segunda-feira, 3 de março de 2025

Dilma se emociona com Oscar e lembra que Ainda Estou Aqui presta tributo à civilização

Filme foi possível graças à Comissão Nacional da Verdade, instituída em seu governo

      Dilma Rousseff (Foto: Antonio Augusto/Secom/TSE)

A ex-presidenta Dilma Rousseff celebrou a conquista histórica do filme Ainda Estou Aqui no Oscar de Melhor Filme Internacional e destacou a importância da obra como um tributo à memória e à democracia. Em uma série de publicações nas redes sociais, Dilma parabenizou a equipe do longa e relembrou que o filme só foi possível graças ao trabalho da Comissão Nacional da Verdade, criada durante seu governo para investigar os crimes cometidos pela ditadura militar.

"O Oscar de Melhor Filme Internacional para Ainda Estou Aqui é um reconhecimento da força da cultura brasileira. Uma homenagem merecida ao nosso cinema, ao diretor Walter Salles, às atrizes Fernanda Torres e Fernanda Montenegro, ao ator Selton Mello e a toda a equipe do filme", escreveu Dilma.

Em outra publicação, ela ressaltou o impacto histórico da premiação. "Nossa emoção é ainda maior porque a premiação celebra uma obra que presta tributo à civilização, à humanidade e aos brasileiros que sofreram com a extinção das liberdades democráticas, lutando contra a ditadura militar", afirmou.

◉ O papel da Comissão Nacional da Verdade

Dilma Rousseff destacou que a história de Rubens Paiva e da luta de Eunice Paiva pela justiça puderam ser contadas com profundidade graças ao trabalho da Comissão Nacional da Verdade (CNV). Criada em 2011, a CNV teve a missão de investigar as graves violações de direitos humanos cometidas pelo Estado brasileiro entre 1946 e 1988, com ênfase nos crimes praticados durante a ditadura militar.

"É motivo de orgulho saber que a história de Rubens Paiva e de sua família — especialmente a busca incansável de Eunice Paiva pela verdade e pela justiça — pôde ser contada graças ao trabalho da Comissão Nacional da Verdade, que criei durante meu governo para investigar os crimes da ditadura", escreveu a ex-presidenta.

O relatório final da CNV, publicado em 2014, apontou a responsabilidade do Estado brasileiro em centenas de casos de assassinatos e desaparecimentos forçados, incluindo a execução de Rubens Paiva. O documento trouxe à tona documentos, testemunhos e provas que desmentiram as versões oficiais divulgadas pelo regime militar e serviram como base para narrativas como a de Ainda Estou Aqui.

◉ A conquista histórica do cinema brasileiro

A premiação de Ainda Estou Aqui marca a primeira vitória do Brasil na categoria de Melhor Filme Internacional. O longa, dirigido por Walter Salles e baseado no livro de Marcelo Rubens Paiva, retrata a luta de Eunice Paiva, advogada e defensora dos direitos humanos, após o desaparecimento e assassinato de seu marido, Rubens Paiva, um dos casos mais emblemáticos da repressão militar.

Ao receber a estatueta, Walter Salles dedicou o prêmio à protagonista da história. "Uma honra tão grande. Isso vai para uma mulher que teve uma perda tão grande. Esse prêmio vai para ela, Eunice Paiva, e para as mulheres extraordinárias que deram vida a ela, Fernanda Torres e Fernanda Montenegro", declarou.

Antes desta conquista, o Brasil já havia sido indicado ao Oscar de Melhor Filme Internacional com O Pagador de Promessas (1963), O Quatrilho (1996), O Que É Isso, Companheiro? (1998) e Central do Brasil (1999), mas nunca havia vencido a categoria.

◉ "Uma vitória contra o fascismo"

Dilma encerrou suas publicações ressaltando a relevância da obra para o momento atual. "Trata-se de uma vitória internacional histórica, que honra a todos os que se foram, assim como reverencia aqueles que ainda estão aqui, defendendo a democracia e combatendo o fascismo", escreveu.

A ex-presidenta, que foi presa e torturada durante a ditadura militar, sempre defendeu a importância da memória histórica para evitar que crimes cometidos pelo regime sejam esquecidos. Para ela, Ainda Estou Aqui reforça o papel do cinema como ferramenta de resistência e celebração da democracia.

"Meus aplausos a todos que tornaram esse filme possível", concluiu Dilma, unindo-se às celebrações pela vitória do Brasil no Oscar e pelo reconhecimento da luta por justiça e verdade.

Fonte: Brasil 247

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