quarta-feira, 12 de março de 2025

Repressão a aposentados e torcedores no Congresso da Argentina: polícia avança com gás, caminhões hidrantes e balas de borracha

Há detidos e feridos. Manifestantes incendiaram um carro e uma moto da polícia de Buenos Aires. O Ministério da Segurança mobilizou mais de mil agentes

       Polícia entra em confronto com manifestantes na Argentina (Foto: REUTERS/Agustin Marcarian)

C5N - Forças de segurança reprimiram com gás lacrimogêneo, cassetetes e empurrões aposentados e torcedores que protestavam nesta quarta-feira nos arredores do Congresso contra o ajuste do governo de Javier Milei. Há registros de detidos e feridos.

O Ministério da Segurança, liderado por Patricia Bullrich, organizou a operação "antipiquete" com cerca de mil agentes de diferentes forças federais fortemente equipados. Também foram mobilizados caminhões hidrantes e a polícia motorizada.

Embora a manifestação estivesse marcada para as 17h, às 15h a Praça do Congresso já estava lotada de aposentados e torcedores de vários clubes do país. Foi nesse momento que começaram os primeiros momentos de tensão, quando os agentes impediram os manifestantes de descerem para a Avenida Entre Ríos.

"Olhem onde estamos. Eles é que estão bloqueando a rua", disse um torcedor do Independiente, mostrando que os manifestantes estavam na calçada da praça, enquanto a polícia fechava a avenida.

"Essas pessoas parecem não ter avós. Deve ser horrível o que sentem. Que pensem nos aposentados que estão passando fome", criticou um torcedor do Vélez.

"Com o dinheiro que Bullrich gasta financiando esses mesmos que defendem os narcos e os corruptos, daria para melhorar o salário dos aposentados. Não temos medo de você, Bullrich", disse um torcedor do Boca.

O principal motivo do protesto é o aumento das aposentadorias. Atualmente, o valor mínimo é de $273.086,50 e, somando o bônus extraordinário de $70.000, chega a $343.086,50, valor insuficiente para cobrir uma cesta básica para um lar tipo 2, que custa $1.056.601,3.

Por volta das 16h, os agentes começaram a empurrar e lançar gás de pimenta sobre um grupo de torcedores e aposentados que tentavam bloquear a Avenida Rivadavia. Com as mesmas táticas, agentes da Gendarmeria liberaram o trânsito na Avenida Callao.

Nesse momento, uma aposentada foi brutalmente agredida por um oficial da Polícia Federal. A mulher estava parada ao lado de outros manifestantes quando foi atingida violentamente por um golpe de cassetete. Ela caiu ao chão de forma brusca, causando preocupação entre os presentes.

"Olhem como bateram nessa mulher. A imagem é impressionante pela brutalidade. Infelizmente, essas coisas estão acontecendo. Além disso, o policial olha para trás para ser encoberto por seus colegas e passar despercebido", descreveu o jornalista Jorge Rial, apresentador do programa Argenzuela.

Os manifestantes se dispersaram, mas permaneceram nos arredores do Congresso. Perto das 17h, a situação saiu totalmente do controle com o avanço dos caminhões hidrantes, que jogavam água sobre as pessoas que estavam na calçada e na praça. Além disso, começaram a disparar balas de borracha.

Alguns manifestantes responderam jogando pedras e incendiando contêineres de lixo e barricadas de madeira. Pessoas não identificadas também atearam fogo a um carro e uma moto da polícia de Buenos Aires.

O padre Francisco "Paco" Olveira, integrante do grupo Curas en Opción por los Pobres, afirmou que a repressão contra os aposentados foi uma "vergonha" e configura uma "verdadeira ditadura".

"Hoje, se eu fosse policial, pediria demissão e procuraria outro trabalho, porque não pode ser que o único papel deles seja bater nas pessoas", acrescentou.

Fonte: Brasil 247 com informações do canal C5N

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