sábado, 22 de março de 2025

MP aceita queixa contra youtuber do MBL que filmava professores na UnB

 

Wilker Leão e Estevam Thompson: MP aceita queixa-crime de professor da UnB contra youtuber de extrema-direita. Foto: Reprodução
O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) aceitou, na última sexta-feira (21), a queixa-crime apresentada pelo professor Estevam Thompson, da Universidade de Brasília (UnB), contra o youtuber de extrema-direita Wilker Leão, que também é aluno da instituição, conforme informações do Metrópoles. O estudante é membro do Movimento Brasil Livre (MBL).

A promotora de Justiça Larissa Cerqueira afirmou que a denúncia “atendeu aos pressupostos processuais de admissibilidade” e que os fatos descritos pelo professor são de competência do MPDFT. Com isso, Wilker deverá ser ouvido, e o caso seguirá para a Justiça.

Professor de História da África na UnB, Estevam Thompson publicou uma carta aberta no mesmo dia em que a denúncia foi aceita. No texto, ele afirma que o interesse de Wilker é apenas “sabotar as aulas e criar conteúdo para o seu canal de YouTube”.

Segundo o docente, “para além de atacar a liberdade de cátedra na UnB, WLS expõe também seus colegas, sem a menor consideração sobre as consequências de seus atos e o perigo que ele promove com seu discurso de ódio. Eu mesmo já recebi diversas ameaças, inclusive em seu nome, fatos documentados que estão sendo investigados pela Polícia Civil do DF”.

Thompson também declarou que “embora por vezes ele tente, em seus vídeos, passar uma imagem calma e respeitosa, fora das filmagens ele se comporta de forma cínica e provocadora, desrespeitando e ameaçando quem não concorda com seus métodos e objetivos. WLS distorce as falas, inverte contextos e dá interpretações completamente equivocadas sobre o que está sendo dito, seja por ignorância, seja por má-fé”.



Entenda o caso

Wilker Leão, com abordagem semelhante à dos influenciadores do Movimento Brasil Livre (MBL), ficou conhecido após chamar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de “tchutchuca do centrão”, em 2022, e passou a usar o canal para acusar professores da UnB de promover “doutrinação de esquerda” nas aulas de história.

Os conflitos entre ele e a universidade começaram em agosto de 2024, quando uma professora registrou boletim de ocorrência após o estudante gravar suas aulas e divulgar trechos editados.

Em setembro, Wilker foi acusado de vazar dados pessoais de colegas e de incentivar seus seguidores a invadir ambientes da universidade e agredir estudantes. Mesmo com as denúncias, ele continuou gravando e publicando os conteúdos. Os principais embates ocorreram com o professor Estevam Thompson, com quem tinha aulas de História da África.

Diante das recorrentes tensões, a reitora da UnB, Rozana Naves, determinou, em dezembro, a suspensão de Wilker das aulas de História do Brasil 1 e História da África por 60 dias, alegando que suas gravações estavam causando “prejuízo ao regular andamento de disciplinas”.

O período de suspensão terminou, e Wilker tem o direito de retornar às aulas neste semestre, que começa na próxima segunda-feira (24). Ele se matriculou novamente nas mesmas disciplinas das quais havia sido afastado e, além disso, inscreveu-se na matéria Pensamento LGBT Brasileiro.

Segundo o Ministério da Educação (MEC), cabe à própria Universidade de Brasília decidir sobre o eventual afastamento do aluno. A posição atual da instituição é acompanhar o andamento do processo disciplinar discente que foi aberto contra Wilker Leão.

Fonte: DCM com informações do Metrópoles

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