segunda-feira, 17 de março de 2025

Matemática em foco: governo busca soluções para reverter baixo desempenho dos alunos

Consulta pública e iniciativas inovadoras visam transformar o ensino da disciplina nas escolas brasileiras

Estudante em sala de aula (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil/Arquivo)

O governo federal lança nesta segunda-feira (17) uma consulta pública destinada a professores de matemática do ensino fundamental e médio, com o objetivo de identificar boas práticas pedagógicas e melhorar o ensino da disciplina no país. A iniciativa faz parte do programa Compromisso Nacional Toda Matemática, desenvolvido pelo Ministério da Educação (MEC), e busca enfrentar um dos maiores desafios da educação básica no Brasil: o fraco desempenho dos estudantes na área.

De acordo com a Folha de S. Paulo, o Brasil figura entre os piores do mundo em matemática, conforme evidenciado pelo TIMSS 2023 (Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciências). Na edição mais recente do exame, o desempenho dos alunos brasileiros do 4º ano só superou o de Marrocos, Kuait e África do Sul. Já no 8º ano, o país ficou na última colocação, empatado com Marrocos.

O Compromisso Nacional Toda Matemática visa dar ao ensino da disciplina a mesma importância que já foi conferida à alfabetização, por meio do programa Criança Alfabetizada, lançado em 2023. A estratégia do governo inclui metas de aprendizado, incentivo à troca de metodologias inovadoras entre docentes e premiação de projetos bem-sucedidos. Desde o início de 2024, o MEC já promoveu webinários, lançou um guia para inovação no ensino da matemática e criou o Clube de Letramento Matemático, que estimula atividades interdisciplinares e coletivas para engajar os alunos.

Uma das ações que se destacam dentro desse contexto é um edital aberto em outubro de 2024 pelo Itaú Social, em parceria com o MEC, que premiou 18 projetos de professores do ensino fundamental 2. Os projetos inovadores incluem a utilização da dança para ensinar geometria, culinária quilombola para abordar frações e robótica com materiais reciclados para associar a matemática à sustentabilidade. Cada professor premiado recebeu até R$ 80 mil para expandir sua iniciativa.

Para dar continuidade ao projeto, será formada uma rede colaborativa com os quase 1,4 mil professores inscritos no edital, permitindo a troca de experiências. Além disso, está prevista a abertura de um novo edital voltado ao ensino infantil.

O desafio do ensino de matemática no Brasil é refletido nos dados preocupantes da educação básica: apenas 5% dos alunos da rede pública concluem o ensino médio com aprendizado adequado na disciplina. "É uma desigualdade que reverbera no horizonte de oportunidades que essas pessoas terão. E estudos mostram que isso também tem um impacto negativo para o crescimento do PIB [Produto Interno Bruto] no país", afirmou Patricia Mota Guedes, superintendente do Itaú Social, à Folha.

Para reverter esse cenário, o governo federal pretende investir na formação continuada de professores, além de estabelecer parcerias com universidades, estados e municípios. A ideia é que a iniciativa se torne uma política de Estado, garantindo sua continuidade independentemente de mudanças na gestão governamental. Segundo Katia Smole, diretora do Instituto Reúna e especialista em formação de professores de matemática, "a ideia é que esse programa se torne não uma política de governo, mas de Estado, que possa perdurar, como é o caso do pacto pela alfabetização".

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), vinculado ao MEC, também está envolvido na iniciativa e busca desenvolver métodos mais eficientes de avaliação do aprendizado matemático. A expectativa é que os primeiros avanços possam ser observados no Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) de 2027.

Diante do baixo desempenho dos estudantes brasileiros na disciplina, o governo aposta na colaboração entre professores, pesquisadores e gestores para encontrar soluções eficazes.

Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo

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