Banco dos BRICS retomou captações e operações de crédito, recebendo o reconhecimento da maior agência de risco japonesa
A presidenta do NDB, Dilmar Rousseff, concedeu entrevista ao jornalista Leonardo Attuch, na sede do banco, em Xangai, China (Foto: Brasil 247)
Nos dois anos de sua gestão à frente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), recentemente renovada para um segundo mandato, a ex-presidenta da República Dilma Rousseff conseguiu reverter a situação caótica herdada de seu antecessor, Marcos Troyjo. Quando assumiu o comando da instituição em março de 2023, Dilma encontrou um banco sem condições de emprestar, com severos problemas de liquidez e sem um plano eficiente de governança. Em pouco tempo, sua administração restabeleceu a capacidade do NDB de captar recursos e financiar projetos essenciais para os países-membros do BRICS e novas nações parceiras.
Durante a gestão de Marcos Troyjo, o NDB passou 15 meses sem captar recursos em dólares americanos, de dezembro de 2021 até março de 2023. Esse hiato privou o banco da possibilidade de se beneficiar de taxas de juros historicamente baixas nos Estados Unidos e na Europa. Além disso, o programa de captação no mercado chinês via emissão de Panda Bonds ficou vencido por sete meses, comprometendo o fluxo financeiro do NDB e agravando o aperto de liquidez.
No quesito governança, o banco carecia até mesmo de um comitê executivo onde a Diretoria pudesse discutir estratégias e tomar decisões conjuntas. Essa lacuna foi resolvida com a criação do Comitê Executivo em abril de 2023. Também houve investimentos em Tecnologia da Informação e Cibersegurança para modernizar os processos do banco.
◉ Rebaixamento do rating e posterior reconhecimento dos progressos da gestão Dilma
A ausência de captação obrigou o banco a suspender desembolsos para projetos dos países-membros. Esse cenário resultou no rebaixamento do rating do NDB pela agência Fitch, que em julho de 2022 reduziu a classificação do banco de AA+ para AA, alegando dificuldades de acesso aos mercados internacionais. Com a recuperação da credibilidade e o retorno às captações, a Fitch reafirmou o rating AA em maio de 2023 e alterou a perspectiva de negativa para estável. Em março de 2025, a agência japonesa JCR divulgou o rating AAA, destacando a governança reforçada e a solidez do banco.
Desde a posse de Dilma, o NDB voltou ao mercado 40 vezes, captando cerca de US$ 14 bilhões em diversas moedas. Entre os principais marcos da recuperação financeira, destacam-se:
● Retorno ao mercado público de dólares com captações de US$ 1,25 bilhão em março de 2023 e US$ 1,2 bilhão em novembro de 2024;
● Renovação do programa de Panda Bonds na China, com quatro emissões totalizando US$ 4 bilhões;
● Expansão da atuação nos mercados de funding da Ásia e Oriente Médio.
Com essas medidas, o NDB superou a crise de liquidez e hoje opera com uma tesouraria ativa, focada em garantir a solidez da instituição.
◉ Apoio ao Brasil e novos projetos
Antes da posse de Dilma, o Brasil representava apenas 12% dos desembolsos do NDB. Esse percentual subiu para 18% até o final de 2024, alinhando-se à participação acionária do país no banco (18,98%). O aumento representou um incremento de US$ 1,97 bilhão.
Entre os projetos financiados no Brasil, destacam-se:
● Hospital Inteligente – Parceria entre o NDB, a USP e os Ministérios da Saúde e de Ciência e Tecnologia para aprimorar diagnósticos com inteligência artificial. "Vai garantir mais precisão nos diagnósticos e reduzir custos", disse Dilma.
● Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) – US$ 200 milhões para investimentos em pequenos municípios com foco em desenvolvimento sustentável;
● Estado da Paraíba – US$ 61 milhões para infraestrutura de abastecimento de água em 16 municípios do Agreste e Sertão;
● CPFL Energia – US$ 230 milhões para modernização da infraestrutura elétrica.
◉ Expansão internacional e perspectivas futuras
Com Dilma na presidência, o NDB continua ampliando sua base de membros. Em 2024, a Argélia ingressou no banco, e o Uruguai está na fase final de adesão. Outros 17 países manifestaram interesse.
Em entrevista ao editor-chefe do Brasil 247, Leonardo Attuch, na sede do NDB em Xangai, Dilma destacou o papel do BRICS na multipolaridade global. "O BRICS é um fator de estabilidade em tempos de incerteza", afirmou. Para Dilma, os BRICS desempenham um papel essencial na construção de um mundo mais multipolar. "O parâmetro das relações internacionais não pode ser a força. Tem que ser o respeito entre os países", concluiu.
Com a liquidez restabelecida, governança aprimorada e amplificação das operações, o NDB consolida-se como um dos mais sólidos bancos de desenvolvimento do mundo, retomando operações de crédito soberano para países e também para empresas. Confira sua entrevista:
Fonte: Brasil 247
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