segunda-feira, 3 de março de 2025

Drama sobre trabalhadora sexual, Anora domina o Oscar com cinco prêmios, incluindo melhor filme

"Anora" contra a história de uma trabalhadora sexual de Nova York que vê sua vida mudar ao se casar impulsivamente com um cliente russo milionário

Sean Baker ao lado de Mikey Madison após "Anora" ganhar o Oscar de Melhor Filme (Foto: Reuters/Carlos Barria)

Reuters - "Anora", a história de uma trabalhadora sexual de Nova York que vê sua vida mudar ao se casar impulsivamente com um cliente russo milionário, conquistou cinco prêmios no Oscar no domingo, incluindo o cobiçado prêmio de melhor filme.

Além da principal estatueta da noite, Sean Baker venceu nas categorias de melhor diretor, roteiro original e montagem, igualando o recorde de maior número de Oscars conquistados por um indivíduo em um único ano. O feito havia sido alcançado apenas por Walt Disney, que venceu em quatro categorias distintas em 1954.

A protagonista do filme, Mikey Madison, de 25 anos, levou o prêmio de melhor atriz.

Produzido com um orçamento de apenas US$ 6 milhões – um valor modesto pelos padrões de Hollywood –, Anora despontou como o grande vencedor de uma disputa imprevisível, superando concorrentes como o thriller papal Conclave, o drama sobre imigrantes judeus The Brutalist e o musical blockbuster Wicked.

"Se você está tentando fazer filmes independentes, por favor, continue. Precisamos de mais. Este é um exemplo de que vale a pena", declarou Baker, cineasta conhecido por abordar histórias de estrelas da indústria pornô, prostitutas transgênero e outros personagens marginalizados.

Madison surpreendeu ao desbancar Demi Moore, que era a favorita ao prêmio de melhor atriz por seu trabalho em The Substance.

"Cresci em Los Angeles, mas Hollywood sempre pareceu tão distante para mim", disse Madison no palco. "Estar aqui hoje, nesta sala, é realmente incrível."

Ela aproveitou seu discurso para agradecer e homenagear a comunidade de trabalhadores sexuais. "Continuarei sendo uma aliada."

Distribuído pela empresa independente Neon, Anora arrecadou US$ 40 milhões nas bilheteiras mundiais. Para efeito de comparação, Wicked já acumulou US$ 728 milhões.

◉ Adrien Brody leva segundo Oscar de melhor ator - Adrien Brody conquistou seu segundo Oscar de melhor ator pelo papel de um arquiteto judeu imigrante que busca realizar o sonho americano em The Brutalist. O ator nova-iorquino, de 51 anos, já havia vencido em 2003 por O Pianista, quando se tornou o mais jovem vencedor da categoria, aos 29 anos.

"Atuar é uma profissão muito frágil", disse Brody em seu discurso. "Não importa onde você esteja na carreira, tudo pode desaparecer. O que torna esse momento especial é a consciência disso."

Zoe Saldaña foi eleita melhor atriz coadjuvante por sua atuação como a braço direito de um chefão do narcotráfico mexicano em Emilia Perez, musical de língua espanhola lançado pela Netflix.

O filme também venceu na categoria de melhor canção original com El Mal e, no início do ano, era considerado um dos favoritos a melhor filme. No entanto, suas chances diminuíram quando vieram à tona postagens controversas nas redes sociais da atriz Karla Sofía Gascón, que se tornou a primeira pessoa abertamente trans indicada ao Oscar de atuação.

Após desaparecer dos eventos da temporada de premiações, Gascón compareceu à cerimônia do Oscar no domingo.

Kieran Culkin foi premiado como melhor ator coadjuvante por seu papel em A Real Pain, interpretando um dos primos que viajam para a Polônia em busca de suas raízes familiares.

Em seu discurso, Culkin agradeceu à esposa, Jazz Charton, mãe de seus dois filhos, e mencionou que recentemente lhe disse que queria ter quatro filhos no total. Ela brincou que só aceitaria caso ele ganhasse um Oscar.

"Vamos começar a trabalhar nesses filhos!", disse Culkin animado no palco.

Os vencedores da cobiçada estatueta dourada são escolhidos pelos cerca de 11 mil membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, entre atores, produtores, diretores e outros profissionais do setor.

◉ Documentário sobre conflito entre Israel e Palestina é premiado - O documentário No Other Land, que retrata a resistência palestina na Cisjordânia contra soldados israelenses que demoliam casas e expulsavam moradores para abrir espaço para um campo de treinamento militar, venceu o Oscar de melhor documentário.

O prêmio de melhor animação foi para o filme independente Flow, que entrou para a história como a primeira produção da Letônia a vencer um Oscar.

Já o Brasil levou a estatueta de melhor filme internacional com Ainda Estou Aqui.

A cerimônia foi aberta com um número musical de Ariana Grande e Cynthia Erivo, que apresentaram um medley inspirado em O Mágico de Oz, incluindo a poderosa Defying Gravity, do filme Wicked.

Entre os looks da noite, destacaram-se vestidos brilhantes e estruturados usados por Ariana Grande, Zoe Saldaña e Selena Gomez. Já Timothée Chalamet optou por um smoking amarelo-canário, o que rendeu uma piada do apresentador da cerimônia, o comediante Conan O'Brien.

"Você com certeza não será atropelado de bicicleta esta noite", brincou O'Brien.

Durante a premiação, O'Brien também trouxe ao palco um grupo de bombeiros de Los Angeles para agradecer pelo trabalho durante os incêndios de janeiro. Em tom descontraído, o capitão do Corpo de Bombeiros de Pasadena, Jodi Slicker, arrancou risos ao dizer:

"É ótimo estar aqui com Conan. Normalmente, quando ele liga para nós, é porque ficou preso em uma árvore."

Fonte: Brasil 247

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