sábado, 1 de março de 2025

"Quem votou em Lula vai continuar votando", diz Marcos Coimbra

Pesquisas captam apenas o eleitorado mais interessado e informado, avalia Marcos Coimbra

       (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil | Reprodução )

Em entrevista ao programa Boa Noite 247, o sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi, Marcos Coimbra, analisou as recentes pesquisas que indicam uma suposta queda na popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para ele, esses levantamentos têm limitações metodológicas e não devem ser interpretados como um afastamento do eleitorado popular em relação ao governo.

"Lula não está perdendo o povão", afirmou Coimbra, ressaltando que as pesquisas captam predominantemente a opinião de um segmento mais interessado e informado sobre política, deixando de fora uma parcela significativa do eleitorado de baixa renda, que tem pouco ou nenhum interesse pelo debate político.

◉ A distorção das pesquisas

Para Coimbra, é essencial entender a dinâmica das pesquisas e suas limitações antes de considerar qualquer cenário eleitoral como definitivo. "A grande maioria das pessoas no país, quando perguntada, diz que não tem nenhum interesse em política. Existe ainda outra parcela que tem pouco interesse e acompanha de vez em quando", explicou. Segundo ele, esse desinteresse não é um fenômeno exclusivo do Brasil, mas algo comum em democracias ao redor do mundo.

O sociólogo criticou a forma como esses levantamentos são conduzidos, destacando que "uma parcela muito grande do eleitorado simplesmente muda de lado da rua quando percebe que tem uma pessoa pedindo entrevista". Esse comportamento gera uma alta taxa de "não resposta" e acaba distorcendo os resultados, uma vez que as pesquisas conseguem captar apenas as opiniões daqueles que têm maior interesse e disponibilidade para falar sobre o tema. "As pesquisas hoje conseguem entrevistar as pessoas mais interessadas. Quem não tem ligação nenhuma simplesmente não entra na amostra", afirmou.

◉ O impacto da comunicação e a narrativa da grande mídia

Coimbra também criticou a cobertura da grande mídia, que, segundo ele, tem um viés ideológico e busca construir uma narrativa de fragilidade do governo Lula. "Basta abrir qualquer jornal da chamada grande imprensa brasileira para ver os termos usados: 'despenca', 'desaba', 'destrói', 'explode'. A imprensa já tem sua carteira de identidade político-ideológica bem definida", declarou.

O sociólogo destacou que o verdadeiro desafio do governo não está na perda de apoio das classes populares, mas na insatisfação de parte do eleitorado progressista. "O eleitor popular tem pouca informação para se posicionar sobre temas como a crise climática. Mas o eleitorado informado de esquerda pode dizer: 'eu não estou gostando do que Lula está fazendo'. E é isso que estamos vendo nessas pesquisas", pontuou.

Ele apontou ainda para a necessidade de o governo aprimorar sua comunicação, especialmente diante da hostilidade dos grandes meios de comunicação. "O problema não é a comunicação do governo. O problema é a supercomunicação de problemas e dificuldades que a imprensa faz", afirmou, citando o exemplo do presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, que manteve um canal direto e constante de comunicação com a população para driblar a hostilidade midiática.

◉ O que esperar para 2026

Coimbra avaliou que Lula segue favorito para a reeleição, desde que não se distancie de sua base. "As mesmas pessoas que votaram nele vão continuar votando. O que ele não pode é ficar se afastando desse eleitorado", alertou. Para ele, a direita não contará na próxima eleição com a mesma "montanha de dinheiro" despejada pelo governo Bolsonaro em 2022. "O que fez Bolsonaro crescer na reta final da última eleição não foi o antipetismo ou um movimento ideológico, mas a liberação de entre R$500 e R$700 bilhões em benefícios", argumentou.

Ao final da entrevista, Coimbra ironizou a postura da imprensa, que tenta ditar o rumo da estratégia política do presidente. "Desde a divulgação dessa pesquisa, toda a grande imprensa se empenha em dizer o que Lula deveria fazer. Mas quem são essas pessoas para dar aula ao presidente? O Lula tem experiência, vivência e sabe melhor do que qualquer um desses analistas como governar e se comunicar com seu povo. No final das contas, o que importa é que sua base segue firme, e quem votou nele, votará de novo". 
Assista:

 

Fonte: Brasil 247

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