Montadoras comemoram melhor desempenho desde 2021, mas taxas de financiamento elevadas preocupam setor
Trabalhadores em linha de montagem de fábrica de automóveis em São Bernardo do Campo (SP). (Foto: REUTERS/Nacho Doce)
O setor automotivo iniciou 2024 com um desempenho positivo, registrando um crescimento expressivo na produção de veículos. De acordo com dados divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), foram fabricados 392,9 mil veículos leves e pesados no primeiro bimestre, um aumento de 14,8% em comparação ao mesmo período do ano passado, informa a Folha de S. Paulo. O avanço, segundo a entidade, representa o melhor desempenho para o período desde 2021, ainda que a base de comparação esteja influenciada pelos efeitos da pandemia de Covid-19.
Um dos principais fatores que impulsionaram esse crescimento foi a retomada das exportações. No acumulado de janeiro e fevereiro, o Brasil enviou ao exterior 76,7 mil veículos, um aumento de 54,9% em relação ao mesmo intervalo do ano anterior. O volume inclui automóveis de passeio, comerciais leves, ônibus e caminhões.
Na sua última entrevista como presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite celebrou os bons números, mas também aproveitou para reforçar a necessidade de restabelecimento integral do Imposto de Importação sobre veículos eletrificados, medida que visa conter a crescente participação de marcas chinesas no mercado brasileiro. No entanto, uma outra preocupação ganhou destaque: o alto custo do crédito.
"Temos um custo recorde do financiamento para pessoa física, ao mesmo tempo que a inadimplência é uma das menores da história", alertou Leite. Essa situação preocupa o setor, pois o encarecimento dos financiamentos pode impactar diretamente as vendas no varejo, reduzindo o ritmo de crescimento observado até o momento.
Embora o primeiro bimestre também tenha registrado um crescimento de 9% nos emplacamentos em relação ao mesmo período de 2023, a Anfavea observa com cautela os sinais de desaquecimento no mercado. Na última sexta-feira (14), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o volume de vendas do comércio varejista apresentou leve recuo de 0,1% em janeiro na comparação com dezembro. Foi o terceiro mês consecutivo de estagnação ou queda, após o recorde registrado em outubro do ano passado.
Nesse contexto, a redução das taxas de financiamento poderia ser uma solução para manter a demanda aquecida e garantir a sustentabilidade do crescimento do setor. No entanto, essa possibilidade parece distante no curto prazo, já que a política monetária do Banco Central segue impactando diretamente o custo do crédito.
Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo
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