terça-feira, 22 de abril de 2025

Acusados tinham ‘posições relevantes’ e comandaram ações golpistas, diz PGR no julgamento do ‘núcleo 2’ da trama golpista

Primeira Turma do STF decide se mais 6 denunciados pela trama golpista viram réus; Gonet afirma que grupo operacionalizou plano para impedir posse de Lula

Paulo Gonet durante o julgamento, pela Primeira Turma do STF, da denúncia sobre o 'núcleo 2' da trama golpista - 22/04/2025 (Foto: Antonio Augusto/STF)

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou nesta terça-feira (23) que os integrantes do chamado segundo núcleo da trama golpista foram responsáveis por gerenciar operações da tentativa de manter Jair Bolsonaro no poder, mesmo após a derrota para Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022. A declaração foi feita durante sessão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), que julga se aceita ou não a denúncia contra mais seis acusados. As informações são do próprio julgamento, conduzido no STF.

“Os denunciados ocupavam posições profissionais relevantes ao tempo do desenvolvimento do processo de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e deposição do governo legitimamente constituído. Cada qual gerenciou ações da organização criminosa”, afirmou Gonet.

A denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) foi feita após a leitura do relatório do ministro Alexandre de Moraes. Na fase anterior do julgamento, o STF já havia aceitado a denúncia contra Bolsonaro e outros sete aliados por participação no núcleo central da tentativa de golpe.

Nesta etapa, são analisadas as acusações contra o chamado segundo núcleo, formado por integrantes da gestão Bolsonaro que, segundo a PGR, utilizaram suas posições para operacionalizar ações da suposta organização criminosa. Entre os denunciados estão o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques; o general da reserva Mario Fernandes; o ex-assessor presidencial Filipe Martins; além de Marcelo Câmara, Marília Alencar e Fernando Oliveira.

De acordo com a acusação, Silvinei Vasques e os ex-diretores do Ministério da Justiça, Marília Alencar e Fernando Oliveira, teriam usado a estrutura da PRF para dificultar o acesso às urnas em regiões onde Lula teve maioria dos votos. Silvinei nega que os bloqueios tenham sido direcionados a eleitores do petista e alega que a operação não interferiu no resultado. Marília e Oliveira também rejeitam qualquer atuação irregular.

A denúncia também aponta que o general Mario Fernandes e o ex-assessor Marcelo Câmara atuaram em ações de monitoramento e neutralização de autoridades públicas, incluindo, segundo a PGR, a elaboração de um plano para assassinar Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes. A defesa de Fernandes reconhece a existência do documento mencionado, mas afirma que ele nunca foi entregue a ninguém. Já a defesa de Câmara alega que as informações utilizadas por ele foram obtidas por meio de fontes abertas.

Filipe Martins, por sua vez, é acusado de ter apresentado o projeto de decreto que estabeleceria medidas excepcionais no país, peça central da chamada “minuta do golpe”. Sua defesa nega envolvimento com o documento.

Agora, caberá aos cinco ministros da Primeira Turma do STF decidir se a denúncia será aceita, o que levaria os acusados à condição de réus e permitiria o início da ação penal.

Fonte: Brasil 247

Nenhum comentário:

Postar um comentário