domingo, 23 de março de 2025

Ministros do STF veem ida de Eduardo aos EUA como possível preparação para fuga de Jair Bolsonaro

Corte avalia que mudança do deputado para os EUA pode sinalizar tentativa de “exílio” do ex-mandatário diante de possível condenação por tentativa de golpe

       Eduardo e Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução)


Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) ouvidos pelo blog da jornalista Andréia Sadi, do g1, avaliam que a mudança do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para os Estados Unidos pode ter motivações mais profundas do que a narrativa de perseguição política. Para integrantes da Corte, a movimentação pode indicar uma preparação para uma eventual fuga de Jair Bolsonaro, em meio ao avanço das investigações sobre a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

Segundo um ministro do STF ouvido pela reportagem, trata-se de um movimento calculado. “É um cálculo político: possuem palco fora, nos EUA, e podem preparar a fuga do pai, que vão chamar de exílio”, disse o ministro sob reserva.

A avaliação entre os magistrados é de que a família Bolsonaro sofreu um revés estratégico após o fracasso da manifestação na Praia de Copacabana, realizada para pedir anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de Janeiro. A baixa adesão ao ato teria levado à percepção de que o apoio popular está enfraquecido.

As suspeitas sobre uma eventual fuga não são infundadas, uma vez que as investigações da Polícia Federal apontam que Jair Bolsonaro pretendia aguardar o desenrolar da tentativa de golpe nos Estados Unidos, onde se encontrava no fim de 2022. A quebra de sigilo bancário revelou ainda que o ex-mandatário transferiu R$ 800 mil para os EUA pouco antes de deixar o Brasil.

Agora, diante da iminência de uma condenação, ministros e investigadores não descartam que Bolsonaro recorra novamente ao território norte-americano — desta vez, como rota definitiva de saída. A decisão de Eduardo Bolsonaro de se mudar para os EUA, no entanto, não foi previamente articulada com o entorno do ex-mandatário.

Aliados próximos afirmam que o gesto foi impulsivo e surpreendeu até Jair Bolsonaro, que teria discordado da escolha do filho. “Ele não tinha nem roupa para esse período de mudança”, relatou um aliado, revelando o improviso da mudança de rota após uma semana de estadia nos Estados Unidos.

Ainda assim, o gesto de Eduardo tem sido interpretado por interlocutores bolsonaristas como uma tentativa de aumentar a pressão internacional contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF, que é alvo de possíveis retaliações e sanções jurídicas por parte de parlamentares estadunidenses.

Além disso, o deputado licenciado temia ser alvo de medidas que restringissem sua mobilidade, como a perda do passaporte, possibilidade já cogitada no caso de Jair Bolsonaro. No círculo bolsonarista, a esperança é que o presidente Donald Trump venha a apoiar politicamente a família.

“Bolsonaro não tem saída jurídica. Só tem saída se Trump se comover e decidir embarcar em alguma defesa política dele”, afirmou um dos interlocutores mais próximos do ex-mandatário, de acordo com a reportagem.

Apesar das movimentações e dos rumores crescentes sobre um possível plano de fuga, Jair Bolsonaro negou publicamente qualquer intenção de deixar o país.

Fonte: Brasil 247 com informações do G1

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