O senador foi escolhido para um mandato-tampão na presidência do PT e diz que não permanecerá no cargo após as eleições internas, em julho
O senador Humberto Costa (PT-PE) assumiu interinamente a presidência do PT no lugar de Gleisi Hoffmann, que foi nomeada ministra da Secretaria de Relações Institucionais (SRI). Em entrevista ao jornal O Globo, Costa garantiu que o presidente Lula (PT) será candidato à reeleição em 2026 e defendeu sua aliança com o Centrão, apesar de criticar partidos que apesar de terem ministérios na Esplanada, não correspondem com apoio "permanente e estável" ao governo no Congresso.
Costa minimizou a queda na popularidade de Lula, argumentando que o presidente colherá os frutos de sua gestão neste terceiro ano de governo e que, em 2026, terá apoio suficiente para uma campanha competitiva. Sobre a manutenção de José Guimarães (PT-CE) como líder do governo na Câmara, ele rejeitou a tese de que isso possa comprometer a relação com o Centrão, destacando a boa articulação do deputado para aprovar projetos do Executivo.
A reforma ministerial promovida por Lula, que atendeu demandas do Centrão sem ceder mais espaço político para a base, também foi tema da entrevista. Para Costa, a configuração atual já é suficiente e deve garantir reciprocidade por parte das siglas aliadas. "O Centrão já tem 12 ministérios, a maioria com grande capacidade orçamentária e política. Se esses partidos não retribuírem com apoio estável, caberá ao presidente Lula decidir os próximos passos", afirmou.
A nomeação de Gleisi Hoffmann como ministra da SRI gerou resistências no Congresso, mas o novo presidente do PT rebateu as críticas e disse que a ex-presidente da sigla tem experiência em articulação política. Segundo ele, a gestão de Gleisi no partido e sua atuação na campanha de Lula em 2022 são evidências de sua capacidade de negociar e dialogar com diferentes espectros políticos.
Questionado sobre o futuro político do PT e as perspectivas pós-Lula, Costa reafirmou que o presidente continua sendo o nome mais forte do partido para as próximas eleições. "O nome mais forte segue sendo Lula. Para 2026, ele é candidato. Até 2030, muita água ainda vai rolar. Temos governadores, ministros, prefeitos que terão condições de disputar eleições", declarou.
O senador também abordou a estratégia petista para conter a influência da extrema direita no Congresso. Segundo ele, o Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE) do PT atuará na escolha de candidatos para o Senado e a Câmara, e o partido está disposto a abrir mão de candidaturas próprias em alguns estados para apoiar aliados centristas, visando garantir maior governabilidade. "Os nomes serão escolhidos a dedo em cada estado. Em alguns lugares, abriremos mão de candidaturas para termos apoio de outros partidos", disse.
Ao assumir a presidência do PT, Costa deixou claro que seu mandato é temporário e que não pretende permanecer no cargo após julho, quando será realizada a eleição direta interna do partido. Ele também evitou polemizar sobre uma eventual disputa entre ele e Edinho Silva pela liderança petista, afirmando que apoiará qualquer nome indicado pelo presidente Lula para comandar a legenda.
Com informações do jornal O Globo
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