quinta-feira, 10 de abril de 2025

Aprovação popular reforça reforma do IR no Congresso, avalia Gleisi

Proposta de isenção até R$ 5 mil, redução até R$ 7 mil e taxação de super-ricos tem apoio de até 76%, segundo Datafolha

                   Fernando Haddad, Hugo Motta, Lula e Gleisi Hoffmann (Foto: Ricardo Stuckert)

A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), celebrou nesta quinta-feira (10) o resultado da mais recente pesquisa Datafolha, que aponta apoio maciço da população brasileira à reforma do Imposto de Renda proposta pelo governo Lula (PT). “Datafolha confirma o apoio muito expressivo à proposta do presidente Lula para termos um Imposto de Renda mais justo”, afirmou Gleisi em publicação nas redes. Segundo ela, os dados demonstram não apenas a popularidade da medida, mas também sua viabilidade política: “os números reforçam a confiança de que a medida de justiça social terá apoio no Congresso para ser aprovada”.


A proposta, construída pela equipe econômica liderada pelo ministro Fernando Haddad (PT), prevê a instituição de um imposto mínimo sobre rendimentos superiores a R$ 50 mil mensais — o equivalente a R$ 600 mil por ano. A medida atinge principalmente lucros e dividendos atualmente isentos de tributação. Segundo a pesquisa, 76% dos brasileiros são favoráveis à nova cobrança, que poderá alcançar alíquota de até 10% para quem recebe mais de R$ 1,2 milhão ao ano.

Além da taxação dos mais ricos, outro ponto central do projeto é a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para trabalhadores que ganham até R$ 5 mil por mês, medida que entraria em vigor em 2026. Essa proposta também registra alto índice de apoio popular: 70% são favoráveis, de acordo com o levantamento feito pelo Datafolha entre os dias 1º e 3 de abril, com 3.054 entrevistados em 172 municípios.

Apesar da adesão majoritária da população, o caminho no Congresso Nacional é visto com cautela. Metade dos entrevistados (49%) acredita que os parlamentares não aprovarão a taxação dos super-ricos, enquanto 47% consideram que a proposta será aprovada. Já no caso da isenção para quem ganha até R$ 5 mil, 50% dos consultados confiam na aprovação legislativa.

Segundo o Datafolha, 64% da população diz conhecer a proposta, uma alta em relação aos 53% de dezembro do ano passado. Desse grupo, 29% se consideram bem informados, enquanto outros 28% se dizem medianamente informados. A desinformação ainda é relevante: 36% afirmam desconhecer o conteúdo da proposta.

A aceitação varia entre os grupos sociais. A taxação de altos rendimentos tem maior resistência entre empresários (54% de apoio) e estudantes (69%), mas cresce entre pessoas com mais de 45 anos (80%). A rejeição também é mais expressiva entre aqueles que desaprovam o governo Lula — 32% são contra a medida — frente a apenas 10% de oposição entre quem avalia positivamente a atual gestão.

No caso da isenção até R$ 5 mil, o maior apoio vem de pessoas com ensino superior (84%), servidores públicos (81%) e empresários (80%). O índice cai para 56% entre trabalhadores assalariados sem registro.

O projeto de reforma foi anunciado por Haddad em rede nacional no fim de novembro de 2024, como parte de um pacote de contenção de despesas. O texto foi encaminhado ao Congresso em março deste ano e está sob relatoria do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que avalia ajustes com base em modelos anteriores, como o projeto aprovado pela Casa em 2021, que previa a taxação de lucros e dividendos e a redução do IRPJ.

Com uma margem de erro de dois pontos percentuais, os dados da pesquisa sinalizam que, embora haja ceticismo quanto à vontade do Congresso em avançar na reforma, o respaldo popular pode se tornar um fator de pressão decisivo para sua tramitação.

Fonte: Brasil 247

Nenhum comentário:

Postar um comentário