Jurista e vereadora do PT defende prisão preventiva de Bolsonaro e afirma que extrema direita pauta a política com base em mentiras
Em entrevista ao programa Bom Dia 247, a jurista, professora de Direito Processual e vereadora do PT em Recife, Liana Cirne Lins, defendeu a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo ela, Bolsonaro segue promovendo ataques às instituições democráticas e incitando seus apoiadores a atos golpistas, o que configuraria, segundo o Código de Processo Penal, fundamentos suficientes para a medida cautelar.
“Eu acho que sim. Tanto que eu estou tão convencida disso que eu fiz um pedido de prisão preventiva dele que agora está com o procurador-geral da República, por entender que ele reitera os fatos delituosos”, afirmou.
Na avaliação de Liana Cirne, Bolsonaro permanece usando a mesma estratégia adotada antes dos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023: “Ele continua incitando os seus apoiadores contra o Judiciário, contra as instituições da República e contra as instituições democráticas. Ele continua usando a mesma estratégia de disseminar fake news, de incitar sua base de apoiadores para uma intervenção militar, que é o eufemismo de golpe de Estado.”
Ela também observou que, mesmo após os episódios de janeiro, manifestações em apoio ao ex-presidente continuam convocando a quebra da ordem institucional: “As pessoas que estavam no dia 16 de março lá em Copacabana estavam pedindo intervenção militar. Elas continuam e elas continuam depondo, dizendo que estão ali pro que der e vier.”
Ao comentar o andamento do julgamento dos envolvidos nos atos golpistas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a vereadora elogiou o voto do ministro Alexandre de Moraes e destacou a importância de sua metodologia.
“O voto do ministro Alexandre de Moraes foi impecável”, disse. “Ele fez alusão a todas as teses das defesas das oito defesas. Foi muito didático no seu voto, mostrou um vídeo expondo toda a violência do 8 de janeiro e disse uma frase bastante marcante: ‘Não se vê Bíblia e não se vê batom nessas imagens’ — que eram imagens de violência, de brutalidade contra os policiais e contra o patrimônio público.”
Para Liana, esse voto evidencia que os ataques à Praça dos Três Poderes foram parte de um plano mais amplo: “Fica muito evidenciado que havia realmente o que estava em curso: uma tentativa de golpe. A segunda etapa seria justamente se tivesse sido determinada uma GLO [Garantia da Lei e da Ordem], que era toda a intenção daquela violência.”
Ela defendeu que os depoimentos de autoridades militares como o general Freire Gomes e o brigadeiro Batista Júnior, que se recusaram a aderir ao plano golpista, serão determinantes no processo penal. “As provas mais importantes desta ação penal serão os depoimentos testemunhais de Freire Gomes e de Batista Júnior. Me parece que, se houver possibilidade de absolvição de algum dos réus, será por esse depoimento.”
Sobre a repercussão da pena de 14 anos imposta à manifestante identificada como “Débora do Batom”, Liana Cirne rebateu as críticas da direita e afirmou não haver espaço para acordos penais no caso.
“A Débora do Batom não foi condenada por causa do batom. Ela foi condenada a 14 anos de prisão por compor uma organização criminosa armada, por tentar dar um golpe de Estado e por tentar abolir violentamente o Estado Democrático de Direito. Essa foi a condenação dela”, disse.
A jurista afirmou que recuos diante das ofensivas da extrema direita apenas enfraquecem o enfrentamento ao discurso golpista: “Acho muito ruim quando a gente recua. E acho que se a gente recuar nessa vez, a gente vai recuar em todas as vezes que a extrema direita conseguir pautar a opinião pública.”
Por fim, Liana Cirne alertou para o papel das fake news na estratégia política da oposição bolsonarista: “A extrema direita é muito sábia em pautar a política. E ela pauta com fake news. Ela prescinde dos fatos. Ela não depende dos fatos. Ela cria narrativas com base em mentiras e começa essas ofensivas com base em mentiras.” Assista:
Fonte: Brasil 247
Nenhum comentário:
Postar um comentário