fornecedores do setor.

Nos últimos dias, o número de suspensões tem aumentado, com fornecedores de carne de aves e suínos também sendo afetados. Nas últimas duas semanas, nove empresas tiveram suas habilitações não renovadas, incluindo a American Proteins, a Mountaire Farms of Delaware e a Coastal Processing, ligadas à exportação de carne de aves e farinha de ossos.

Em comunicado, o Departamento de Segurança Alimentar de Importação e Exportação da Administração Geral das Alfândegas da China explicou que as suspensões são uma medida preventiva para evitar riscos à segurança alimentar. A China alegou que tais ações estão em conformidade com as leis e regulamentos locais, bem como com os padrões internacionais, e visam garantir a segurança alimentar de forma científica e razoável.

Ainda de acordo com a reportagem, até o dia 18 de junho, 68 fornecedores terão habilitações que vencerão e precisarão solicitar novas autorizações. Entre eles, estão dez de carne bovina, 11 de carne suína e 47 de carne de aves. No momento, o veto chinês se concentra principalmente na carne bovina, com 590 fornecedores dessa categoria, dos quais apenas dez estão suspensos. Por outro lado, entre os 594 fornecedores de carne de aves, apenas três estão enfrentando restrições.

No cenário mais amplo de comércio internacional, as bolsas da Ásia e da Europa registraram forte alta nesta quinta-feira (10), após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar uma pausa de 90 dias nas tarifas impostas a diversos países, excluindo a China desse recuo. Em resposta, a China aumentou suas tarifas sobre os produtos importados dos EUA, passando de 104% para 125%, em retaliação às medidas da administração Trump, que, por sua vez, havia imposto uma tarifa de 84% sobre produtos americanos.

A Embaixada do Brasil em Pequim tem enfatizado que, embora as medidas de suspensão de fornecedores estejam vinculadas a controles sanitários e de segurança alimentar, elas não podem ser dissociadas do contexto da guerra tarifária entre os dois países e da crise nas relações comerciais sino-americanas.

Roberto Perosa, representante do agronegócio brasileiro, que foi secretário de Comércio do Ministério da Agricultura até dezembro, participou de reuniões com autoridades chinesas na semana passada, enquanto as novas tarifas dos EUA e as respostas de Pequim eram anunciadas.

“As conversas foram muito positivas”, afirmou Perosa, destacando os encontros no Ministério do Comércio da China, na aduana e com empresas do setor alimentício. Ele ainda ressaltou: “Eles reiteraram que o Brasil é um parceiro estratégico, que as relações estão no melhor momento e que o presidente Lula vai estar em Pequim”, disse.

A China segue sendo o principal destino das exportações brasileiras de carne bovina. Em 2024, as exportações para o país alcançaram mais de 1 milhão de toneladas, um aumento de 12,7% em relação ao mesmo período de 2023, gerando US$ 6 bilhões em negócios. As exportações de carne bovina só ficam atrás de soja, minério de ferro e petróleo no Brasil. De janeiro a março deste ano, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), o Brasil vendeu US$ 1,36 bilhão em carne bovina para a China, um crescimento de 11,3% em comparação com o primeiro trimestre de 2023.

Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo

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