Ex-desembargador do TJDFT alega motivos pessoais e diz que quer "ajudar os oprimidos pelo STF"
O advogado e desembargador aposentado Sebastião Coelho deixou a defesa de Filipe Martins, ex-assessor especial da Presidência da República e réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por suposta participação em uma tentativa de golpe de Estado. A informação foi divulgada pelo portal Metrópoles.
Coelho, que vinha atuando com destaque no caso e colecionando episódios controversos nos últimos meses, afirmou que a saída se dá por razões pessoais. “Precisa cuidar de dois assuntos pessoais com certa urgência”, disse. Ainda segundo ele, a decisão também visa deixá-lo "livre para ajudar os oprimidos pelo STF", como afirmou em suas redes sociais.
Durante o julgamento que tornou Martins réu, no dia 22 de abril, Coelho fez uma declaração polêmica na tribuna da Suprema Corte, comparando seu cliente a Jesis Cristo. “Filipe Martins aguarda que esse tribunal, hoje, dê ouvidos à sua defesa e que aquele processo de crucificação que Jesus sofreu, e Filipe Martins está sofrendo desde 8 de fevereiro de 2024, tem de acabar hoje. Vossas excelências têm o poder para acabar com isso”.
O advogado representava Martins, denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como integrante do chamado "núcleo 2" dos investigados por envolvimento em uma suposta trama golpista. Coelho já havia protagonizado outro episódio controverso em 2024, quando foi detido após tentar entrar sem credenciamento na sala da Primeira Turma do STF, durante o julgamento do "núcleo 1", que inclui o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo o STF, o ex-desembargador não realizou o credenciamento prévio exigido. A detenção ocorreu por desacato, mas ele foi liberado após a lavratura de boletim de ocorrência.
Sebastião Coelho é magistrado aposentado do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) e do Tribunal Regional Eleitoral do DF (TRE-DF), onde atuou como corregedor. Em 2022, renunciou ao cargo de corregedor eleitoral dias antes de o ministro Alexandre de Moraes assumir a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), acusando-o de incitar uma “guerra” institucional. Posteriormente, foi visto em acampamentos golpistas em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília.
Em novembro de 2023, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu por unanimidade abrir processo administrativo disciplinar (PAD) contra o ex-magistrado, por suspeita de incitação a atos antidemocráticos. A Polícia Federal, no entanto, não encontrou movimentações financeiras que ligassem Coelho diretamente aos atos de 8 de janeiro de 2023.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) questionou a detenção de Coelho durante o julgamento de abril, considerando exagerada a ação do Supremo.
Fonte: Brasil 247 com informações do Metrópoles
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